Comunicar significa transmitir e receber mensagens. No entanto, a comunicação jamais poderá ser compreendida como um fenómeno isolado, pois ela somente será efectiva, se outros elementos estiverem presentes nessa dinâmica.
Conteúdos
Elementos da comunicação
Em um ato comunicativo, busca-se transmitir uma mensagem. A transmissão dessa mensagem depende dos seguintes elementos da comunicação: canal, código, referente ou contexto, emissor (falante ou remetente), mensagem e receptor (ouvinte ou destinatário).
Elementos da comunicação
Emissor
É aquele que emite, ou seja, que pronuncia ou envia uma mensagem. A pessoa que pretende transmitir a mensagem com a intenção de transmitir informações e ideias a outras pessoas é conhecida também como remetente ou comunicador.
Receptor
É aquele que recebe a mensagem enviada pelo emissor. Como a mensagem é destinada a ele, também é chamado de destinatário, denominação comum em envelopes de correios, ou ouvinte, no caso do envio da mensagem via oral.
Mensagem
É o conteúdo que é expedido, enviado. A ideia de contexto está ligada ao ambiente linguístico onde se acha a frase, à situação social em que ela ocorre e a experiência do autor e do leitor em relação a determinado assunto, todos estes são elementos formadores do contexto, mas a acepção de Jakobson parece estar bastante ligada à ideia de referencial, que é “o elemento do mundo extralinguístico, real ou imaginário, ao qual remete o signo linguístico, num determinado contexto sociocultural e de discurso”. Ora, um texto, assim como os signos que o compõem, é uma composição que remete para algo que está para além dele, e este “para além” é, o que aqui é denominado de contexto.
Código
O modo como a mensagem é transmitido (escrita, fala, gestos, etc.). Significa dizer que, durante a comunicação, a mensagem parte de um remetente e chega a um receptor que, comummente, também se torna remetente ao ter uma atitude responsivo em relação à mensagem que recebeu. Para que a comunicação seja eficaz, além disso, ela deve acontecer em uma mesma língua (ou linguagem), pois não haveria comunicação clara e perfeita caso o remetente usasse o Português e o receptor, o Inglês ou o Braile, assim é que ambos devem ter por base um código comum.
Além do mais, é indispensável que haja um canal em funcionamento, isto é, um meio, um espaço físico ou electrónico onde possa haver a conexão psicológica entre os dois pólos comunicativos: a co-presença entre duas pessoas, o telefone, a sala de aula, a internet, etc. Enfim, as palavras de uma língua ou os gestos de uma linguagem devem dizer respeito a um contexto.
Canal
A pessoa interessada em se comunicar deve escolher o canal para enviar as informações, ideias etc. necessárias. Essas informações são transmitidas ao receptor por meio de certos canais que podem ser formais ou informais. É a fonte de transmissão da mensagem (revista, livro, jornal, rádio, TV, ar).
Contexto ou referente
A ideia de contexto está ligada ao ambiente linguístico onde se acha a frase, à situação social em que ela ocorre e a experiência do autor e do leitor em relação a determinado assunto, todos estes são elementos formadores do contexto, mas a acepção de Jakobson parece estar bastante ligada à ideia de referencial, que é “o elemento do mundo extralinguístico, real ou imaginário, ao qual remete o signo linguístico, num determinado contexto sociocultural e de discurso”. Ora, um texto, assim como os signos que o compõem, é uma composição que remete para algo que está para além dele, e este “para além” é, o que aqui é denominado de contexto.
As Funções da Linguagem
Baseado no processo da comunicação, Jakobson proporciona um discernimento sobre o funcionamento da língua nos textos. Assim, se a função primordial da linguagem é a comunicação, as línguas, para cumprirem tal missão, se desdobram em diferentes formas de comunicação. Por exemplo: ora usa-se a língua para referenciar acontecimentos reais, ora usa-se para explicar o que quer-se dizer com nossas palavras, ora é usada para estabelecer um contacto, ora revelar emoções e, por fim, através das palavras tenta-se influenciar os interlocutores. Deste modo, a língua é algo maleável em sua função de comunicar, daí ela ter, a partir desta, diferentes subfunções de acordo com cada um dos diferentes elementos do processo comunicativo.
A função Emotiva ou Expressiva
Revela a atitude do próprio emissor, falante ou escritor, em relação ao conteúdo da mensagem quando ele coloca ou simula emoção em suas palavras. Interjeições, ou falas enfáticas, opiniões, avaliações são componentes que fazem notar a presença emocional do emissor no texto, assim como as marcas de primeira pessoa do discurso: eu, me, nós.
Tal função, por isso, tende a predominar em alguns géneros linguísticos como a carta de amor, a biografia, nos depoimentos de pessoas acusadas judicialmente, em que falamos de nós mesmos. Quando diz-se que, “estamos muito muito bem”, como eu gostaria de estar aí do teu lado para podermos conversar… você é um grande amigo mesmo” então, nos colocamos emocionalmente na superfície do texto e, assim, revelando na linguagem, real ou simuladamente, aquilo que sentimos.
Principais características
- Verbos e pronomes em primeira pessoa;
- Presença comum de ponto de exclamação e interjeições;
- Expressão de estados de alma do emissor (subjectividade e pessoalidade);
- Presença predominante em textos líricos, autobiografias, depoimentos, memórias.
Conativa
Também denominada Apelativa ou Imperativa, esta função existe para que possamos chamar a atenção do receptor para o que estamos dizendo, portanto é quando a mensagem do texto está centrada no interlocutor. O vocativo e o imperativo são algumas das marcas mais evidentes desta função. Ela é bastante usada nos textos persuasórios: na propaganda e no discurso jurídico quando precisam de convencer juízes e júri, estimulando-os a adoptar as nossas teses. Nas propagandas quase sempre aparecessem expressões do tipo: “Nós somos o partido do povo..”. “Temos os preços mais baixos e de confiança…” “Compare…”, “Acredite…”, “Meu querido eleitor.
As principais características:
- Objectividade- linguagem directa, precisa, denotativa;
- Clareza nas ideias;
- Finalidade é traduzir a realidade, tal como ela é;
- Presença predominante em textos informativos, jornalísticos, textos didácticos, científicos; mapas, gráficos, legendas, recursos representativos.
A Função Poética
É aquela em que o emissor da mensagem se preocupa em criá-la para produzir um efeito estético. Sendo assim, aquele que produz a mensagem se importa, sobretudo, com a escolha e a combinação das palavras, não se importando tanto com fazer referência directa a algo real. Assim, no mais das vezes a relação dos signos com os objectos concretos ou com os fatos é abandonada e faz-se menção a um contexto imaginário promovido pelo próprio texto poético. A orientação da mensagem é para si mesma e não para o mundo externo e, por esta razão, o artista não se preocupa tanto com o que dizer, mas sim com a maneira de dizer.
Exemplo: O amor é um grande laço,/ Um passo para uma armadilha,/ Um lobo correndo em círculo. Assim, apela-se para a capacidade de imaginar do leitor. É nesse sentido de coisas que Jakobson demonstra que a função poética muitas vezes é usada fora do contexto artístico, isto é, sempre que nos preocupamos e de fato conseguimos um efeito estético.
Características
- Ocorre quando a própria mensagem é posta em destaque, ou seja, chama-se a atenção para o modo como foi organizada a mensagem;
- Centralizada na mensagem, revelando recursos imaginativos criados pelo emissor. Afetiva, sugestiva, conotativa, ela é metafórica.
- Valorizam-se as palavras, suas combinações;
- Exemplos de textos poéticos: além dos provérbios e letras de música, conforme citado, encontramos esse tipo de função em textos escritos em prosa, em slogans, ditos populares. Logo, não se trata de uma função exclusivamente encontrada em poesias.
A Função Referencial
Ao contrário da Poética, se preocupa em fazer com que a palavra indique um contexto que está para fora da mensagem, assim ela põe em foco o aspecto cognitivo da linguagem, ou seja, a usamos para tomar e dar ciência da existência de algo, de um contexto, por esta razão é também chamada de Cognitiva ou Denotativa. Desta feita, ela é bastante usada nos textos que se preocupam em fazer referência ao mundo real: os textos científicos, os textos jornalísticos. Quando digo que “ o domingo foi bonito, com bastante sol”, refere-se a um contexto real, conforme a minha interpretação, pois outra pessoa pode não gostar de sol, ou ter ficado o dia inteiro trancada em uma sala sem poder aproveitá-lo. Pode-se também fazer referência a contextos imaginários: O país das Maravilhas era muito interessante, pois os animais falavam”.
Características
- Objectividade- linguagem directa, precisa, denotativa;
- Clareza nas ideias;
- Finalidade é traduzir a realidade, tal como ela é;
- Presença predominante em textos informativos, jornalísticos, textos didácticos, científicos; mapas, gráficos, legendas, recursos representativos.
Função Fática ou de Contacto
Serve para estabelecer prolongar ou interromper a comunicação. Assim, ela estabelece, mantém ou encerra o canal de comunicação. Quando dizemos: “Bom dia”, “Alô, como vai”, “Você está me ouvindo”, estamos actuando no interior da mensagem para ver se o canal está aberto e se a comunicação vai prosseguir. Isto caracteriza a função fática da linguagem.
A função Metalinguística
Serve para esclarecer os termos de nossa mensagem. “Meta” que dizer “acima” ou “sobre”, a metalinguagem é uma linguagem que fala sobre a linguagem, explicando a sua significação. É muito usada em gramáticas, em livros técnicos, em aulas e palestras, pois ali a língua é usada para explicar a própria língua e o texto é um meta texto.
Quando a gramática explica que “advérbio é uma palavra invariável que funciona como um modificador de um verbo (dormir pouco), um adjectivo (muito bom), um outro advérbio (deveras astuciosamente), uma frase (felizmente ele chegou), exprimindo circunstância de tempo, modo, lugar, qualidade, causa, intensidade, oposição, afirmação, negação, dúvida, aprovação etc..”
Quando um livro jurídico ou um professor de Direito explica: “O que é o habeas corpus? (O Artigo 5 da Constituição da República – direito de ir e vir) É o meio jurídico utilizado sempre que o indivíduo sofrer ou se achar em iminente perigo de sofrer, por abuso de poder ou ilegalidade, restrição à sua liberdade de locomoção, ou seja, se achar preso ou em risco de ser preso.”
Em todos estes casos, usa-se as palavras para explicar o sentido de outras palavras, daí a função metalinguística.
O que se nota, enfim, é que a função comunicativa da linguagem ocorre por conta de um desdobramento da mesma em várias funções, conforme os seres humanos necessitem fazê-lo em diferentes contextos. Além disso, adverte Jakobson:
“dificilmente lograríamos, contudo, encontrar mensagens verbais que preenchessem uma única função. A diversidade reside não no monopólio de alguma dessas funções, mas numa diferente ordem hierárquica de funções. A estrutura verbal depende basicamente da função predominante.”
Significa dizer que é comum os textos reunirem diferentes funções. Já o demonstramos aliás ao citar o poema Marília de Dirceu onde há a predominância da função poética, dado que o texto é voltado para uma realidade ficcional, mas há ali também uma presença forte da função emotiva e da conativa, dado que o poeta fala o tempo todo de suas possuem com o fim de convencer a amada de sua riqueza. O uso do vocativo e do pronome pessoal em “Graças, Marília bela, graças a minha Estrela, nos dá uma ideia, respectivamente da conectividade e da emotividade.
Em suma, para um estudo introdutório da linguagem, é importante notar como a linguagem se manifesta de maneira maleável nos textos.
Leia Também Sobre:
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Bibliografia
JAKOBSON, Roman. 1960. Linguística e poética. In: _____ . Linguística e comunicação. São Paulo: Cultrix, 1991;
AZEVEDO, Álvares de. Lira dos vinte anos. Rio de Janeiro: Garnier, 1994. (Fragmento);
BARROS, Diana Pessoa de. A comunicação humana. In: FIORIN, José Luiz. (org.) et al. Introdução à Linguística. 6.ed. 7ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2019;
ANTUNES, I. Aula de português: encontro & interacção. São Paulo: Parábola Editorial, 2003.