Sópra-Educação
  • Agro-pecuária
  • Biologia
  • Física
  • Geografia
  • História
  • Pedagogia
  • Química
  • Trabalhos
No Result
View All Result
Plugin Install : Cart Icon need WooCommerce plugin to be installed.
Sópra-Educação
  • Agro-pecuária
  • Biologia
  • Física
  • Geografia
  • História
  • Pedagogia
  • Química
  • Trabalhos
No Result
View All Result
Plugin Install : Cart Icon need WooCommerce plugin to be installed.
Sópra-Educação
No Result
View All Result
Home Meic

Variação linguística de Moçambique

Benney Muhacha by Benney Muhacha
Dezembro 12, 2020
in Meic
0 0
0

Conteúdos

Situação linguística de Moçambique antes e depois da colonização

Moçambique é um país africano, localizado na África Austral, que tem pouco mais de vinte milhões de habitantes, socioculturalmente divididos em várias etnias, cada uma delas caracterizada por uma diversidade linguística extensa. Não é conveniente, nesse contexto, discutir a situação linguística de Moçambique sem fazer alusão à situação linguística em nível continental.

Em Moçambique, fala-se kimwani, shimaconde, ciyawo, emakhuwa, echuabu, cinyanja, cinyungwe, cisena, cibalke, cimanyika, cindau, ciwute, gitonga, citshwa, cicopi, xichangana, xirhonga (COSTA, 2006) e outras línguas cuja padronização ortográfica não foi realizada, mas que são faladas por grupos populacionais espalhados pelo país e localizados geograficamente em regiões rurais e isoladas.

Existem línguas fronteiriças faladas em Moçambique e em países vizinhos tais como o nindi (da Tanzânia), o nsenga (da Zâmbia), o shona e o kunda (do Zimbábue).

Em Moçambique, também se falam algumas línguas de origem asiática vindas com emigrantes e povos que se instalaram nas principais capitais de Moçambique e desenvolveram actividades comerciais. São elas: língua gujarati, língua memane, língua hindu, língua urdo e língua árabe.

A variação sociolinguística em Moçambique

As variações em língua portuguesa em Moçambique abrangem as dimensões, que incluem aspectos fonético-fonológicos, morfo-sintácticos, semântico-pragmáticos e retóricos. Apresentamos, em seguida, alguns exemplos dessa variação, que marcam o estado de ‘nativização’ do português em Moçambique. Um factor evidente que dá um aspecto único ao português falado em Moçambique é a variação do sotaque que, muitas vezes, surge em conexão com uma transferência de propriedades das línguas maternas moçambicanas.

 Entre os traços que mostram este tipo de transferências incluem-se os seguintes:

Ensurdecimento das oclusivas sonoras, típicas dos falantes nativos do emakhuwa.

O sistema fonológico do emakhuwa só contém oclusivas surdas e, por isso, não contempla uma distinção fonológica entre oclusivas sonoras e surdas, como o português faz.

Ex. (PE)/bola/…(PM) /bola/….(emakhuwa) /pola/

(PE) /burro/…(PM) /burro/….(emakhuwa) /purro/

Traços lexicais: surgem através de empréstimos lexicais das línguas maternas no português falado em algumas zonas de Moçambique:

Ex. Dumba-nengue, palavra de origem ronga, língua moçambicana, que literalmente significa ‘confie nas suas pernas’, uma expressão usada em referência a um tipo de mercado informal, na zona sul de Moçambique. A palavra é uma combinação de «kudumba», ‘confiar’ e «nengue», ‘pé/perna’. Indica o fato de que os mercados informais são ilegais e, por isso, os vendedores têm que fugir constantemente da polícia, confiando nas suas pernas.

Ex. Tchova-xitaduma, que literalmente significa ‘vá empurrando, que vai pegar’, usada em referência a um tipo de carroça que é empurrada por um homem. A palavra é uma combinação de «ku-tchova», ‘empurrar’, e «ku-duma», ‘o pegar de um motor’ (COSTA, 2006).

Ex. Tchungamoio, que literalmente significa ‘aperta coração’ isto é, palavra usada no

PM para significar mercado informal, mercado repleto de malfeitores, oportunistas e saqueadores de bolsas das senhoras desatentas. Esta palavra é transferida para o PM, em toda a cidade da Beira, zona centro de Moçambique.

Ex. Mukhero, que significa ‘contrabando’ – ‘ fuga ao fisco na importação e exportação de mercadorias. Trata-se de um mercado informal, realizado nas fronteiras dos países vizinhos de Moçambique. Esta palavra entrou no PM por via da língua changana. O termo mukhero designa uma prática exercida pelos residentes das vilas fronteiriças e consiste no transporte de mercadorias em pequenas quantidades, tantas vezes quantas as necessárias de e para cada um dos lados da fronteira com a condescendência das autoridades alfandegárias. O indivíduo que pratica o mukhero é designado de mukherista.

De um modo geral, em Moçambique, a população é bilíngue no contexto das línguas bantu moçambicanas, que são cerca de vinte, cada uma possuindo normalmente certo número de dialectos. Às vezes, existem falantes de duas línguas ou mais línguas dentro do mesmo grupo linguístico. Entretanto, para fins educativos, as comunidades são consideradas e definidas como linguisticamente homogéneas, dado que, de um modo geral, há uma língua que é o principal meio de comunicação local e, no caso de programas de educação bilíngue, é a língua usada como meio de ensino nas primeiras classes. Os contextos urbanos são linguisticamente heterogéneos devido à afluência de falantes de diversas línguas nos mesmos locais.

As línguas em Moçambique

Moçambique sendo um país multilíngue constitui um espaço fértil nos estudos linguísticos. As LBm são de tradição oral e a escrita é mais recente. Nesta parte, concentraremos as nossas atenções para enumerar as LBm faladas em cada espaço geográfico moçambicano. As línguas africanas têm grande importância para a vida das populações, pois é através destas que realizam os ritos tradicionais, que evocam os antepassados, que estabelecem trocas comerciais e sociais entre os diferentes grupos étnicos.

Algumas LBm são inteligíveis, mas outras não. Por exemplo, os falantes das línguas ronga, changana e xitswa entendem-se perfeitamente sem precisar de intérprete ou tradutor.

São línguas das zonas fronteiriças. São línguas da República da África do Sul e do Reino da Suazilândia respectivamente. Com relação ao número exacto das línguas faladas no território moçambicano ainda é um debate entre linguistas.

Acreditamos que o próximo Recenseamento Geral da População (que se realiza em 2017) nos traga dados mais actualizados. Os conceitos de dialecto, língua e variante ainda constituem impasse e problemática entre pesquisadores fato que leva debates e discussões acaloradas sobre o número das línguas. Nesta pesquisa, baseamo-nos apenas nas línguas que possuem estudos mais aprofundados e que já possuem ortografias padronizadas no 3º Seminário apresentado nos estudos de Ngunga e Faquir (2011).

A distribuição linguística classifica Moçambique como um país multilíngue e os limites político-administrativos são diferentes dos limites linguísticos.

Para além disso, cada língua identifica um grupo populacional, uma etnia. Não se pode perder de vista que cada língua representa uma cultura, uma identidade, uma forma de pensar e de entender o mundo. A interpretação dos fatos socioculturais depende da forma como essa língua expressa a realidade.

Echuwabu

A língua Echuwabu é falada nas seguintes províncias: Zambézia: Dis­tritos de Maganja da Costa, Quelimane, Namacurra, Mocuba, Mopeia, Morrumbala, Lugela, Inhassunge, Mugogoda e Milange; Sofala: Beira.

Segundo os dados do Censo populacional de 2007, o Echuwabu é fa­lado por cerca de 989.579 pessoas de cinco anos de idade ou mais.

O Echuwabu tem três variantes, a saber:

Echuwabu, falado num raio de cerca de 45 km na faixa que vai da cidade de Quelimane à localidade de Mugogoda;

Ekarungu, falado na Ilha de Inhassunge com características bem distintas à medida que se vai penetrando para o interior;

Marendje, falado nos distritos de Milange, Mocuba, Morrumbala e Lugela.

Para efeitos de padronização da escrita, a variante de referência nesta proposta continua a ser o Echuwahu falado na cidade de Quelimane e nas localidades de Maquival, Zalala, Madal e Mugogoda, uma vez que se reconhece a existência de mútua inteligibilidade entre as diversas varian­tes da língua.

Duração das vogais

A duração vocálica nesta língua é contrastiva, podendo todas as vogais sofrer alongamento. Recomenda-se que na escrita, o alongamento seja marcado dobrando-se a vogal em questão.

Tom

O tom é contrastivo, tanto a nível lexical como gramatical.

wàlá ‘semear’ vs wálà ‘acanhado’

mukudda ‘palha’ vs múkudda ‘parente de’

O estudo sobre o tom nesta língua é ainda preliminar, por isso nada poderá se determinar em relação a sua marcação ortográfica.

Segmentação de palavras

A segmentação de palavras carece de um estudo mais aprofundado. Mas, conforme a tradição da escrita nesta língua, nota-se que todos os afixos que entram na conjugação dos verbos bem como os prefixos no­minais são escritos conjuntivamente e assim continuarão a ser até que se obtenham novos dados.

Sinais de pontuação

Devem usar-se os sinais de pontuação existentes na língua portuguesa para indicar situações idênticas respeitando, contudo, as particularidades da língua, sobretudo as decorrentes das tentativas de se ser o mais fiel possível à linguagem oral (como o caso do uso do ponto de exclamação para indicar os ideofones ou partículas interjectivas).

Cinyanja

Cinyanja é falado em três províncias de Moçambique, a saber:

Niassa, nos distritos de mecanhelas, mandimba e lago;

Zambézia, no distrito de milange;

Tete, nos distritos de angónia, furancungo, macanga, zumbo, tsangano e partes de fingoé, cazula e moatize.

Além de ser falada em Moçambique, a língua nyanja é também falada nas repúblicas de Malawi e Zâmbia, onde goza do estatuto de língua “nacional” no primeiro caso e de “uma das sete línguas nacionais no segundo caso.

Variante de referência

Cinyanja tem as seguintes variantes:

Cicewa (ou Cimang’anga), falada no distrito de Macanga;

Cingoni, falada no distrito de Angónia em Tete;

Cinyanja, falada no Niassa ao longo do lago do mesmo nome, em Tete (Angónia, Tsangana e Moatize).

Tom

O tom pode ser alto ou baixo e é contrastivo tanto a nível lexical como a nível gramatical. Em textos comuns, o tom será marcado apenas nos pares mínimos em que, pelo contexto, não seja possível estabelecer a distinção de significados. Nesses casos, o tom será marcado com acento agudo sobre a sílaba portadora de tom alto e com acento grave sobre a sílaba portadora de tom baixo.

Mtèngò ‘preço’

mténgò ‘árvore’

màwélè ‘seios’

màwèlé ‘mexoeira

Sinais de pontuação

Devem usar-se os sinais de pontuação existentes na língua portuguesa para indicar situações idênticas respeitando, contudo, as particularidades da língua, sobretudo as decorrentes das tentativas de se ser o mais fiel possível à linguagem oral (como o caso do uso do ponto de exclamação para indicar os ideofones ou partículas interjectivas).

 Assim, de uma forma geral, recomenda-se o uso da seguinte pontuação:

Ponto final (.): para marcar o fim de frase;

Ponto de interrogação (?): para assinalar a pergunta (ou dúvida), mes­mo que a frase contenha outros recursos;

Ponto de exclamação (!): para exprimir admiração, ou outra emoção mais forte;

Reticências (…): para marcar a interrupção de uma frase;

Vírgula (,): para indicar uma pequena pausa.

Extinção, vitalidade, diversidade e manutenção linguísticas

Um dos conceitos básicos discutidos no contexto da diversidade lin­guística é a morte de uma língua que é o seu desaparecimento em três prismas.

uma língua morre quando o seu último falante e com ela desaparece uma maneira de olhar e organizar o mundo, espe­cífica da comunidade que a fala. Com ela desaparece também o conhe­cimento e o saber acumulado por essa comunidade durante sua história.

O desapareci­mento de uma língua tem a ver com as catástrofes naturais e ainda com a pressão simbólica que o falante pode ter. Tal facto pode ser visto como uma espécie de sobrevivência na medida em que se abandona uma língua para se preservar, muitas das vezes, a própria vida.

Entretanto, considerar apenas a morte da língua como um facto indivi­dual que se liga à morte de um indivíduo não é tão plausível como se julga, pois a língua é um meio social que nasce, cresce, desenvolve-se e morre.

Em Moçambique dificilmente se pode afirmar que uma língua desapa­receu ou que existe a extinção de línguas. No entanto, existem línguas ou variedades linguísticas que já não são utilizadas no seu quotidiano, como é o caso de Mabangwe – língua ou variedade de uma ou duas línguas (Sena ou Ndau) do distrito da Beira, Província de Sofala.

As atitudes negativas podem levar a mais rápida extinção de uma lín­gua minoritária, mas isso não quer dizer que apenas as atitudes positivas sejam suficiente para salvá-la. Com efeito, apesar de falantes das línguas minoritárias apresentarem atitudes positivas em relação à sua língua, eles podem não querer transmiti-la a seus filhos, para que eles não passem pela mesmas dificuldades de aprender a língua maioritária em aula de lín­gua e nem pelo preconceito quanto ao sotaque.

As línguas minoritárias devem ser consideradas como recursos naturais de uma nação, imprescindíveis para seu enriquecimento tanto linguístico quanto cultural, como diferen­cial para seus cidadãos diante da globalização e modernização. Para que se consolide, é preciso implementar políticas de planeamento que estejam centradas na democracia cultural e nos direitos iguais dos grupos étnicos.

Leia Também Sobre:

  • O Romantismo no Brasil: fases, características e gerações
  • A reportagem: conceito, origem, características, tipos, fase
  • Fundamentação da ética: pessoa humana, atributos principais e o fim último
  • Mercantilismo: Conceito, Contexto de Surgimento e Características, Princípios e tipos
  • Impactos sócio ambientais da agricultura, pesca, pecuária e silvicultura em Moçambique
  • Agricultura em Moçambique depois da Independência

Referências bibliográficas

COSERIU, E. Teoria da linguagem e linguística geral. São Paulo, 1979.

COSTA, A. F. Rupturas estruturais do português e línguas bantu em Angola: para uma análise diferencial. Luanda, 2006.

CRYSTAL, D. A revolução da linguagem. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.

DIAS, H. N. Os empréstimos lexicais das línguas bantu no português. In: Actas do simpósio nacional sobre a língua portuguesa em África. Lisboa, 1991.

ShareTweetShare
Benney Muhacha

Benney Muhacha

Mestrando Gestão de Projetos, Licenciado em História e Bacharel em Administração. Jovem moçambicano apaixonado pelas TICs, é CEO e editor de conteúdo dos blogs: Sópra-Educação, Sópra-Vibes, Sópra-Vagas e Sópra-Educação.com/exames

Related Posts

Meic

Taxinomia de Bloom

Fevereiro 19, 2021
Experiências Científicas e alguns Exemplos
Meic

Experiências Científicas e alguns Exemplos

Fevereiro 20, 2021
Meic

Objetivos e Domínios e Taxonomia de Bloom

Dezembro 26, 2020
Meic

Tipos de Softwares maliciosos, sua forma de atuação e as suas formas de mitigação

Dezembro 10, 2020
Next Post

Cooperação entre os Estados Africanos com o Mundo

Deixe uma resposta Cancelar resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Sópra-Educação

O maior portal de educação em Moçambique em todos os níveis

  • Termos de Uso
  • Política de Privacidade

Todos direiros reservados @ Sópra-Educação

No Result
View All Result
  • Home
    • Home – Layout 1
    • Home – Layout 2
    • Home – Layout 3
    • Home – Layout 4
    • Home – Layout 5
  • Video

Todos direiros reservados @ Sópra-Educação

Welcome Back!

Login to your account below

Forgotten Password?

Retrieve your password

Please enter your username or email address to reset your password.

Log In
Usamos cookies em nosso site para fornecer a experiência mais relevante, lembrando suas preferências e visitas repetidas. Ao clicar em “Aceitar”, você concorda com o uso de TODOS os cookies.
Cookie settingsACEITAR
Manage consent

Privacy Overview

This website uses cookies to improve your experience while you navigate through the website. Out of these, the cookies that are categorized as necessary are stored on your browser as they are essential for the working of basic functionalities of the website. We also use third-party cookies that help us analyze and understand how you use this website. These cookies will be stored in your browser only with your consent. You also have the option to opt-out of these cookies. But opting out of some of these cookies may affect your browsing experience.
Necessary
Sempre activado
Necessary cookies are absolutely essential for the website to function properly. These cookies ensure basic functionalities and security features of the website, anonymously.
CookieDuraçãoDescrição
cookielawinfo-checbox-analytics11 monthsThis cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics".
cookielawinfo-checbox-functional11 monthsThe cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional".
cookielawinfo-checbox-others11 monthsThis cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other.
cookielawinfo-checkbox-necessary11 monthsThis cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary".
cookielawinfo-checkbox-performance11 monthsThis cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance".
viewed_cookie_policy11 monthsThe cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data.
Functional
Functional cookies help to perform certain functionalities like sharing the content of the website on social media platforms, collect feedbacks, and other third-party features.
Performance
Performance cookies are used to understand and analyze the key performance indexes of the website which helps in delivering a better user experience for the visitors.
Analytics
Analytical cookies are used to understand how visitors interact with the website. These cookies help provide information on metrics the number of visitors, bounce rate, traffic source, etc.
Advertisement
Advertisement cookies are used to provide visitors with relevant ads and marketing campaigns. These cookies track visitors across websites and collect information to provide customized ads.
Others
Other uncategorized cookies are those that are being analyzed and have not been classified into a category as yet.
GUARDAR E ACEITAR