Conteúdos
Etimologia do termo política
O termo político é um vocábulo que provem do grego Politike, no sentido de ciência e arte do estado; estudo do Governo da sociedade; qualquer tipo de luta para obter o poder; a direcção dos assuntos públicos, processo de discussão e manobras que precede a execução das decisões.
“Quando dois elefantes pelejam quem sofre é o capim” (Ditado africano)
A antropologia política encara o ser humano como um “homo politicus”. A antropologia política é uma especialização temática da antropologia sociocultural que estuda:
- Os sistemas políticos – estruturas, processos, representações.
- As instituições e as práticas que asseguram o governo.
- Os sistemas de pensamento juntamente com os símbolos que os fundamentam.
É preciso sublinhar que, a antropologia política está intimamente ligada com outras especializações temáticas da antropologia como são:
- A antropologia jurídica ou legal e;
- A antropologia da guerra.
Assim, toda estrutura do poder está intimamente relacionada com uma estrutura social concreta. O conceito de cultura entende-se como o poder é vivenciado pelos grupos humanos, nas suas realidades de classe, género, etnia, etc. A sociedade é, desde este ponto de vista, um terreno de luta política pela construção da hegemonia, a dominação e o consenso.
As perspectivas teórico-metodológicas que antropologia política tem adoptado no seu percurso histórico são as seguintes:
Genética | Preocupação pela origem dos sistemas políticos. |
Funcionalista | Identifica as instituições políticas e as suas funções. |
Tipológica | Identifica tipos de sistemas políticos. |
Terminológica | Classifica as categorias fundamentais. |
Estruturalista | Estuda modelos políticos de relações estruturais (equilíbrio, ordem, formalismo). |
Dinâmica e processual | Estuda as dinâmicas das estruturas e dos sistemas de relações, os confrontos de interesses e a competição, como expressão da tensão entre o costume e o conflito, a ordem e a rebelião.
Presta atenção ao ritual como meio de exprimir e ultrapassar os conflitos, pela afirmação da unidade social. |
Teoria da acção | Tomada de decisões e motivação.
Como se manipulam os símbolos para obter réditos políticos. |
A política, sob um ponto de vista dinâmico, pode ser entendida como um aspecto fundamental de toda a vida social. Neste sentido, Jean Paul Sartre chegou a afirmar que “fazer o amor é um acto político”, afirmação que conceitualiza bem esta ideia. Na língua inglesa distingue-se entre “polity” (modos de organização do governo), “policy” (tipos de acção para a direcção) e “politics” (estratégias de competição entre indivíduos e grupos).
Polity | Governo |
Policy | Acção para a direcção |
Politics | Estratégias de competição entre indivíduos e grupos |
(Fonte: Balandier, 1987: 36)
A política também pode ser entendida como uma força social reguladora da tensão entre a ordem e a desordem, social. Portanto, o fim último da política é estabelecer uma ordem social e reduzir a desordem social. A política, enquanto exercício de poder, pode significar dominação, manipulação, resistência, contestação, negociação, consenso, conflito, adesão, identificação, etc. A manipulação é um exercício através do qual indivíduos e grupos sobrevalorizam em seu proveito um recurso, manipulando as regras que determinam o mecanismo social do seu aceso. Portanto, baixo um ponto de vista crítico, a manipulação pode significar um exercício antisocial do poder, porque utiliza este para propósitos pessoais egoístas.
A resistência é uma forma de lidar com uma situação de domínio e pode adoptar diversas formas e significados, desde o silêncio até a afirmação de posições. A resistência pode ser massiva e organizada formalmente contra o governo, ou quotidiana e difusa, expressada esta em práticas fragmentadas não sempre fáceis de classificar às quais (James Scott 1985) chama resistência quotidiana, pequenos actos silenciosos e discretos.
Entre os comportamentos de reacção face aos poderosos, James Scott (1990) sublinha os seguintes:
Bisbilhotice, Insubordinação, O assassínio de carácter, Alcunhas grosseiras, o evitamento, A decepção, A deferência hipócrita, A sabotagem, O fogo posto, A deserção, A calúnia ou gatunice.
Organização Política
É mais que o Governo em quanto tal e também não é sinónimo de estado; ela é generalizada como escreve A. Mesquitela Lima, “o importante é perceber que uma grande varieade de instituições política permite resolver de forma diferente a maior parte de questões que surgem ao viver em sociedade. Geralmente distingue se entre sociedades sem organização estatal e sociedades com estado.
Sociedade sem estado
Nestas sociedades não existem uma autoridade central que exerça a sua actividade sobre o conjunto da sociedade e logicamente não têm um governo formal que englobe toda a sociedade. Mesmo assim, dá-se a condução política. Este fenómeno acontece normalmente nas sociedades de pequena escala, onde é difícil separar a política dos assuntos domésticos.
As funções políticas vão se desenvolvendo através de partilha de responsabilidades, fundamentando-se nas linhagens, nos grupos etários e nos conselhos de residência (povoações, aldeias e conjunto de aldeias numa determinada área geográfica). As instituições implicadas no processo do exercício do poder variam de grupo para grupo com características próprias da sociedade em questão.
Sistemas estatais ou com chefia centralizado
O estado é a nação politicamente organizada. Eis os elementos fundamentais:
- Um território com área definida;
- Uma população com cultura própria;
Um Governo de organização central, que é o instrumento executivo da organização política.
O sistema fundamenta-se em 3 principios e organização que são as unidades da estrutura social:
- Unidades de parentesco;
- Unidades geográfica;
- Unidades associativas.
Dão-se diversas instituições: chefias, monarquias, conselhos e todas as fórmulas desenvolvidas através da história dos povos nas diversas partes da terra (monarquias, repúblicas, ditaduras, Governos democráticos, militares, revolucionários, anarquia e outras combinações possíveis).
A posição de máxima autoridade ou status de autoridade superior passou a ser herdade. Foram os monarquies as que desenvolveram o princípio de herança com a função especial de garantir a estabilidade na chefia da nação. Mas a sucessão não é deixado ao acaso. Em todas as sociedades está claramente definida: quem sucede a quem? Quando é que lhe sucede? Em que circunstância se dá a sucessão? E se estabelece o ritual da sucessão.
Também nas sociedades modernas as leis eleitorais estão bem definidas pelos parlamentos: quem pode votar (direito voto) quem pode ser eleito? Quando se vota? Percentagens.
Em todas sociedades com poder estatal central estão bem controlados por meios de mecanismos apropriados os abusos de poder por parte das pessoas ou grupo responsáveis.
Os poderes reais e os sacerdotais também se podem encontrar juntos, tanto em sociedades de pequena escala como nas de grande escala, nas mais antigas como nas mais modernas. Exemplo a Rainha da Inglaterra como autoridade máxima de igreja Anglicana, ou a interferência directa do Islão no domínio da política em muitos países árabes, impondo leis e costumes relegiosos a toda sociedade civil. Os poderes reais e sacerdotais andam entrelaçados, isto é, o sobrenaturalismo influenciando a gestão da coisa pública ou o puder político tentando usar o poder religioso para obter os seus fins.
Os conselhos
São instrumentos universais de Governo, e encontra-se presentes em todas sociedades e forma de governação.
Em geral quem exerce o poder (chefe, rei, presidente) age sempre dentro de uma complexa rede de conselheiros, assessores, consultores, pelo que dificilmente ele actua totalmente livre iniciativa. As diferenças culturais surgem na maneira concreta como são inseridos os conselhos no exercício do poder. Varia da sociedade para sociedade.
Associações não política
Nos Governos existem também organizações não directamente político, mas que de alguma maneira têm responsabilidade no exercício do poder, isto é na governação de sociedade. Estas organizações exercem papéis importante e podem determinar uma curta solução das questões políticas. Este tipo de solucão existem tanto nas sociedades de pequena escala como nas sociedades de grande escala tanto nos tempos antigos como no actualidade.
Leia Também Sobre:
- Estado: Conceito, elementos e características do Estado
- Elementos do Estado Moçambicano
- Como está organizado o território da República de Moçambique?
- Órgãos Centrais do Estado Moçambicano
- Estruturas dos órgãos locais do estado
- Formas de sistemas políticos
- Política: Etimologia, conceito, Organização Política, Sociedade sem estado, Sistemas estatais, Associações e Características