O primeiro sistema de classificação das ciências foi proposto por Aristóteles (384 a C-322 a C). Ele as divide em três tipos diferentes: ciências produtivas, que visa a algum tipo de fabricação, ciências práticas, que utilizam o saber param uma acção ou alguma finalidade ou utilidade e ciências teóricas, que busca o saber pelo saber, independente de alguma finalidade ou utilidade. Esta classificação permaneceu até o século XVII, quando a Revolução Científica provocou uma separação dos conhecimentos entre conhecimentos filosóficos, científicos e técnicos.
A partir dai as principais classificações científicas que surgiram foram de origens francesas ou alemãs, durante o século XIX com base em três critérios:
- O tipo de objecto estudado;
- O tipo de método empregado e
- O tipo de resultado obtido.
Conteúdos
Desse processo resultou a classificação que é adoptada actualmente:
- Ciências matemáticas ou lógico-matemáticas: aritmética, geometria, álgebra, Trigonometria, lógica, física pura, etc.
- Ciências naturais: física, química, biologia, geologia, astronomia, etc.
- Ciências humanas ou sociais: psicologia, sociologia, antropologia, economia, linguística, história, etc.
- Ciências aplicadas: ciências da engenharia, medicina, arquitectura, informática.
Não existe um consenso na apresentação da classificação das ciências; o que é ciência para alguns autores, ainda permanece como ramo de estudo para outros, e vice-versa. Mas, baseando-se em Bunge (1976), as autoras adoptam a seguinte classificação:
- Ciências Formais e
- Ciências Factuais.
As ciências formais: se encarregam do estudo das ideias, dividindo-se em lógica e matemática. Por não terem relação com algo encontrado na realidade, não podem valer-se dos contactos com essa realidade para convalidar suas fórmulas, utilizando a lógica para demonstrar rigorosamente seus teoremas. Os resultados alcançados pelas ciências formais demonstram ou provam hipóteses, (idem).
As ciências factuais: se encarregam do estudo dos fatos, dividindo-se em Naturais (Física, Quimica, Biologia, e outras) e Sociais (antropologia, Direito, Economia, Política, Psicologia Social, Sociologia). Referem-se a fatos que supostamente ocorrem no mundo e, em consequência, recorrem às observações e às experimentações para comprovar ou refutar suas hipóteses. Os resultados alcançados pelas ciências factuais verificam, comprovam ou refutam hipóteses que, em sua maioria, são provisórias.
A classificação positivista
Os elementos os quais se baseiam a classificação de Augusto Comte podem ser resumidos como se segue:
- A lei dos três estados.
- A afirmação de que somente são acessíveis a nosso conhecimento o “como” dos fenómenos, a relação constante e regular ou “lei”. O “porque” das coisas entre as quais existe esta relação, as causas, nos escapam em definitivo. Diante do espírito humano Se encontra um oceano de cognoscibilidade.
- Uma fronteira absoluta se ergue entre a ciência propriamente dita e as aplicações técnicas, a técnica não sendo senão uma simples aplicação da ciência “pura”.
- As ciências “puras”, as ciências fundamentais podem, segundo Comte, se localizar em uma hierarquia que exprime uma ordem histórica de aparecimento e uma ordem de subordinação teórica. O espírito humano começa pelo conhecimento das relações mais simples indo para as mais gerais entre os fenómenos.
Classificação de Lefebvre versus classificação positivista
A primeira diferença entre a classificação de Lefebvre e a dos positivistas é o destaque colocado na matemática que se constitui em uma instância separada e denominada primeira ciência da natureza e ciência puramente abstracta. Com relação as ciências da natureza um lugar deve ser encontrado para suas disciplinas intermediárias e que contemple suas relações. Essas disciplinas são, por exemplo: biologia matemática, bioquímica, física-matemática, físico-química.
As ciências experimentais
Com relação às ciências experimentais, Lefebvre afirma que os fenómenos físicos ou químicos, ou de outras ciências empíricas, que são representados por funções ou por curvas, que são sua forma de expressão gráfica, a partir de um certo número de experiências, o físico ou o químico enunciam a fórmula representativa do fenómeno estudado. Ela lhe permite prever os valores assumidos pelas diferentes variáveis, como tempo, espaço, pressão, temperatura, etc. Isto é obtido por interpolação ou extrapolação dos valores medidos.
As ciências humanas
Lefebvre explica de forma muito nítida que a separação metafísica entre as ciências do homem e as ciências da natureza não repousa mesmo que de forma aparente em nenhuma legitimidade, a não ser na época onde o conhecimento da natureza parecia requerer um determinismo mecanicista rígido; os metafísicos pareciam ainda os salvadores da liberdade da consciência; para isto eles situavam o homem fora da natureza. Para que o homem fosse livre, neste sentido metafísico, seria necessário que a realidade humana escapasse da ciência.
Tentando uma unificação mais geral, Lefebvre defende a ideia que as leis da natureza, as leis do pensamento e as leis da sociedade (do desenvolvimento social) são as mesmas. São leis universais da dialéctica Dentro do domínio humano e social dessas leis passa para o primeiro plano, a da ultrapassagem. No domínio das ciências da natureza, esta lei não tem senão uma entrada mais restrita. Podemos dizer também que a vida engloba e ultrapassa a realidade mecânica, física, química. Em outras palavras, Lefebvre aqui estabelece uma hierarquia entre essas ciências com a biologia ocupando o topo da classificação.
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