Conceito
O Poder varia no tempo e em função da corrente de pensamento abordada pelos diferentes autores. A definição dada por adeptos do pensamento marxista chama de poder “a capacidade de uma classe social de realizar os seus interesses e objectivos específicos”. O filósofo Michel Foucault falou em “relações de poderes” entre os indivíduos. O poder é algo que se exerce em rede. Não existe uma entidade que centraliza o poder. O Poder se exerce tanto no nível macro quanto no micro. Hanna Arendt falou que o poder é oposto da violência.
A violência acontece quando se dá a perda de autoridade e de poder. Hobbes falou de várias espécies de poder como: beleza, amizade, riqueza, popularidade, poder político, etc. Na concepção hobesiana o maior dos poderes é o poder do Estado, resultado da soma de poderes de todos os homens na formação do Contrato Social.
Para Nicolau Maquiavel, a obrigação do governante (Príncipe) deve ser a de conquistar e manter o Poder. Para isso, ele deve adoptar algumas estratégias. Poder é “o facto de participar da tomada das decisões”. Essa visão do poder tem sido corrente para todas as teorias de decision-making process, e é criticada pelo fato de apresentar-se como uma concepção muito voluntarista do processo de tomada de decisões.
Max Weber conceituou poder como sendo “a probabilidade de um certo comando com um conteúdo específico a ser obedecido por um grupo determinado”. A concepção weberiana de poder parte da visão de uma sociedade-sujeita, resultado dos comportamentos normativos dos agentes sociais. Do conceito de Weber sobre o poder emergem as concepções de “probabilidade” e de “comando específico”. Talcot Parsons, partindo da concepção funcionalista e integracionista do sistema social, definiu o poder como “a capacidade de exercer certas funções em proveito do sistema social considerado no seu conjunto”.
Características do poder
Max weber aponta algumas caracteristicas básicas da noção poder:
- O poder é reconhecida em todas sociedades humanas;
- O poder está ao serviço de uma estrutura social;
- O poder é defender a sociedade contra suas próprias fraquezas;
- Poder é o produto da competição entre individuos e grupos;
- Poder é um meio de conter a competição entre individuos e grupos;
- O poder provoca o respeito das regras que o fundamenta;
- Poder defende a ordem estabelecida;
- O poder defende a ordem interior face a ameaças exteriores;
- O poder outorga grande importancia ao sentido dos símbolos.
O poder implica certo consentimento e certa reciprocidade (contra partidas, obrigações, responsabilidades).
Mas o consentimento implica legitimidade, que pode ser de três tipos:
- Legal
- Tradicional- com base na crença do sagrado das tradições, de acordo com custume, isto é gerontrocacia (poder dos mais velhos com base na sua maturidade, patriarcalismo, patrimonialismo,
- Carismático – de caracter emocional, implica uma confiança total num homem escepcional ( santidade horoismo, exemplaridade).
Importância e actualidade.
A política não é só um aspecto da cultura. No âmbito da sociedade considera-se política tudo o que é ao mesmo tempo público orientado para um fim e que implica uma diversificação do poder entre os indivíduos, em benefício do bom andamento da comunidade.
Os estudos antropólogos sobre a política estão influenciados pela teoria filosóficas e psicológicas sobre a questão, a maioria dos autores debatem-se entre duas correntes:
Uma maximalista, que reconhece a política em todas as sociedades e outra minimalista que considera a dimensão política só nas sociedades de grande escala pois não encontrando a fórmula de estado e de um poder central em muitas sociedades de pequena escala, não reconhece nelas a existência do factor político.
Fenómeno Universal
Não há sociedades humanas em que não se dê a organização e a distribuição do poder em ordem ao funcionamento da comunidade. A política não se pode limitar exclusivamente aos povos que mantem uma determinada formula de governo com poder central. Uma coisa é o fenómeno político outra são as características que o fenómeno tem uma determinada sociedade.
Existem povos onde não se encontra uma autoridade central e a coisa pública é bem conduzida. Não á povo sem um mínimo de organização político.
Processo
A política não se pode reduzir exclusivamente ao estado. O estudo do processo político deve ter em conta as acções necessários para atingir os objectivos políticos, isto é o Governo dá coisa público, com as funções que lhes são próprias; leis, normas e sanções; julgamentos e execuções das sentenças; organização das actividades económicas, de defesa do território e religioso; e a garantia de transmissão do poder através do mecanismo de sucessão.
A esfera da política pertence, segundo M.J.SWARTL, tudo o que é ao mesmo tempo público, orientado a um fim e que implica uma diversificação do poder entre os indivíduos do grupo em quanto isto concretiza se nas seguintes áreas com os correspondentes funções que nas várias sociedades vão assumindo formas diferentes:
Esferas políticas
Área | Funções | Instituições | |
A | Poder Legislativo | Fazer lei, estabelecer normas, definir comportamentos, redefinir normas | Conselhos; parlamento |
B | Puder Judicial | Administrar a justiça, resolver as questões, disputas e contenciosos | Tribunais |
C | Poder executivo | Fazer cumprir as leis, executar sentenças | Governo, familiares, sociedades, central |
D | Puder económico | Garantir a sub-sistémica, Produção, trocas, Controlo das actividades económicas. | Mercados comércio |
E | Poder militar | Defender os membros da comunidade, os bens e o território, procurar paz. | Exercito |
F | Poder sagrado | Actividades relegioso, manter a relação com o mundo espiritual | Os ritos. |
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Bibliografia
IVALA, Adelino Zacarias, Ofico, Aida e Tarciso Inácio, Antropologia Cultural, plano de estudo e apontamento,n/ 2007;
MARTINEZ, Francisco Lerma, Antropologia Cultural: Guia para o estudo, 2ª ed, Matola Seminario Maior de S. Agostinho, 1995.http://www.significados.com.br/poder/ 10/08/2012 12:25h;
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