A sociologia é o resultado de uma tentativa de compreensão de situações sociais radicalmente novas, criadas pela então nascente sociedade capitalista. A trajetória dessa ciência tem sido uma constante tentativa de dialogar com a civilização capitalista, em suas diferentes fases.
O seu surgimento ocorre num contexto histórico específico, que coincide com os derradeiros momentos da desagregação da sociedade feudal e da consolidação da civilização capitalista.
As transformações econômicas, políticas e culturais que se aceleram a partir desta época, colocarão problemas inéditos para os homens que experimentavam as mudanças que ocorriam no Ocidente Europeu. A dupla revolução que este século testemunha, a industrial e a revolução francesa, constituíam os dois lados de um mesmo processo, ou seja, a instalação definitiva da sociedade capitalista.
A Revolução Industrial representa o triunfo da indústria capitalista, que foi convertendo grandes massas humanas em simples trabalhadores despossuídos. Um dos fatos mais importantes relacionados com a revolução é sem dúvida o aparecimento do proletariado e o papel histórico que ele desempenha na sociedade capitalista.
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A consequência disso foi a de que os “pobres” deixaram de se confrontar com os “ricos” ;mas uma classe específica, a classe operária, com consciência de seus interesses, começava a organizar-se para enfrentar os proprietários dos instrumentos de trabalho. O emprego sistemático da razão, do livre exame da realidade- traço que caracterizava os pensadores racionalistas – representou um grande avanço para libertar o conhecimento do controle teológico, da tradição, da “revelação” e , consequentemente, para a formulação de uma nova atitude intelectual diante dos fenômenos da natureza e da cultura.
No entanto, é entre os pensadores franceses do século XVIII que encontramos um grupo de filósofos que procurava transformar a própria sociedade .Os iluministas insistiam numa explicação da realidade baseada no modelo das ciências da natureza, negando assim o método da dedução que era usado pelos pensadores do século XVII. O objetivo dos iluministas era demonstrar que as instituições de sua época eram irracionais e injustas, que atentavam contra a natureza dos indivíduos e, nesse sentido, impediam a liberdade do homem. Eles concebiam o indivíduo como dotado de razão, possuindo uma perfeição inata e destinado à liberdade e à igualdade social. Os iluministas achavam que as instituições deveriam ser eliminadas.
Esta crescente racionalização da vida social, que gerava um clima próprio a constituição de um estudo científico da sociedade, não era, porém, um privilégio de filósofos e homens que se dedicavam ao conhecimento. O “homem comum” dessa época também deixava, cada vez mais, de encarar as instituições sociais, as normas, como fenômenos sagrados e imutáveis, submetido a forças sobrenaturais, passando a percebê-las como produtos da atividade humana, portanto possíveis de serem conhecidas e transformadas.
Para a destruição do “Antigo Regime” foram mobilizadas as massas, especialmente os trabalhadores pobres das cidades. Alguns meses mais tarde, elas foram presenteadas, pela nova classe dominante (burguesia), com a interdição dos seus sindicatos. A revolução desferiu também seus golpes contra a Igreja, confiscando suas propriedades, suprimindo os votos monásticos e transferindo para o Estado as funções da educação, tradicionalmente controladas pela Igreja.
Na concepção de Comte, um de seus fundadores, a sociologia deveria orientar-se no sentido de conhecer e estabelecer aquilo que ele denominava leis imutáveis da vida social, abstendo-se de qualquer discussão sobre a realidade existente, deixando de abordar, por exemplo, a questão da igualdade, da justiça, da liberdade.