A Antropologia propriamente dita surge na Europa Ocidental caracterizada pelos avanços da evolução industrial, o que permite a expansão europeia e o surgimento de diferentes correntes preocupadas pelo estudo da cultura de povos do mundo.
As teorias Antropológicas da cultura nos auxiliam no entendimento das mais diferentes formas de manifestação cultural do ser humano no meio em que vive. Dentre as teorias culturais vistas á luz dos antropólogos temos: o Evolucionismo, o Difusionismo, o funcionalismo, o estruturalismo e o culturalismo.
Conteúdos
Evolucionismo Cultural
Esta corrente estuda a antropologia física, preocupando-se pelo estudo da origem do homem, dos animais e de todo o Universo. Com o desenvolvimento da ciência, os seres humanos nas suas pesquisas serviram-se dos novos métodos que iam aparecendo, reconhecendo os mitos das origens dos povos, as cosmogonias greco-romanos, as tradições do antigo Egipto e do extremo oriente as culturas pré colombinas em América e do Bantu na África. Esta corrente defendia que existiam culturas evoluídas e não evoluídas, para atingirem a evolução tinha que passar de selvajaria, barbaria e civilização.
Na Antiguidade clássica os pensadores preocupavam-se com problema da origem de universo, movimento que deu luz ao aparecimento as ideias de evolução como as de involuções. As teorias da evolução têm marcas evidentes de optimismo em relação ao futuro da humanidade.
Na idade Media os filósofos preocupavam-se com problemas relacionados com seres humanos, o seu destino e de outros. Os árabes contribuíram descrevendo as culturas de outros povos, o caso de Ibn Khaldun. A teoria evolucionista alcançou o seu auge no séc. XIX, tendo o iluminismo a servir de base ao crescimento da teoria evolucionista e representou a manifestação de confiança aos estudiosos na capacidade do homem ao fazer uma história cada vez mas grandiosa.
Os representantes da corrente evolucionista
J.F. Mcennan (1827-1881), afirma que a forma mas antiga da família era caracterizada pelo matriarcado, observou assimulação de rapto de noiva pelo noivo para logo atingir o casamento e assim se deu os termos: exógama um mundo greco-latino matriarcal.
O evolucionismo brotou e criou raízes nos estudos dos fenómenos culturais, existiram factores que vieram corrobar linha de pensamento: a revolução industrial, crescente urbanização, crescimento da produção e da população, e os novos conhecimentos. Pode-se destacar os seguintes representantes da teoria evolucionista segundo o autor:
Jean- Baptiste Pierre de Monet Lamark (1744-1829), é tido com fundador da teoria evolução, pesquisou sobre a zoologia dos animais invertebrados e pela sua teoria sobre a evolução baseada na herança dos caracteres adquiridos ao progresso da matéria viva.
Charles Darwin (1809-1882), foi o máximo representante do evolucionismo, que formulou a teoria da evolução das espécies, fundamentou as bases da teoria no conceito do desenvolvimento das formas de vida através do processo de selecção natural, defendeu o conceito de que todos os organismos relacionados são descendentes de antepassado comum.
- J Bachofen (1815-1887), foi o primeiro a chamar atenção a sociedade que seguem a linha de descendência através da mulher (culturas materlineares, imaginou que essas sociedades não se reconhecia a paternidade, constituiu atrimónio fora do próprio grupo e endogamia matrimónio dentro do próprio grupo.
Henry Summer Maine (1822-1888), defende que a forma mais antiga da família era patriarcado dos indo-europeus tendo encontrado semelhanças entre as antigas leis da Roma e Irlanda que são sociedades paterlineares, deixou os conceitos como agnacao reconhecimento da relação da descendência através dos varões e cognação reconhecimento da relação descendência através de um mesmo pai e da mesma mãe. Defendia que na infância da humanidade não havia nenhum tipo de legislação.
Robertson Smith (1846-1894), interpretou antigo testamento e ainda diz que nas religiões tradicionais não reveladas o rito é mais importante que o dogma.
Lewis Henry Morgan (1818-1881), foi influenciado pelo evolucionismo de biológico de Darwin defendendo a teoria de que no desenvolvimento histórico da cultura acontecem as seguintes mudanças: selvagismo (caca e recolecção); barbárie (cerâmica e agricultura) e civilização (escrita). O parentesco e o organizador da sociedade, defendeu ainda que a mudança tecnológica determina a mudança social.
Edward Burnnet Tylor (1888-1937), contrariamente de Morgan não se preocupa com o mecanismo de mudanças mas sim com sobrevivência de costumes e ritos antigos que de acordo com ele não tinham sentido comum. Defendeu uma reforma moral interessou-se particularmente pela religião e pelo animismo, a evolução da religião seguiria a linha animismo feiticismo, idolatria, politeísmo, monoteísmo.
James George Frazer (1885-1941) defendia a ideia de que todas a sociedades passavam de três estádios: magia, religião e ciência.
Sistematização do pensamento
O período do sistema da antropologia foi denominado pela orientação evolucionista, os pensadores deste período estavam preocupados por descobrir as leis gerais de progresso humano, as leis gerais da evolução cultural doo homens. Tylor é considerado como pai da antropologia por ter sido o primeiro a tentar sistematizar o estudo da cultura. Morgan introduziu o conceito das três idades do homem, selvagem, barbara, civil, dividida em cada idade em três períodos antigo, médio, recente e ocupa-se no estudo da organização social.
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Características principais de evolucionismo
Amplitude de objecto de estudo
O evolucionismo cultural visa estudar a cultura, o seu objecto de estudo é vasto e abrange o fenómeno da cultura como fenómeno próprio da espécie humana. Pode-se afirmar que o evolucionismo visa explicar aspectos comuns a todos só povos e mostrar as regularidades existentes no processo cultural. A sucessão de estágio de desenvolvimento é uma das principais linhas do evolucionismo. Outro aspecto geral é o reconhecimento do primado da invenção como responsável pelas transformações, dando mais relevo a natureza, aos equipamentos biopsiquicos de homem em oposição da acção histórica.
O factor tempo
Os evolucionistas, procuram criar um tempo novo, o tempo cultural, isto é, as fases ou estágios da evolução.
Método comparativo
O método comparativo vem sendo utilizado largamente nas ciências humanas, as falhas metodológicas cometidas pelos evolucionistas não repousam no facto da comparação em si, mas na falta de rigor do seu uso, a falta de crítica das fontes de informação utilização como informação bíblica, mitologia grega. Destaca-se Smith tendo iniciado o estudo comparativo das culturas semitas e árabes, é também um dos primeiros que usou a recolha de dados de trabalho do campo unida a actividade teórica.
Tema e conceitos principais
Os temas principais desta teoria visam as instituições religiosas familiares, jurídicas, e aspectos da cultura material. Em qualquer dos temas a preocupação central era demonstrar como a cultura obedece a uma evolução universal e unilinear. Alguns dos principais conceitos introduzidos pelos evolucionistas e que ainda hoje perduram na antropologia cultural é o sistema de parentesco, evolução cultural, religião, magia, totenismo, clã, descendência patrilinear ou materlinear.
Visão crítica do evolucionismo
- Os dados não falam por si próprios é preciso organizar em relação a teoria, os dados são apenas um barulho se não aportam um contributo a teoria antropológica.
- Introduziram o método comparativo na antropologia;
- Foi o primeiro paradigma da antropologia.
- Um dos eixos foi a das semelhanças e das diferenças culturais, ainda que os evolucionistas se tenham preocupado mais com as semelhanças do que as diferenças dos grupos humano. É obrigatório abarcar um objecto alargado,
- Para eles as sociedades eram organismos naturais que evoluíram;
- Pensaram erradamente que os povos teriam que elaborar as instituições semelhantes as das suas tecnologia,
- Os evolucionistas foram os primeiros a iniciarem os grandes temas da antropologia: parentesco, religião, politica e economia.
- O seu modelo de civilização era a sociedade Vitoriana Inglesa ocidente e resto do mundo tinha um desenvolvimento inferior;
- Os dados apresentados denotam um desejo de rigor, mas encontram-se frequentemente abstraídos do seu contexto. Os trabalho não são meramente empíricos tem significado.
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Bibliografia
BAERNARDI, Bernardo; Introdução aos Estudos Etno-Antropológicos, Franco Angeli, Editores, Milão 1974.
IVALA, Adelino, Zacarias; Antropologia Cultural: Plano de Estudos e Apontamentos. Nampula, 2007.MARTINEZ, Francisco Lerma; Antropologia Cultural; Guia para Estudo. Instituto Maria, Maputo, 2002. PEDRO, Siquesse, Alipo; Antropologia Cultural. Maputo, INED, s/d.