Esta é uma tendência a aplicar os próprios valores culturais para julgar o comportamento e as crenças de pessoas doutras culturas. A gente pensa que os seus costumes são os únicos, correctos, apropriados e morais. As visões etnocénctricas entendem o comportamento diferente como estranho e “selvagem”, mas também como inferior. As pessoas pensam que as suas normas representam a forma “natural” de comportar-se e os outros são julgados como negativos.
O etnocentrismo é uma visão das coisas de acordo com a qual o próprio grupo é o centro de todo, e todos os outros se medem por referência a ele. Cada grupo alimenta o seu próprio orgulho e a sua vaidade, proclama a sua superioridade, exalta as suas próprias divindades e mira com desprezo aos outros. O etnocentrismo pode manifestar-se em diferentes níveis: tribo, aldeia, minoria étnica, área cultural, classe, pessoa, indivíduo.
O problema do etnocentrismo é a intolerância cultural face à diversidade e o fechar as portas à curiosidade pelo conhecimento. O etnocentrismo cultural é uma atitude que pode derivar numa ideologia com práticas racistas.
A noção de cultura pode, politicamente e etnocentricamente, ser utilizada para separar grupos humanos, mas desde um ponto de vista humanístico deveria servir para melhorar a convivência e construír uma sociedade democrática justa.
O oposto ao etnocentrismo é o relativismo cultural, uma das ideias chave da antropologia. O relativismo cultural afirma que uma cultura deve ser estudada e compreendida em termos dos seus próprios significados e valores, e que nenhuma crença ou prática cultural pode ser entendida separada do seu sistema ou contexto cultural. O comportamento numa cultura particular não deve ser julgado com os padrões de outra. O relativismo cultural não só é uma teoria antropológica como uma atitude e uma prática antropológica, uma forma de lidar com os outros em respeito pela diversidade. Esta atitude implica que os nossos preconceitos não influenciem o conhecimento de outras culturas, mas também uma atitude de diálogo aberto.
Podemos entender o relativismo cultural de duas maneiras, uma como algo aberto e que defende a equivalência entre culturas seguindo uma tolerância pela pluralidade das sociedades humanas; outra como algo fechado e que defende a singularidade intransponível das culturas.
No Ocidente considera-se o infanticídio um crime, mas na cultura chinesa tradicional as bebés eram às vezes estranguladas porque consideravam-se uma carga para a família. Os judeus não comem porco, os hindus não comem vaca. Em Ocidente bicar-se pode ser considerado algo normal mas noutras culturas é desconhecido ou pensado como desagradável.
Tem limites o relativismo cultural? A Alemanha nazi deve ser valorada igual de neutro que a Grécia clássica? Desde o ponto de vista do relativismo cultural estremo sim, porque defende que não há uma moralidade superior, internacional ou universal, que as regras éticas e morais de todas as culturas merecem igual respeito.
Porém, desde o ponto de vista desde o relativismo cultural ético há e deve haver limites válidos para toda a humanidade. Não podemos tolerar todo. Como deveria utilizar o antropólogo o relativismo cultural? O antropólogo deve apresentar informes e interpretações dos fenómenos culturais, para entender estes na sua complexidade, porém o antropólogo não tem que aprovar costumes como o infanticídio, o canibalismo e a tortura. Exigem portanto uma condena moral e uns valores internacionais e humanos de justiça e moralidade que nos fazem mais humanos. O relativismo cultural mais estremo equivale à eliminação de toda regulamentação do comportamento humano e pode cair no risco de justificar e/ou permitir a violência.
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