A feitiçaria alimenta o receio de desvios e tendência nociva na sociedade, e joga assim a favor da manutenção da ordem social.
Sociologicamente ela constitui uma segurança na medida em que se imagina ter identificado um mal e conseguido remediá-lo.
Psicologicamente a feitiçaria joga como reagente, identificando os motivos de ansiedades e fazendo derivar a hostilidade para um factor exacto de prejuízo. Ideologicamente, explica a selectividade dos acidentes, infelicidades, calamidades que atinge uns e não outros, pela acção de espíritos maus. Esclarece-se também através dos infortúnios de libidos e pela projecção das paixões. Ela é sempre um imaginário de acusações recíprocas
As bruxas lançavam malefícios, provocavam tempestades, destruíam plantação, além de adorarem o diabo e sua ida aos sabás. Ainda nesta mesma perspectiva Pritchard 1994, o formicarius (1435-1437) foi a primeira obra demonológica do teólogo Jean Nider ao afirmar que são expostas as perseguições que ocorreram na Suíça pelo inquisidor Pierre de Berne, e as acusações mais decorrentes neste manuscrito sobre os feiticeiros, é que elas lançavam malefícios, provocavam tempestades, destruíam plantação, além de adorarem o diabo e sua ida aos sabás
Sousa 2009, aponta três motivos do porque a mulher era mais propensa à feitiçaria do que o homem: (i) Primeiro, porque as mulheres, seja através da bondade ou dos vícios, não possuíam moderação em controlá-los; (ii) Segundo porque por natureza elas eram mais propensas a receber influências espirituais que poderiam torná-las ainda mais virtuosas, como a Virgem Maria, ou ainda mais malignas. E o terceiro, porque elas possuem a língua; (iii) Traiçoeiro, e são fracas. A bruxaria seria apenas uma forma delas justificarem suas fraquezas e erros.
Para Sousa 2009, acreditavam que a razão primordial residia no fato “natural” de que a mulher é mais carnal que o homem, portanto, ela é perversa por natureza e mais propensa a heresia, desde a queda de um ponto interessante, que certos historiadores não admitem que a bruxaria tenha sido uma realidade para aqueles que nela acreditavam, mas preferem explicá-la pelo seu aspecto “social” ao relacionar com os comportamentos de género, sendo feiticeiros bodes expiatórios das fraquezas masculinas e não algo que teve um significado real.
Aspectos negativos da feitiçaria
A feitiçaria actua como uma válvula de pressão ao permitir libertar as pressões sentidas na comunidade, muitos aspectos negativos são detectados. Como este estudo revela, muitas consequências negativas surgem frutos destas acusações. Os actos da feitiçaria são vistos como causando uma forte perturbação social e as pessoas suspeitas de serem as responsáveis por essas perturbações vistas como merecedoras de severos castigos, agressões verbais, e mesmo a morte. Pois, a feitiçaria continua a provocar vários comportamentos que surgem perante a justiça sob várias formas.
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