No século XVII, as ciências exactas e naturais tiveram grandes progressos. Em 1628 Harvey dá a conhecer os princípios da circulação do sangue no corpo humano com a publicação dos discursos de Galileu em 1638, com a experimentação deTorricelli e Pascal e com o progresso dos matemáticos a física avançava.
Tendo posto em causa o legado cultural deixado pelos antigos, os descobrimentos ibéricos tinham substituindo como critério de verdade o saber livresco pela experiência Senhorial. Mas se no domínio das ciências da natureza era possível tomar como critério de verdade a evidencia senhorial , isto é, a experiência, já no domínio das ideias isso não era possível.
Colmatando essa lacuna surge Descartes a preconizar como critério de verdade a evidencia racional (racionalismo). Simplesmente longe de ser um dado imediato dos sentidos ou da revelação divina, a evidencia é o termo de um longo trabalho crítico efectuado através de sucessivas análises e sínteses e permanentemente acompanhado por uma dúvida metódica que surge o método histórico de investigação sobre a qual ira erguer-se pouco a pouco o edifício da historiografia científica.
Entretanto no século XVII a história recua. Com efeito não só do ponto de vista religioso se reafirma a concepção teológica (Deus guia o mundo) como do humanismo se conserva exclusivamente o aspecto literário e artístico silenciando o despertar da curiosidade universal do espírito.
Busset (1627-1704) na sua obra “discurso sobre a história universal” admite que o processo histórico é determinado não só pela intervenção de Deus mas também pela intervenção de causas naturais. Ao mesmo tempo na Inglaterra davam-se importantes passos para o futuro do pensamento histórico. Surgiram os primeiros ensaios da demografia histórica; as primeiras tentativas de explicação do produto nacional e com William Petty os primeiros trabalho de que ele denominou de “aritmética política” ( induções e deduções a partir das estatísticas políticas).
No século XVIII e sobre o impulso da filosofia das luzes (iluminismo), a história desenvolveu-se a vários níveis. O seu conteúdo deixou decididamente de se dedicar as narrações de guerra ou de vida dos monarcas. O campo das investigações históricas é substancialmente alargado.
Voltaire no “ensaio sobre costumes e o espirito das nações” é um bom exemplo destas tendências
“ eu desejo descobrir como era então (nos séculos XII e XIV) a sociedade dos homens, como se vivia no seio das famílias, que antes eram cultivados, em vez de repetir tantas desgraças e tantos combates, funestos objectos da historia em lugares comuns da maldade humana.”
Até ai confinado as classes políticas da classe dominantes, o objecto da história ‘e alargado a todos os aspectos da sociedade: a economia, aos costumes as instituições.
O problema das instituições políticas que já fora abordado anteriormente por Maquiavel e Bodin agora abordado por Montesquieu (“o espirito das leis”) e por Rousseau ( “o discurso sobre a origem das desigualdades entre os homens” e do “contracto social”).
Montesquieu, apesar da sua ambiciosa investigação no domínio dos factos naturais que conciliaram a organização das instituições políticas e as varias formas de estruturação do poder, acabou por fazer do “ espirito das leis” um compromisso entre a burguesia e a nobreza defendendo um regime de monarquia constitucional onde a nobreza tradicional teria um lugar de destaque.
Rousseau foi o defensor de alguns dos valores mas caros a nova sociedade burguesa: a soberania popular como fonte de legitimidade do poder, o amor de liberdade e da independência na igualdade entre os homens, o amor fraternal e universal, o amor a natureza e a vida simples e espontânea, o casamento por amor.
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