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Significado
Magreb ou Maghrebe (em que significa”poente ou ocidente”) é a região noroeste da África.
Localização do Maghreb

Maghreb é limitado ao norte pelo mar Mediterrâneo, ao sul pelo deserto de Sahara, a leste pelo deserto líbio, e a oeste pelo Marrocos. Abrangia, de leste para oeste, os seguintes territórios: a Tripolitânia, a Cirenaica, e Fezzan (que constituem actualmente a líbia), a Ifriqiya (que hoje constitui a Tunísia) e El- Jeza’ir ou Al- Djaza’ir (que constitui actualmente a Líbia). No computo geral, toda a África do norte insere se numa zona maioritariamente abrangida por um clima árido com uma pequena faixa de clima temperado mediterrânico situado ao norte do continente Africano.
Evolução Social
Os elementos dominantes das populações que primitivamente habitaram o Maghreb foram o povo berbere na Argélia, Tunísia e Líbia, e tuaregues na Tunísia. Com o evoluir da historia vários povos fixaram se no Maghreb: os hebreus (vindos da Espanha e da Itália), os fenícios (que se instalaram em Cartago), os gregos (que dominaram a líbia), os romanos (que ocuparam todo o Maghreb), os vândalos (que devastaram inúmeras cidades do litoral da Argélia e se fixaram na Tunísia, e, durante um breve período na líbia), os bizantinos (que dominaram o leste da Argélia e a Tunísia), os árabes e turcos (estenderam a sua influencia em todo o Maghreb).
As populações que habitaram o Maghreb foram os berberes, esses estavam divididos e organizados em cabilas. Estas cabilas eram divididas em categorias.
Primeira Categoria os Butr;
Segunda Categoria os Barani.
Esta Classificação corresponde a dois modos de vidas distintos, onde os butr eram nómadas das planícies e os barani eram sedentários das montanhas.
Os barani estavam divididos em números grupos, onde no Maghreb Central tínhamos os Kutama, no Magreb Oriental estavam os Talkata e no Maghreb Ocidental estavam os Masmudas.
No Maghreb Ocidental para alem dos Masmudas, existiam pequenos grupos dos Sanhadjas, onde estes juntaram se ao Masmudas e formaram o império Almóada.
As tribos berberes das planícies e vales costeiros eram agricultores sedentários, pertencentes a uma civilização mediterrânica, em quanto outras tribos de berberes das montanhas eram pastores nómadas e independentes.
Evolução Politica
Antes da conquista árabe, o território magrebino caracterizava se, por formas de poder local autónomas em cuja dinâmica o poder central não interferia, desde que esses poderes assegurassem a canalização de impostos e reconhecessem a autoridade religiosa do soberano. Esses pequenos reinos, subdividiam se em litorais, habitados por berberes romanizados (latinizados), e interior habitado por berberes dos planaltos e das montanhas, que não tinham sofrido qualquer influência. A chegada dos árabes subverteu o sistema dominante com instalação de teocracias políticas: os emirados e os califados.
Após a dominação árabe, Maghreb foi alvo da conquista turca que começou também no Egipto pela mão do sultão-general, Selim, em 1517. A conquista do resto do Maghreb tinha-se iniciado três anos antes, culminando com a sua divisão em três áreas administrativas: Tunis, Argel e Líbia, cada uma com as suas estruturas políticas.
Em Tunis Governavam os “beis”;
Em Argel, onde o poder era descentralizado, indirecto e circunscrito em zonas, os “páchas” e mais tarde, os “Dei”; e na Líbia os “pachas”.
O beis era um comandante supremo que era com efeito um autocrata que governava o país, daí tinha como função administrar o exercito e cobrar impostos ou taxas, o cargo de dei foi abolido e o titulo de pachá torna se hereditário.
No Maghreb, todas as estruturas politicas governavam por delegação de poder, uma vez que representavam o imperador turco, os turcos disseminaram no Magreb as suas formas de poder e a nomenclatura das suas estruturas:”Pachás”, “deis”, “beis”, “diwans”, “amires”, “mamelucos”, “sultões”, e outros. Os turcos criaram também alguma nomenclatura local para designar estruturas politicas pré-existentes e que não foram destruídas. A designação “mamelucos”, os turcos instituíram um sistema de impostos que visou, essencialmente apoiar despesas da sua administração. Os impostos eram pagos junto aos chefes locais.
Durante o domínio dos turcos otomanos dominara o mar mediterrâneo e o mar vermelho, bastante disputado pelos europeus, o poder turco no Maghreb decaiu com o ataque dos almóadas e com a revolta das suas estruturas de base: os mamelucos. Estes factos, inauguraram um período de fragilização do poder central e de consequente anarquia
Evolução Económica
A história económica da África do norte está, desde a antiguidade, relacionada com a dinâmica dos vários pólos da economia do mundo mediterrâneo: na antiguidade oriental este ligada ao pólo cartaginês; enquanto na antiguidade clássica ao pólo romano, quando Roma integrou, depois das guerras púnicas, o norte de África, criando o que chamou de província de África, na Tunísia.
De então, quando os árabes, na sua expansão islâmica, transformaram os territórios africanos e europeus que circundam o mar Mediterrâneo em sua zona de acção e de ocupação. Desde este período, a África do norte evoluiu com a dupla característica de ser uma área de influência islâmica e de interesse europeu.
Durante a antiguidade oriental, Maghreb especializaram-se no cultivo da vinha e da oliveira na sua pequena faixa de clima mediterrânico. A prática destas culturas foi estimulada pela pequena aquisição da experiência de fabrico de vinho e de azeite que lhes foi transmitida pelos fenícios, principais mercadores destes produtos. O Maghreb conheceu também a cultura cerealífera que era feita onde a queda da chuva era adequada ou complementada pela irrigação. O pastoreio nestas zonas era do tipo nómada e o artesanato do tipo caseiro. A importância agrícola do norte de África cresceu durante o período de dominação romana, quando, em 146 a.n.e., Roma institucionalizou a Ifriqiyya (Tunísia) como seu principal celeiro.
Maghreb especializou-se, desde cedo, no comércio. Isto atesta-se no facto de que os berberes da África do norte não vendiam aos fenícios exclusivamente o azeite e o vinho, mas também produtos como o marfim e o próprio elefante, ditando o crescimento de Cartago. O facto dos berberes, a quando das guerras entre Roma e Cartago, terem fornecido aos cartagineses, não só homens, como também elefantes de guerra, mostra a riqueza de Maghreb em elefantes, nessa altura. As lutas que se tratavam entre berberes e europeus pelo monopólio do comércio na região, atesta a sua importância. Efectivamente, o domínio turco na Argélia começou quando os comerciantes locais, desejados de se livrarem dos espanhóis, pediram auxílio ao pirata turco Khayr al Barba Roxa que tinha influências em Constantinopla. Este não apenas afastou espanhóis na Argélia, como o fez também na Tunísia. O domínio turco consolidou-se e a Argélia e a Tunísia prosperaram, não só a partir das receitas da actividade comercial normal, como também a partir dos lucros da pirataria consentida pelas autoridades, mediante pagamento de tributos.
Esta prosperidade só veio a conhecer termo no século XVIII. A actividade comercial, a par da actividade dos corsários (piratas), conduziu ao surgimento de uma burguesia comercial cosmopolita, constituída por muçulmanos, turcos, espanhóis da Andaluzia e judeus provenientes da Espanha e da Itália. O domínio grego e, posteriormente, romano na Líbia trouxe a construção das cidades de Leptis e Magna e a criação de estradas que permitiram estabelecer e até monopolizar o comércio com a Abissínia (Etiópia) e com o Sahel. A Líbia também aproveitou-se da pirataria: Tripoli era, até à conquista do território Líbio pelos turcos otomanos, um refúgio de piratas berberes que chegaram a desestabilizar o comércio espanhol.
As cidades maghrebinas, vieram a construir pontos extremos de um comércio próspero estabelecido com os estados africanos do Sahel, que se situavam no Sudão ocidental, central e oriental, um corredor de estados localizados na zona de estepe, uma zona intermédia entre a floresta e o deserto, e que, por isso, transaccionava mercadorias tanto do deserto, de que são exemplos o sal e o ouro, como da floresta, como são as couraças, o marfim, a goma, o azeite de dendê, as penas, os chifres, as peles, e os escravos. Este comércio era dinamizado, por um lado, pelos árabes, e, por outro lado, por grupos de comerciantes locais denominados Wangara ou Diula, que intermediavam o comércio entre as populações das florestas e as principais cidades sudanesas para onde convergiam os comerciantes árabes.
Foi a adopção do camelo como animal de carga que veio a tomar possível este comércio. As rotas que ligavam os Estados do Sudão às cidades dos estados de Maghreb eram, genericamente, designadas rotas transaharianas. Destacava-se destas rotas a designada oeste-este e sul-norte que ligava o corredor dos estados sudaneses ao Egipto situado ao norte. Esta rota não terminava propriamente naquele território, atravessava o mar Vermelho e terminava na cidade santa de Meca. Por isso, era também conhecida como a rota dos peregrinos. Similarmente, as mercadorias africanas chegadas às cidades mediterrânicas não tinham esta como pontos terminais, pois atravessavam o Mediterrâneo, sendo revendidas na Europa e na Ásia. O comércio transahariano, devido ao ídolo dos seus transportes, que se circunscrevia ao uso do camelo, restringiu-se a mercadorias de pequeno volume, mas de grande valor.
Evolução Cultural
Os magrebinos na realidade recebiam algo mais ao compartilharem com os fenícios, os mesmos fundamentos linguísticos-culturais, Afro-asiáticos. Os berberes revelaram se muito receptivos às influencias culturais semitas e a influencia fenícia abriu caminhos à aceitação das grandes religiões monoteístas, primeiro do judaísmo e posteriormente do cristianismo e do islamismo.
O Maghreb, em mudança é um caso muito diferente. Enquanto durante o segundo milénio a.n.e Mediterrâneo começava a ser percorrido por exploradores em procura de matérias-primas, principalmente cobre e ouro, provocando uma série de contactos culturais que a sua vez permitiu o nascimento de numerosas culturas em toda a cuenca por exemplo: O Argar em Espanha); O Maghreb parece Estancar-se entre um neolítico, neo-calcolítico, e neolítico, tardio e passar sua própria idade escura. Este fenómeno poderia concidir com a presença da etnia berbere, da que se desconhece sua procedência e data de aparecimento ainda que os estudiosos parecem O verdadeiro é que os textos clássicos referir-se-ão, desde então, aos indíginas no Maghreb como povos líbicos, ainda que tivessem diversas linhagens.
São do tipo funerário: cristas baixo túmulo, dolmémes (bem mais tardios que os de outros povos mediterrâneos ou atlânticas) e, ao final, uns pequenos “ hipogeos” chamados“haounets” (por exemplo, os de Debbasa, na Tunísia).
Ainda que influência dos cartagineses deveu ser importante, não causou mudanças tão drásticos (como na Andaluzia proto-histórica, por exemplo), e o Maghreb seguiu sendo uma zona com verdadeiro atraso cultural, ao que parece, devido à resistência dos líbios às inovações.
Contrariamente aos árabes e uma vez também que os turcos sofreram a islamização, eles não introduziram alterações culturais, religiosa ou linguísticas significativas na zona.
A única e verdadeira inovação atribuída aos turcos no Maghreb ocorreu na fronteira entre a Tunísia e Marrocos, dado que foi ai, na região de Argel, que Barba-Roxa e seus sucessores, decidiram instalar o seu quartel-general. Região sem significado ate então, Argel ganhou importância para os corsários como base avançada a partir da qual podiam dirigir acções contra Marrocos e contra os cristãos ocidentais.
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Bibliografia
AAVV. Dicionário Prestigio da Língua Portuguesa, Plural Editores, Maputo, 2007;FAGE, John Donald. História de África, Lisboa, editora 70, 2010;PUTRIN, Bóris. Pequeno Dicionário e Termos Políticos, Edições da Agencia de Imprensa Nóvosti, Moscovo 1983;MONES, Hussain. A conquista da África do Norte e a Resistência Berbere, in EL FASI, Mohammed (ed.) Historia Geral de África III: África dos Séculos VII ao XI, Brasília: Unesco, 2010.