A definição de uma disciplina qualquer, que atenda aos requisitos da lógica e da compreensão universal do seu objeto, é matéria das mais difíceis e ponto das mais sérias controvérsias entre seus doutrinadores.
É negável que, conforme evidenciado pelo direccionamento dos estudos desenvolvidos pelas diferentes escolas da Contabilidade, divergências houve quanto ao objeto da mesma, pois, se para os contistas o objeto da Contabilidade era o estudo das contas; para os personalistas, era o estudo das relações de débito e crédito entre os proprietários e os agentes consignatários; para os controlistas, o controle econômico; para os aziendalistas, a “azienda”; hoje, constata-se que ocorre entre os estudiosos uma convergência de que o objeto da Contabilidade é o patrimônio das entidades, conforme o ponto de vista de alguns autores citados a seguir:
Para Wilken, “é o patrimônio à disposição das aziendas no seu aspecto estático e dinâmico”.
Franco destaca que o objeto da Contabilidade: É o patrimônio e seu campo de aplicação o das entidades econômico- administrativas, assim chamadas aquelas que para atingirem seu objetivo, seja ele econômico ou social, utilizam bens patri moniais e necessitam de um órgão administrativo que pratica os atos de natureza econômica e financeira necessária a seus fins.
Carneiro, “é o patrimônio, sobre o qual se exerce a administração econômica, no sentido da sua permanência e produtividade, cujo conjunto constitui a azienda”.
D’Amore, “o patrimônio das entidades públicas e particulares, considerando, naturalmente, qualitativa e quantitativamente em seus dois aspectos – estático e dinâmico”.
Crepaldi, “é o patrimônio. Tendo como premissa básica o fato de o patrimônio empresarial não ser estático, alterando-se a cada operação, e sabendo que o volume de transações requer um controle próprio”.
Na verdade, o patrimônio é estudado em seus aspectos qualitativos e quantitativos. Por aspecto qualitativo do patrimônio, entende-se a natureza dos elementos que o compõem, como dinheiro, valores a receber, ou a pagar expressos em moeda, máquinas, estoques de materiais ou de mercadorias, etc. Essa delimitação qualitativa vai até o grau de particularização que permita a perfeita compreensão do componente patrimonial.
O atributo quantitativo refere-se à expressão dos componentes patrimoniais em valores, o que demanda que a Contabilidade assuma posição sobre o que seja “valor”, porquanto os conceitos sobre a matéria são extremamente variados.
Assim, pode-se afirmar que o objeto da Contabilidade é o estudo do patrimônio definido como o conjunto de bens, direitos e obrigações pertencentes a uma ou mais pessoas, em seus aspectos estático (econômico e financeiro) e dinâmico (variações sofridas pela riqueza patrimonial) e nos seus aspectos qualitativos e quantitativos, visando desnudá-lo e mostrar-lhe como está sua situação, no intuito de propiciar condições de intervenção no mesmo.
Leia Também Sobre: