Hades filho de Cronos, na mitologia grega, é o deus do mundo inferior e dos mortos. Equivalente ao deus romano Plutão, que significa o rico e que era também um dos seus epítetos gregos, seu nome era usado frequentemente para designar tanto o deus quanto o reino que governa, nos subterrâneos da Terra. O nome Hades vem de á (a-não) e ’ideîn (idêin-ver), lhe deram em alusão ao capacete da invisibilidade que lhe fora presenteado pelos Ciclopes.
Conteúdos
Origem: guerra de titãs
Temendo uma profecia que dizia que seria derrotado por um dos filhos, Cronos passou a devorar os filhos tão logo sua mulher, Reia, os tinha. Assim ocorrera a todos os filhos que teve, à excepção de Zeus que, para ser poupado, foi num ardil materno trocado pela mãe por uma pedra.
Cronos os devoraram na seguinte ordem: primeiro a Héstia, em seguida Deméter e Hera e, mais tarde, a Hades e Posídon. Crescendo, o jovem deus teve novamente a ajuda materna para auxiliá-lo: Reia fez com que o marido engolisse uma beberagem que o forçou a vomitar os filhos presos dentro de si. Uma vez libertos, os irmãos ficaram solidários a Zeus, no combate contra o pai. Postaram-se, então, no monte Olimpo e, com ajuda dos titãs hecatônquiros, combateram os outros titãs, que se posicionaram no monte Ótris, numa batalha que durou dez anos.
Os titãs solidários aos olímpicos (Briareu, Coto e Giges) deram aos três irmãos suas armas: a Zeus os raios, a Posídon o tridente; a Hades coube um capacete, que o tornava invisível. A derrota de Cronos deu-se com o uso das três armas: Hades, invisível com seu elmo, roubou ao pai suas armas e, enquanto Posídon o distraía com o tridente, Zeus o fulminou com seus raios.
Personificação
Hades decide sair de seu reino, montado em seu carro de negros corcéis. Estava Afrodite, naquele momento, sentada no monte Érix junto a seu filho Eros (então personificado como Cupido) e desafiou-o a lançar suas flechas no deus solitário quando, por ali, a filha de Deméter transitava no vale de Ena, igualmente solteira.
Flechado pelo Amor, Hades rapta a bela sobrinha que, apavorada, clama por socorro à mãe e suas amigas mas, sem ter como reagir acaba resignando-se. Hades excita os cavalos a fugirem o mais depressa possível até que chegaram ao rio Cíano, que se recusou a dar- lhe passagem. O deus então feriu-lhe a margem, abrindo a terra e criando uma entrada para o Tártaro.
Deméter parte numa busca inútil à filha, indo de Eos (Aurora) até as Hespérides. Em sua peregrinação salva um menino, a quem incumbe de ensinar a agricultura aos homens.
Ao vê-la a deusa se revolta, culpando a terra por seu sofrimento: a maldição que lança provoca a infertilidade do solo e a morte do gado. A deusa de imediato vai ao Olimpo, onde pleiteia a Zeus fosse a filha restituída. Zeus obrigara Hades a devolver a filha de Deméter, mas que pelo possível ardil do deus ctônio, ela fora impedida de fazê-lo por ter ingerido uma única semente de romã.
Os monarcas Hades e Perséfone não apenas governavam as almas dos mortos, mas tinham o papel de juízes da humanidade depois da vida. Nisto eram auxiliados por três heróis que foram, em vida, reconhecidos por seu senso de justiça e sabedoria: Minos, seu irmão Radamanto e Éaco que, numa versão mais tardia, era o responsável pelas portas do mundo inferior.
Maçã do amo
A romã, fruto que fizera com que Perséfone ficasse presa ao Hades, é também chamada de maçã do amor. O uso desta fruta na simbologia é, em razão do grande número de sementes, como sinal de fertilidade; entretanto, não há descendência da união de Hades e Core: a romã, em contradição ao seu significado, condenara a deusa à infertilidade.
Relacionamentos
Hades permaneceu fiel à esposa Perséfone, salvo em duas ocasiões: a primeira quando teria se deixado enamorar pela ninfa do Cócito, Minta; perseguida pela rainha Core, foi transformada pelo deus em menta. A segunda teria sido o amor por uma Oceânida.
Culto de Hades
Bastante disseminado era o culto a Hades, tanto entre gregos quanto, depois, pelos romanos. diz Brandão que “as inscrições mostram que mesmo assim era muito pouco cultuado na Terra, possuindo, com certeza, apenas um templo em Elêusis e outro menor em Élis, que era aberto somente uma vez por ano e por um único sacerdote”.
Entretanto, era tão temido que seu nome não era pronunciado, senão raramente. Vigorava o temor de, nomeando-o, atrair-lhe a cólera.
Templos e festivas
Na Grécia, seus mais importantes templos ficavam em Pilos, Atenas, Olímpia e Elida. Neste povo dedicavam ao deus o narciso, o cipreste e o buxo. O templo de Pilos era uma construção magnífica e, próximo ao rio Corelo, na Beócia, possuía um altar que, por razões místicas, era partilhado com Atenas.
Em Roma, um grande festival ocorria em Fevereiro – as februationes – que durava doze noites. Também era chamado Carestia, uma vez que as oblações eram feitas à morte. Nele eram sacrificados touros e cabras negras, enquanto o sacerdote que presidia o cerimonial ostentava uma coroa com folhas de cipreste. Uma vez a cada cem anos eram realizados em sua honra e tributo aos mortos os jogos chamados Seculares. Era ilícito o sacrifício diurno, pois o deus tinha aversão à luz.
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