Ísis, foi uma das principais divindades na religião do Antigo Egipto cuja veneração espalhou-se também para o mundo greco-romano. Ela foi mencionada pela primeira vez no Império Antigo como uma das personagens principais do mito de Osíris, em que ressuscita seu marido, o rei Osíris, e produz e protege seu herdeiro, Hórus. Acreditava-se que Ísis ajudava os mortos a entrarem no pós-vida da mesma forma que tinha feito com Osíris, também sendo considerada como a mãe divina do faraó, que por sua vez estava ligado a Hórus. Seu auxílio materno era invocado em feitiços de cura para beneficiarem o povo comum.
Conteúdos
Papel
O mito sobre a morte e ressurreição de Osíris foi relatado pela primeira vez nos Textos da Pirâmides e cresceu até se tornar o mais elaborado e influente de todos os mitos egípcios. Ísis desempenha um papel mais activo nesse mito do que os outros protagonistas, tornando-se dessa forma o personagem literário mais complexo de todas as divindades egípcias enquanto a história desenvolvia-se na literatura desde o Império Novo (c. 1550-1070 a.C.) até o Reino Ptolemaico (305-30 a.C.). Ao mesmo tempo, ela absorveu as características de muitas outras deusas, ampliando sua significância para além do mito de Osíris.
Ísis fazia parte da Enéade, uma família de nove deuses descendentes do deus criador: Atum ou Rá. Ela e seus irmãos Osíris, Set e Néftis eram a última geração da Enéade, nascidos de Geb, deus da terra, e Nut, deusa do céu. O deus criador, o governante original do mundo, passou sua autoridade através das gerações masculinas, assim Osíris tornou-se rei. Ísis, esposa e irmã de Osíris, era sua rainha.
Set matou Osíris e, em várias versões, desmembrou seu corpo. Ísis e Néftis, junto com outras divindades como Anúbis, procuraram pelas partes do corpo de seu irmão e o remontou. Seus esforços foram o protótipo mítico da mumificação e outras antigas práticas funerárias egípcias. Segundo alguns textos, eles também tiveram de proteger o corpo de Osíris de mais dessecações nas mãos de Set ou de seus servos.
Protectora
Hórus era igualado a cada faraó vivo enquanto Osíris por sua vez era igualado com os predecessores mortos do faraó. Ísis era assim a mãe e a esposa mitológica dos faraós. Sua importância primária nos Textos das Pirâmides para o faraó era como uma das divindades que o protegiam e o auxiliavam na pós-vida. Sua proeminência na ideologia real cresceu no decorrer do Império Novo. Relevos em templos da época mostravam o faraó mamando do seio de Ísis; seu leite não apenas curava a criança, mas também simbolizava seu direito divino para reinar
As acções de Ísis ao proteger Set tornaram-se parte de um aspecto mais amplo e belicoso. Textos funerários do Império Novo a retratam na barca de Rá enquanto navegam para o submundo, atuando como uma de várias divindades que subjugam Apep, o arqui-inimigo de Rá.
Culto de Ísis
O culto a Ísis tinha ligações próximas com o de divindades masculinas como Osíris, Min e Ámon até por volta do final do Império Novo. Ela era comummente venerada ao lado deles como sua mãe ou consorte, sendo especialmente cultuada como a mãe das várias formas locais de Hórus. Mesmo assim, ela tinha seus próprios sacerdócios individuais em alguns locais, com pelo menos um templo próprio em Abidos, um centro de culto a Osíris, durante a parte posterior do Império Novo.
Ritos funerários
Ísis e Néftis eram retratadas ajudando o faraó falecido a alcançar a pós-vida em muitos dos feitiços presentes nos Textos das Pirâmides. Ísis aparecia mais frequentemente nos Textos dos Sarcófagos do Império Médio, porém nessas escrito Osíris foi creditads mais frequentemente como o responsável por trazer os mortos de volta a vida do que ela. Fontes do Império Novo como o Livro dos Mortos descreveram a deusa como protegendo as almas falecidas enquanto enfrentam os perigos do Duat. Eles também descreveram Ísis como membro dos conselhos divinos que julgavam as virtudes morais da alma antes de aceitá-las na pós-vida, aparecendo em vinhetas ao lado de Osíris enquanto ele presidia esse tribunal.
Influência no cristianismo
Uma questão controversa sobre Ísis é se seu culto influenciou o cristianismo. Alguns costumes Isíacos podem ter estado entre as práticas pagãs que foram incorporadas às tradições cristãs enquanto o Império Romano era cristianizado. Por exemplo, o historiador Andreas Alföldi argumentou que o festival medieval do Carnaval, em que um modelo de barco era carregado pelas ruas, desenvolveu-se do Navigium Isidis .
Grande atenção foi prestada para a questão de se traços do cristianismo foram tirados de cultos de mistério pagãos, incluindo o de Ísis. Os membros mais devotos do culto faziam um comprometimento pessoal a deusa que consideravam superior a outros, assim como os cristãos.
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