Objetivos da leitura
Apesar da necessidade de que a leitura seja sempre proveitosa, existem várias maneiras e objectivos para quem pretende lidar com um texto. Assim, temos:
a) scanning – procura de certo tópico da obra, utilizando o índice ou sumário, ou a leitura de algumas linhas, parágrafos, visando encontrar frases ou
Palavras-chave;
b) skimming – captação da tendência geral, sem entrar em minúcias, valendo-se dos títulos, subtítulos e ilustrações, se houver; deve-se também ler parágrafos, tentando encontrar a metodologia e a essência do trabalho;
c) Do significado – visão ampla do conteúdo, principalmente do que interessa,
Deixando de lado aspectos secundários, percorrendo tudo de uma vez, sem voltar;
d) De estudo ou informativa – absorção mais completa do conteúdo e de todos os significados, devendo-se ler, reler, utilizar o dicionário, marcar ou sublinhar palavras ou frases-chave e fazer resumos;
e) Crítica – estudo e formação de ponto de vista sobre o texto, comparando as declarações do autor com todo o conhecimento anterior de quem lê; avaliação dos dados e informações no que se refere à solidez da argumentação, sua fidedignidade, sua actualização, e também verificação de se estão correctos e completos.
Por sua vez, o que especificamente nos interessa é a leitura de estudo ou informativa.
Este visa à colecta de informações para determinado propósito. Apresenta três objectivos predominantes:
- Certificar-se do conteúdo do texto, constatando o que o autor afirma, os dados que apresenta e as informações que oferece;
- Correlacionar os dados colectados a partir das informações do autor com o problema em pauta;
- Verificar a validade dessas informações.
Elementos
A leitura constitui-se em factor decisivo de estudo, pois propicia a ampliação de conhecimentos, a obtenção de informações básicas ou específicas, a abertura de novos horizontes para a mente, a sistematização do pensamento, o enriquecimento de vocabulário e o melhor entendimento do conteúdo das obras.
É necessário ler muito, continuada e constantemente, pois a maior parte dos conhecimentos é obtida por intermédio da leitura: ler significa conhecer, interpretar, decifrar, distinguir os elementos mais importantes dos secundários e, optando pelos mais representativos e sugestivos, utilizá-los como fonte de novas ideias e do saber, através dos processos de busca, assimilação, retenção, crítica, comparação, verificação eintegração do conhecimento: Por esse motivo, havendo disponíveismuitas fontes para leitura e não sendo todas importantes, impõe-se uma selecção.
Na busca do material adequado para a leitura, há que identificar o texto. Para tal, existem vários elementos auxiliares, como segue:
a) O título – apresenta-se acompanhado ou não por subtítulo, estabelece o assunto e, às vezes, até a intenção do autor;
b) A data da publicação – fornece elementos para certificar-se de sua actualização e aceitação (número de edições), excepção feita para textos clássicos, onde não é a actualidade que importa;
c) A “orelha” ou contracapa – permite verificar as credenciais ou qualificações do autor; é onde se encontra, geralmente, uma apreciação da obra, assim como indicações do “público” a que se destina;
d) O índice ou sumário – apresenta tanto os tópicos abordados na obra quanto as divisões a que o assunto está sujeito;
e) A introdução, prefácio ou nota do autor – propicia indícios sobre os objectivos do autor e, geralmente, da metodologia por ele empregada;
f) A bibliografia – tanto final como as citações de rodapé, permite obter uma ideia das obras consultadas e suas características gerais.
Os livros ou textos seleccionados servem para leituras ou consultas; podem ajudar nos estudos em face dos conhecimentos técnicos e actualizados que contêm, ou oferecer subsídios para a elaboração de trabalhos científicos, incluindo seminários, trabalhos escolares e monografias. Por esse motivo, todo estudante, na medida do possível, deve preocupar-se com a formação de uma biblioteca de obras seleccionadas, já que serão seu instrumento de trabalho. Inicia-se, geralmente, por obras clássicas, que permitem obter
Uma fundamentação em qualquer campo da ciência a que se pretende dedicar, passando depois para outras mais especializadas e atuais, relacionadas com sua área de interesse profissional.
Fases da leitura
A leitura informativa engloba várias fases ou etapas, que podem ser assim sintetizadas:
a) De reconhecimento ou prévia – leitura rápida, cuja finalidade é procurar um assunto de interesse ou verificar a existência de determinadas informações.
Faz-se olhando o índice ou sumário, verificando os títulos dos capítulos e suas subdivisões;
b) Exploratória ou pré-Leitura – leitura de sondagem, tendo em vista localizar as informações, uma vez que já se tem conhecimento de sua existência.
Parte-se do princípio de que um capítulo ou tópico trata de assunto que nos interessa, mas pode omitir o aspecto relacionado directamente com o problema que nos preocupa. Examina-se a página de rosto, a introdução, o prefácio, as “orelhas” e a contracapa, a bibliografia e as notas de rodapé;
c) Selectiva – leitura que visa à selecção das informações mais importantes relacionadas com o problema em questão. A determinação prévia dos distintos propósitos específicos é importante para esta fase, que se constitui no último passo de localização do material para exame e no primeiro de uma leitura mais séria e profunda. A seleção consiste na eliminação do supérfluo e concentração em informações verdadeiramente pertinentes ao nosso problema;
d) Reflexiva – mais profunda do que as anteriores, refere-se ao reconhecimento e à avaliação das informações, das intenções e dos propósitos do autor. Procede-se à identificação das frases-chave para saber o que o autor afirma e por que o faz;
e) Crítica – avalia as informações do autor. Implica saber escolher e diferenciar as ideias principais das secundárias, hierarquizando-as pela ordem de importância. O propósito é obter, de um lado, uma visão sincrética e global do texto e, de outro, descobrir as intenções do autor. No primeiro momento da fase de crítica deve-se entender o que o autor quis transmitir e, para tal, a análise e o julgamento das idéias dele devem ser feitos em função de seus próprios propósitos, e não dos do pesquisador; é no segundo momento que devemos, com base na compreensão do quê e do porquê de suas proposições, rectificar ou ratificar nossos próprios argumentos e conclusões;
f) Interpretativa – relaciona as afirmações do autor com os problemas para os quais, através da leitura de textos, está-se buscando uma solução. Se, de um lado, o estudo aprofundado das idéias principais de uma obra é realizado em função dos propósitos que nortearam seu autor, de outro, o aproveitamento integral ou parcial de tais proposições está subordinado às metas de quem estuda ou pesquisa: trata-se de uma associação de ideias, transferência de situações e comparação de propósitos, mediante os quais selecciona-se apenas o que é pertinente e útil, o que contribui para resolver os problemas propostos por quem efectua a leitura. Assim, é pertinente e útiltudo aquilo que tem a função de provar, rectificar ou negar, definir, delimitar e dividir conceitos, justificar ou desqualificar e auxiliar a interpretação de proposições, questões, métodos, técnicas, resultados ou conclusões;
g) Explicativa – leitura com o intuito de verificar os fundamentos de verdade enfocados pelo autor (geralmente necessária para a redacção de monografias ou teses).
Bibliografia
MARCONI, Maria de Andrade. LAKATOS, Eva Maria, Fundamentos de métodos de estudo científico, 5ª edição são Paulo editora Atlas S.A.-2003.