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Anaxímenes
Anaxímenes de Mileto. (Grego: Άναξιμένης; 588-524 a.C.). Anaxímenes foi um filósofo pré-socrático do Período Arcaico, activo, tal como outros na sua escola de pensamento, praticou o materialismo monista. Esta tendência para identificar uma específica realidade composta de um elemento material constitui o âmago das contribuições que deu fama a Anaxímenes. Escreveu a obra “Sobre a Natureza”, em prosa. Dedicou-se especialmente à meteorologia. Foi o primeiro a afirmar que a luz da Lua é proveniente do Sol.
Anaxímenes e a água
Enquanto os seus predecessores, Tales de Mileto e Anaximandro, propuseram que o arqué ou arché, a substância primária, era a água respectivamente, Anaxímenes afirmava ser o ar a sua substância primária, a partir da qual todas as outras coisas eram feitas. Enquanto a escolha de ar possa parecer arbitrária, ele baseou as suas conclusões em fenómenos observáveis na natureza, como a ficção e a condensação.
Quando o ar condensa, torna-se visível, como o nevoeiro e depois a chuva e outras formas de precipitação, e enquanto o ar arrefece, Anaxímenes supunha que se formaria terra e posteriormente pedra. Em contraste, a água evapora em ar, que posteriormente por ignição produz chamas quando mais rarefeito.
Enquanto outros filósofos também reconheciam tais transições em estados da matéria, Anaxímenes foi o primeiro a associar os pares de qualidades quente/seco e frio/molhado com a densidade de um único material e a adicionar uma dimensão quantitativa ao sistema monista milésio. Simplício em seu livro “Física” nos conta:
“Anaxímenes de Mileto, filho de Eurístrates, companheiro de Anaximandro, afirma também que uma só é a natureza subjacente, e diz, como aquele, que é ilimitada, não porém indefinida, como aquele (diz), mas definida, dizendo que ela é Ar. Diferencia-se nas substâncias, por rarefacção e condensação. Rarefazendo-se, torna-se fogo; condensando-se, vento, depois, nuvem, e ainda mais, água, depois terra, depois pedras, e as demais coisas provêm destas. Também ele faz eterno o movimento pelo qual se dá a transformação”. “do ar dizia que nascem todas as coisas existentes, as que foram e as que serão, os deuses e as coisas divinas”.
A cosmologia de Anaxímenes
Tendo concluído que tudo no mundo é composto de ar, Anaxímenes usou depois a sua teoria para desenvolver um esquema que explicasse as origens de natureza da terra e dos corpos celestes ao seu redor. O ar para criar o disco plano da terra, que dizia ser da forma de pão numa mesa e que se comportava como uma folha a flutuar no ar. Mantendo a visão aceite de que os corpos celestes eram como bolas de fogo no céu, Anaxímenes propôs que a terra libertasse uma exalação de ar rarefeito (pneuma) que se transformava em fogo, formando no final as estrelas. O sol não seria composto de ar rarefeito, mas sim de terra, assim como a lua.
O seu aspecto em ignição não vem da sua composição mas sim do seu movimento rápido. A lua é também considerada como sendo plana, flutuando em fluxos de ar, e quando se oculta abaixo do horizonte não passa por debaixo da terra mas é obscurecida por partes mais elevadas da terra enquanto faz o seu circuito e se torna mais distante. O movimento do sol e dos outros corpos celestiais à volta da terra é similar, diz Anaxímenes, ao modo como um chapéu pode ser rodado na cabeça de uma pessoa.
Obras de Anaxímenes
Anaxímenes escreveu a obra de nome “Peri Physeos” (Sobre a Natureza), obra que hoje em dia se encontra perdida. Mas temos referência a ela a partir de Diógenes Laércio, que disse dele que escrevia em dialecto jônico e num estilo conciso. Segundo menciona Plínio, o Velho na sua obra “História Natural” (Livro II, Capítulo LXXVI), Anaxímenes foi o primeiro a analisar geometricamente aspectos das sombras para medir as partes e divisões do dia, e desenhou um relógio de sol que denominava “Sciothericon”. Literalmente:
Umbrarum hanc rationem et quam vocant gnomonicen invenit Anaximenes Milesius, Anaximandri, de quo diximius, discipulus, primusque horologium, quod appellant, Lacedaemone ostendit.
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