Geógrafo e etnógrafo alemão, nascido em Karlsruhe, Baden. Iniciou-se profissionalmente trabalhando como farmacêutico até os 21 anos de idade, quando passou a estudar Ciências Naturais e depois Geografia, recebendo o doutorado em zoologia pela Universidade de Heidelberg (1868).
Ensinando ciências em Munique e Leipzig, publicou um ensaio sobre a obra de Darwin (1868) e mais tarde interessou-se também pelas teorias sobre a migração de espécies. Depois trabalhou como correspondente do jornal Kölnische Zeitung, de Colónia (1874-1875), viajou pelo sul da Europa, México e Estados Unidos, o que o levou ao estudo da antropogeografia (geografia humana).
De volta à Alemanha, tornou-se professor universitário em Munique e, posteriormente, em Leipzig. Mundialmente conhecido por ter sido um dos fundadores da Ciência Geográfica, especialmente da Antropogeografia ou Geografia Humana, com a criação da disciplina Geopolítica.
Assim como os demais geógrafos clássicos, Ratzel sustenta que a geografia não é uma ciência natural e nem uma ciência humana, mas sim uma ciência de contacto entre essas duas grandes áreas do conhecimento. Essa corrente de pensamento definia a geografia como uma ciência de síntese, isto é, uma ciência que estuda as relações entre elementos heterogéneos na superfície terrestre, tanto os naturais quanto os sociais.
Mas ele foi também o primeiro a propor a constituição de um ramo da geografia especificamente dedicado ao estudo do homem na sua interacção com a natureza, ao qual ele denominou “antropogeografia”. Assim, Ratzel “é considerado por muitos o fundador da moderna geografia humana, sendo responsável também pelo estabelecimento da geografia política como disciplina.”
Ratzel deixou bem claro no início do seu livro Antropogeografia que ele é contra o determinismo simplista.
Já na Antiguidade procurava-se explicar as diferenças entre os povos com base em raciocínios deterministas acerca das influências naturais sobre a fisiologia humana, sobre o “carácter” de cada povo ou ainda sobre as formas de organização política. A ideia popular de que certos grupos nacionais ou regionais seriam preguiçosos devido aos efeitos do clima quente sobre a disposição física das pessoas exemplifica esse tipo de raciocínio, pois expressa uma relação directa de causa e efeito entre clima e comportamento.
Em Ratzel, porém, a adaptação do homem ao ambiente é entendida sob a óptica da utilização de recursos naturais para a reprodução dos elementos materiais da cultura, o que muda completamente o sentido da interpretação. Esse autor entendia que o ambiente interfere no desenvolvimento de uma sociedade na medida em que pode oferecer melhor ou pior acesso aos recursos, actuando assim como estímulo ou obstáculo ao progresso. As leis que governam a história humana são, assim, produtos de um processo dinâmico e permanente de adaptação ao ambiente, e não um resultado directo da acção de factores naturais, como o clima ou o relevo, sobre os homens, assim, combatendo o determino geográfico presente em muitas obras de geografia de fins de século XIX e início do século XX.
Morreu em Ammerland, Germânia, e suas mais importantes obras foram Anthropogeographie (1882-1891), Völkerkunde (1885-1888), Politische Geographie (1897), Die Erde und das Leben (1901-1902) e Lebensraum (1901), um de seus conceitos mais importantes e fundamentais para a Geografia, principalmente a Alemã. Este conceito foi fundamental para a expansão do império alemão no século XIX, e para “apagar” os reptícios feudais que ainda estavam presentes na Alemanha, após a unificação do império austro-húngaro; e também para a consolidação do pangermanismo.
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