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História do povo Sena
Dois terço da população da companhia de Moçambique adoptou o chisena.. A palavra `Sena parece ser uma corrupção das palavras «Siona» ou «Chona».(MEQUES, J. Domingos: 199 p.2)
O chisena é uma língua banta, falada nas margens do Zambeze, desde o Chinde ate Tambara. O número total dos falantes é relativamente elevado, cerca de 30.000.
De um ponto de vista histórico o estudo da língua Chissena é de maior interesse. Foi com esta língua que os primeiros portugueses que subiram pelo rio Zambeze se familiarizavam para se introduzirem depois na própria corte é do estado Monomotapa. O povo assena é um povo agrícola. Pela sua miscigenação com os portugueses originou-se uma raça mista entre eles.
Cultura material
A roupa tradicional do povo Sena foi muito influenciada pelos árabes que fizeram o primeiro negócio no rio Zambeze. Os utilizavam kaphndu, um lençol que passava entre os pernas e foi amarado, junto com uma camisa comprida. As mulheres ricas utilizam roupa comprida com mangas compridas. Quando uma mulher veste-se desta maneira ninguém critica. É bem vestida. As meninas são obrigadas de manter os seios cobertos. Depois das cerimónias de gravidez (makhurudzu) a senhora já não tem esta obrigação.
Depois das cerimónias de iniciação das meninas havia tatuagem de vários tipos: necente, nas pernas, cikudzire, na coluna, n`sago, no braço; n`kwenyabwerera, nos ombros; pithatha, na barriga; e maborosa, nas costelas. Havia tatuagem na cara para identificar o povo sena, mas pequenas tatuagens, não muitas como faz o povo makonde.
Danças tradicionais do Senas
As danças tradicionais que não tem nada a ver com os demónios, mas simplesmente fazem parte do património cultural do povo Sena. As danças do povo Sena distintivas e facilmente reconhecidas. Todos sabem que aquele estilo é Sena.
Também comemora-se nos eventos e datas na história. Fazem lembrar o que passou.
a) Sedo: uma dança que usa 9 batuques de várias alturas, dançando quando alguém morrer., depôs do enterro. Os participantes põe mascaras, como fosse carnaval e para animar e aliviaras pessoas.
b) Use: uma dança de tristeza, com um só batuque. Dança-se durante funerais, antes do enterro.
c) Djagadja: dança-se com máscaras (mas não com tantas máscaras) para alegrar pessoa depois de morrer. Usam três (3) batuques, e todos os homens e mulheres que sabem dançar podem participar.
d) Manyalala: uma dança das mulheres dançada quando uma noiva casa-se. É educativo; as mulheres cantam para ensinar o casal que tem que ter respeito.
e) Ngundula: uma Dança para todos, com três (3) batuque, para jovens em festas quaisquer.
As danças podem ser substituída nas igrejas com coros ou conjuntos de musicais para jovens. Os jovens não praticam estas danças, mas podem utilizar os instrumentos musicais (como o mbango para cantar o senhor).
O Sistema jurídico Tradicional dos Senas
Falando do sistema jurídico, refere-se a normas oficiais interdependentes que, portanto, reunidas segundo um princípio unificador e tem como finalidade de dar disciplina a convivência social e preceituar a conduta dos indivíduos.
Sendo assim, falando e tocando a parte particular e peculiar da cultura ou do grupo etnolinguístico a/ou dos Senas, importa fazer uma menção de que a tal cultura, tem sua maneira de julgar, para manterem a sua convivência em ordem.
Na cultura referida, há uma presença do Nhänkwawa (traduzindo: Regulo ou Líder), que portanto, tem o poder de julgar.
O tribunal de Mwavi
Para o decorrer do julgamento, os Senas, tem sua casa que serve de julgamento, a chamada “Tribunal de Mwavi”, entretanto, é o Nkumbasa que faz o Tribunal de Mwavi. Também é chamado de Saphenda, porque ferve a palha numa caixinha chamada, portanto, phenda.
Se por acaso numa área (a dos senas) entrar um leão, o mambo convoca a participação de todos para se reunir, este, porem, dizia: ` mulheres têm que fazer uma viagem chamada likwekwe`.
Casamento: Macungudzo
O casamento tradicional entre o povo sena realiza-se da seguinte maneira: o rapaz que quer casar fala com um medianeiro, que convida meninas recomendadas, de bom comportamento, para casa. O medianeiro do rapaz a cada convidada, «vem pilar»! O rapaz escolhe uma menina entre elas e fala com o medianeiro sobre a escolha dele. A menina recebe um sinal dele, que ela mostra aos pais delas. Depois, o rapaz dá um outro sinal a ela. Nesta altura, os pais d menina e oferecem mio rapaz visitam os pais da menina e dão mais um sinal a menina. Ela entrega isso aos pais dela para mostrar que ela aceita de livre vontade o casamento. As vezes, os pais do rapaz entregam o lobolo (pagamento tradicional) aos pais da menina durante a visita. Combinam o dia do casamento.
Quando a menina é muito nova, fazem uma cerimónia na altura em que atinge a idade para casar, chamada kudyesana. Casam-se seis meses até um ano depois deste encontro entre as famílias. Durante este período, a menina está sempre acompanhada por uma irmã quando visita o rapaz ou em cas dos sogros. O dia do casamento pode ser combinado pelas duas famílias para ter uma grande festa, ou pode ser realizada por outra maneira: no dia do casamento, os sogros mandam prendera menina por «surpresa». Ela finge que não quere sair da casa dos pais. Os homens enviados pelos sogros pede água a ela, e quando ela dá, apanham a menina. Levanam-na a casa dos sogros. Ela tem que chorar muito, e parecer que não tem coragem. Os sogros ficam «zangados» com os raptores e devolvem a menina a sua casa. A madrinha dela e o padrinho do noivo chamam-se mapungo «conselheiros» do casal. A madrinha leva ela até a casa onde ela vai casar.
Organização Social
No governo tradicional havia estádios grandes onde reinava o mambo (rei), juntos com ajudante dele (saphanda). Uma assembleia de conselheiros (mathubo) também servia o rei. O nhandal avisava o rei de acordo com o espirito territorial da região. Atras de cada Governo que controlava as decisões do rei. O chefe chama se mweni.
Uma pessoa sena pode identificar a sua geneologia a três coisas: dzindza dele (sena), nthupo e o nkhondo. Dentro do ndzindza há vários mithupos. O nthupo ee o nome do louvor do clã, e o nome do tabu associado com o clã. Pode identificar familiares distantes com a pergunta: nthupo anu ndimwe ani. Com a resposta, ndife nthambo.
Religião tradicional
Quando alguém morrer, não é o fim da vida, o povo sena acredita na existência da Deus por natureza. Os antepassados são mediterrânios e os levam a Deus, quando eles rezão têm que por farinha no chão, para todos os escravos mortos, outra farinha para os dos senhores, importantes mortos, e depois outra farinha que represente Deus.
Depois da morte a alma das pessoas boas estão com Deus, e também acreditam que ficam perto para serem contactadospelos
Para esta etnia a morte é concebida como algo assaz mente temeraria, fautora de profundas dores e constelações no amago dos perdedores de um dos membros da família (a pessoa mais amada).
Segundo o nosso entrevistado João Caetano líder do Bairro Consito distrito do dondo, ele concebe a morte como o desaparecimento físico de uma pessoa (atendendo e considerando que estamos na perspectiva antropológica).
Mas, por mais que seja dorida como for esta morte, eles estão a qualquer momento consciencializado que pode aparecer a morte a qualquer altura para qualquer um, ficando por este motivo preparados para encara-la, por ser algo natural.
Quando alguém numa dada sociedade morre, consideram que a família do malogrado encarrou sofrimento, portanto, vão na casa desta família enlutada outros familiares, amigos, inclusive toda comunidade com intuito de comungar a mesma dor e dirimindo a assaz dor da família enlutada, tendo-se aglomerado todos na casa do falecido, a família juntamente com os outros de sentimentos profundos, procuram organizar materiais fúnebres como caixão pode ser tradicional, usam enxada, pá, picareta, catana, as vezes machado para abertura de uma tumba. Depois de preparação da tumba, levam o corpo para o caixão e de seguida procedem para o cemitério local onde será depositado o corpo do malogrado, acompanhando com cânticos fúnebres, podem ser também de carácter religiosos.
No cemitério, eles cantam e fazem orações de despedida do malogrado, e vão assim sepultando o corpo. Depois do enterro, todos voltam para casa do falecido, para se despedirem com a família em profundas tristezas, sensibilizando-ma desejando a paz e a felicidade. Dai, vão só esperando a cerimónia do sétimo dia, que é a cerimónia de purificação.
Leia Também Sobre:
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- Os estados Moçambicanos e a penetração mercantil Estrangeira
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- O Traidor Gatsi-Rusere
Bibliografia
ANDRE, Eusébio e VANICELA, Romeu Pinheiro. Introdução ao estudo de história U.C.M. Beira, CED-U.C.M 2007 ;
Departamento da Historia Universidade Eduardo Mondlane. História de Moçambique. Livraria Universitária, Maputo, 1982;HEDGES, David. Moçambique no auge do colonialismo 1930-1961. Livraria Universitária Eduardo Mondlane, volume 2, Maputo, 1999.