Samora Machel
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Samora Moisés Machel, foi o primeiro presidente de Moçambique independente (Republica Popular de Moçambique na altura) desde 25 de junho de 1975 (dia da Indepencia) a 19 de outubro de 1986 (data da sua morte).
Biografia de Samora Machel
Samora Moisés Machel, nasceu na Província de Gaza aos 29 de Setembro de 1933, foi o primeiro Presidente de Moçambique independente, tendo presidido o país de 25 de Junho de 1975 a 19 de Outubro de 1986, quando perdeu a vida vítima de um acidente aéreo nos Montes Libombos, em Mbuzine.
Samora Machel é filho de um agricultor, Mandande Moisés Machel, da aldeia de Madragoa (actualmente Chilembene), entrou na Escola Primária com nove anos, frequentou uma escola da Igreja Católica. Terminou a escola primária com cerca de 18 anos quis continuar a estudar, mas os padres só lhe permitiam estudar teologia e Samora decidiu ir tentar a vida em Lourenço Marques, onde começou a trabalhar no principal hospital daquela cidade e, em 1952 começou o curso de enfermagem.Em 1956, foi colocado como enfermeiro na ilha da Inhaca, em frente da cidade de Maputo, onde casou com Sorita Tchaicomo, com quem teve quatro filhos, Joscelina, Edelson, Olívia e Ntewane.
O espirito nacionalista sempre esteve presente na forma de estar de Samora Machel, tendo por essa via mantido Eduardo Mondlane de visita a Moçambique, em 1961, que nessa altura trabalhava no Departamento de Curadoria da ONU.Finalmente em 1963 toma a decisão de abandonar Moçambique, em 1963 e juntar-se à FRELIMO, na Tanzânia. Juntou-se com um grupo de membros do ANC sul-africano, que lhe ofereceram boleia num avião que tinham fretado. Machel foi integrado num grupo de recrutas para receber treino militar na Argélia.
No seu regresso à Tanzânia, ele tornou-se imediatamente num comandante.Em Novembro de 1966, na sequência do assassinato do então Chefe do Departamento de Defesa e Segurança da Frelimo, Filipe Samuel Magaia, Samora foi nomeado chefe do novo Departamento de Defesa com as mesmas funções.Em 1967, Samora Machel criou o Destacamento Feminino para envolver as mulheres moçambicanas na luta de libertação e, em 1969 casou-se oficialmente com Josina Muthemba, quem tiveram um filho, Samora Machel Jr. Em 1968, foi reaberta a “Frente de Tete”, que foi a forma como Samora respondeu a dissidências que se verificaram dentro do movimento, reforçando a moral dos guerrilheiros.Em 3 de Fevereiro de 1969, Eduardo Mondlane, então presidente da FRELIMO, foi assassinado com uma bomba encomenda. Uria Simango, o vice-presidente, assumiu a presidência, mas em Maio de 1970 Simango foi expulso do movimento e Samora Machel foi eleito Presidente da FRELIMO e Marcelino como Vice-Presidente. Nos anos seguintes, até 1974, Samora conseguiu organizar a guerra de forma, não só a neutralizar a ofensiva militar portuguesa, comandada pelo General Kaúlza de Arriaga, mas também organizar as Zonas Libertadas.
Machel participou a 7 de Setembro de 1974, na assinatura dos Acordos de Lusaka entre o governo português e a FRELIMO, o que permitiu que independência teria lugar a 25 de Junho de 1975. Foi numa sessão do Comité Central realizada na praia do Tofo (Inhambane) e dirigida por Samora, que foi aprovada a Constituição da República Popular de Moçambique e decidiu-se que Samora seria o Presidente da República.
Menos de um mês depois da independência, Samora anunciou a nacionalização da saúde, educação e justiça; passado um ano, a nacionalização das casas de rendimento, lançou grandes programas de socialização do campo, com o apoio dos países socialistas, envolvendo-se pessoalmente numa campanha de colheita do arroz. Conseguiu ainda o apoio popular, principalmente dos jovens, para operações de grande vulto, tais como o recenseamento da população, em 1980, e a troca da moeda colonial pela nova moeda, o Metical.Na frente externa,
Samora sempre seguiu uma política de angariar amizades e apoio para Moçambique, não só entre os “amigos” tradicionais, os países do “bloco soviético” e unindo os países vizinhos numa frente de integração regional, a SADA na altura SADCC, até entre os seus “inimigos”, tendo sido inclusivamente sido recebido (embora com frieza) por Ronald Reagan e assinado um acordo de boa-vizinhança com Pieter Botha, o presidente da África do Sul dos últimos anos do apartheid (o Acordo de Nkomati).
Apesar disso, Samora não conseguiu suster a guerra que, iniciada logo a seguir à independência pelos vizinhos regimes racistas (a África do Sul e a Rodésia de Ian Smith, se tornou numa verdadeira guerra civil que durou 16 anos, provocou cerca de um milhão de mortos e cinco milhões de deslocados e destruiu grande parte das infra-estruturas do país.Em 19 de Outubro de 1986, quando se encontrava de regresso duma reunião internacional em Lusaka, o Tupolev 134 em que seguia, junto com muitos dos seus colaboradores, se despenhou em Mbuzini, nos montes Libombos (território sul-africano), bem perto da fronteira com Moçambique. O acidente foi atribuído a erros do piloto russo, mas ficou provado que este tinha seguido um radiofarol, cuja origem não foi determinada.
Leia Também Sobre:
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- Acordo Geral de Paz em Moçambique (1992)
Bibliografia
COSSA, Hortência & MATARUCA, Simão. Moçambique e a sua Historia – 12ª classe; Beijing, Diname e.e., s/d.