Søren Aabye Kierkegaard foi um filósofo e teólogo dinamarquês. Nasceu numa família rica de Copenhagen. A sua mãe tinha servido como criada na casa da família antes de se casar com o pai, Michael Pedersen Kierkegaard. Ela era uma figura modesta, serena, simples e não formalmente educada.

O seu pai era homem melancólico, ansioso, altamente devoto e muito inteligente. Michael acreditava ter recebido a ira de Deus e que nenhum dos seus filhos iria sobreviver mais que ele próprio. Pensa-se que acreditava que os seus pecados pessoais, como amaldiçoar o nome de Deus durante a sua juventude ou ter engravidado a mãe de Kierkegaard antes do casamento, eram merecedores do castigo que Deus lhe tinha dado. Apesar de cinco dos seus sete filhos terem morrido durante a sua vida, Søren e o seu irmão Peter Christian Kierkegaard, presenciaram a morte do pai em 1938. Não obstante a ocasional melancolia religiosa do seu pai, Kierkegaard e o pai partilhavam uma relação próxima.
Um importante aspecto da vida de Kierkegaard, geralmente considerado como uma grande influência no seu trabalho, foi o rompimento do seu noivado com Regine Olsen depois cinco anos de amor porque o seu pai antes da sua morte, terá dito a Søren para acabar os seus estudos em teologia (Søren era profundamente influenciado pela experiência religiosa de seu pai e queria cumprir o seu desejo). Em 1841, Existencialismo de Søren Aabye Kierkegaardescreveu e defendeu a sua dissertação O conceito de ironia, com referência continua a Sócrates, que foi considerada pelo painel universitário como um trabalho digno de registo e bem estruturado, mas demasiado informal para uma tese académica séria.
Kierkegaard é um dos autores cuja vida exerceu profunda influência no desenvolvimento da obra. As inquietações e angústias que o acompanharam estão expressas em seus textos, incluindo a relação de angústia e sofrimento que ele manteve com o cristianismo, herança de um pai extremamente religioso, que cultivava de maneira exacerbada os rígidos princípios do protestantismo dinamarquês, religião de Estado.
Grande parte da sua obra versa sobre as questões de que como cada pessoa deve viver, focando sobre a prioridade da realidade humana concreta em relação ao pensamento abstracto, dando ênfase à importância da escolha e compromisso pessoal. A sua obra na vertente psicológica explora as emoções e sentimentos dos indivíduos quando confrontados com as escolhas que a vida oferece. Como parte do seu método filosófico, inspirado por Sócrates e pelos diálogos socráticos, a obra inicial de Kierkegaard foi escrita sob vários pseudónimos que apresentam cada um deles os seus pontos de vista distintivos e que interagem uns com os outros em complexos diálogos.
Filosoficamente, fez a ponte entre a filosofia hegeliana e aquilo que se tornaria no existencialismo. Kierkegaard criticava fortemente o hegelianismo do seu tempo e aquilo que ele viu como o formalismo vácuo da igreja luterana dinamarquesa. Muitas das suas obras lidam com problemas religiosos tais como a natureza da fé, a instituição da fé cristã, e ética cristã e teologia. Por causa disto, a obra de Kierkegaard é, algumas vezes, caracterizada como existencialismo cristão, em oposição ao existencialismo de Jean-Paul Sartre ou ao proto-existencialismo de Friedrich Nietzsche, ambos derivados de uma forte base ateística.
O seu maior trabalho, Enten – Eller, publicado em 1843, foi escrito quase na sua totalidade durante a estadia de Kierkegaard em Berlim. Kierkegaard terminou Enten – Eller com as palavras “apenas a verdade que é construída é verdade para ti”.
Posteriormente foram publicados Dois Discursos Edificantes (1843) e Três Discursos Edificantes (1843). Estes discursos foram publicados sob seu próprio nome em vez de um pseudónimo.
Obras importantes são: O Conceito de Angústia, Temor e Tremor, A Repetição (publicado no mesmo dia que Temor e Tremor, é uma exploração do amor, da experiência religiosa e da linguagem, reflectida numa série de histórias sobre um jovem que deixa a sua amada; várias outras obras neste período fazem insinuações sobre a relação entre Kierkegaard e Olsen).
Leia Também Sobre:
- O Existencialismo: origem, características e seus defensores
- Existencialismo de Arthur Schopenhauer
- Existencialismo de Nietzsche
- O existencialismo de Sartre
- Dogmatismo x Cepticismo
- Liberdade como fundamento da acção humana e seus tipos
- Origem do empirismo e seus defensores (John Locke e David Hume)
- Epistemologia contemporânea Ciência ou ciências
- A questão da verdade (ignorância, dúvida, opinião e certeza)