Para compreender o método dialéctico, se precisa entender onde o que é cada qual separado, ou seja, compreender o que é o método e, o que é a dialéctica. Após, ver a definição de método dialéctico em Hegel e assim, compreender em Marx.
Método, significa caminho para chegar a um fim, caminho pelo qual se atinge um objectivo, programa que regula previamente uma série de operações que se devem realizar. processo ou técnica de ensino; modo de ensinar , modo de proceder; maneira de agir.
A partir desta definição, se compreende que método é um procedimento determinado para se chegar a um fim. Sendo que, para cada tipo de pesquisa ou trabalho que se vá fazer, existe um determinado tipo de método.
A dialéctica tem sua origem no pensamento grego e, a definição desta palavra é discussão ou a arte do diálogo, conforme apresenta Leandro Konder (2008). Ou seja, em determinada época, com determinado autor, dialéctica terá um significado distinto de outra época e de autor para autor, sendo que, segundo Abbagnano, existe quatro significados mais fundamentais, baseado nas doutrinas platónica, aristotélica, estóica e hegeliana.
Porquanto, ele apresenta que, em seu significado mais ontológico, dialéctica é, o processo em que há um adversário a ser combatido ou uma tese a ser refutada, e que se supõe, portanto, dois protagonistas ou suas teses em conflito; ou então que é um processo resultante do conflito ou da oposição entre dois princípios, dois momentos ou duas actividades quaisquer.
Para Marx, a partir da inversão do método dialéctico de Hegel. Sendo assim e, apresentando algumas definições anterior a de Hegel, Inwood afirma sobre a dialética, Dialektik deriva do grego dialektiké (techné), que vem de dialegesthai, “conversar” e era originalmente a “arte de conversação”, mas foi usado por Platão para designar o método filosófico correto.
Para Hegel, a dialéctica não envolve um diálogo entre dois pensadores ou entre um pensador e o seu objecto de estudo. É concebida como a autocrítica autónoma e o autodesenvolvimento do objecto de estudo, de, por exemplo, uma forma de consciência ou um conceito.
Desta forma, assimila-se que o método dialéctico em Hegel é o idealismo, onde ele afirma que “o real é racional e o racional é real”, isso significa que a realidade vai partir de seu pensamento, e não da própria realidade em si. Marx se dedicou ao estudo da dialéctica de Hegel, e os resultados da sua pesquisa o levou a considera-la limitada e, segundo ele, apresentava-se de uma forma invertida. Sendo assim, o interesse de Marx foi o de procurar elaborar um método que se compreendesse a realidade social, os problemas sociais existentes a partir de suas múltiplas determinações para permitir a compreensão de sua determinação fundamental, a luta de classes.
A dialéctica na sua forma racional, causa escândalo e horror à burguesia e aos porta-vozes de sua doutrina, porque sua concepção do existente, afirmando-o, encerra, ao mesmo tempo, o reconhecimento da negação e da necessária destruição dele; porque apreende, de acordo com seu carácter transitório, as formas em que se configura o devir; porque, enfim, por nada se deixa impor; e é, na sua essência, crítica e revolucionária (MARX, 2003).
Desta forma, verifica-se que Hegel restringe sua dialéctica ao pensamento, de que todo o real é fruto de um pensamento, Marx considera que esta concepção de Hegel está de cabeça para baixo, porquanto, para se compreender o real, é necessário partir da própria realidade e de seu movimento. Se se observa um dado evento, segundo o método dialéctico em Marx, devo-me ater em fazer sua interpretação a partir da realidade, sendo que, devo considerar o seu movimento histórico e social.
Para poder escrever seu método, tendo como base o de Hegel, porém, realizando a sua inversão, Marx produziu alguns textos que lhe serviu de base sobre sua dialéctica, como aparece no Prefácio à “Contribuição à Crítica da Economia Política”. Neste texto, fica claro que, durante um bom tempo Marx se dedicou aos estudos de filosofia e da história, visto que, a partir de um problema do roubo de lenha, onde ele faz uma pesquisa para poder entender a razão deste feito, acaba compreendendo as relações de interesse existentes, bem como na luta de classes, e, consequentemente, compreende a limitação do método hegeliano para explicar este movimento.
Novamente ele deixa claro que, seu método parte da inversão da dialéctica de Hegel, e que “Não é a consciência do homem que determina o seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser social é que determina a sua consciência”, (MARX, s/d, p. 301). O método dialéctico apresenta também que, quando vai se analisar um determinado evento social, deve estar atento ao período, contexto e mentalidade da época, é necessário explicar esta consciência pelas contradições da vida social e material, pelo conflito existente entre as forças produtivas sociais e as relações de produção.
Os Princípios Básicos Do Método Dialéctico em Marx
Marx se preocupou ao realizar o desenvolvimento do método dialéctico com a proposta de que, quando interpretasse o material, entenderia consequentemente, a importância do fim da divisão social de classes. Consequentemente, ele se debruçou a produzir trabalhos onde ficasse claro toda a sua pretensão.
Analisando o conceito de dialéctica na obra de Marx é perceptível que ele não se limita a apena falar dele, mas demonstrar que este foi desenvolvido como fio condutor para o fim da divisão de classes e para a crítica da realidade social existente. No prefácio da primeira edição do capital, ele faz a seguinte analogia, “ na análise das formas económicas, não se pode utilizar nem microscópio nem reagentes químicos”, (MARX, 2003, p. 17). Compreende-se que a única forma que pode analisar as formas económicas, pode ser compreendida através de seu método, é a partir da própria realidade que se pode racionalizar a mesma.
A classe dominante teme o progresso da classe trabalhadora, por razão de que, se a mesma progredir, irá erradicar o sistema de divisão social, promovendo assim uma autogestão, semelhante ao que aconteceu na Comuna de Paris em 1871. No final do primeiro prefácio, Marx reafirma sobre o medo que a classe burguesa dominante tem em razão de que o proletariado possa promover a transformação da sociedade actual: “ as classes dominantes já começam a pressentir que a sociedade actual não é um ser petrificado, mas um organismo capaz de mudar, constantemente submetido a processos de transformação” (MARX, 2003, p. 18). E a única forma de compreender que tal acontecimento pode ser promovido é através da utilização do método-dialéctico.
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Referências bibliográficas
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. Martin Fontes, ARÓSTEGUI, São Paulo, 1998;
KONDER, Leandro. O que é Dialéctica? São Paulo: Brasiliense, 2008;INWOOD, Michael. Dicionário Hegel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1997;MARX, Karl e Engels, Friedrisch. A Ideologia Alemã. São Paulo: Boitempo, 2007; VIANA, Nildo. Escritos Metodológicos de Marx. Goiânia: Alternativa, 2007.