As manifestações femininas, poderiam ter iniciado numa tenra idade dos séculos transactos da história, pois, de acordo com essência do movimento que sua luta que é a eliminar as igualdades do género, deve-se ter em conta que essas desigualdades não iniciam a se manifestar apenas a partir do século XIX, desde os tenros períodos da história humanas essas desigualdades sempre existiram, portanto, conclui-se aqui que o movimento poderia ter surgido em períodos mais recuados em relação entre os séculos XVIII e XX. São destacadas mais de duas fases ou períodos da evolução movimento feminista, não obstante, o facto de o trecho acima exposto referenciar duas, presume-se a existência de mais de dois períodos da evolução do movimento que são detalhados em diante.
Conteúdos
Primeira fase
As feministas e académicos dividiram a história do movimento em três ondas, sendo a primeira onda que se refere principalmente ao sufrágio feminino, movimentos do século XIX e início do XX, preocupados principalmente com o direito da mulher ao voto. A segunda onda enquadra-se nas ideias e acções associadas com os movimentos de liberação feminina iniciados na década de 1960, que lutavam pela igualdade legal e social para as mulheres, e a terceira onda vai ser uma continuação da segunda onda iniciada na década de 1990, que se manifesta então.
O movimento feminista surge com raízes no movimento liberal e na defesa da igualdade no campo na civilidade, pautando sua demanda ou carência, utilizando a terminologia adoptada por Gohn (2000), no direito ao voto, o que na época distinguia homens e mulheres. A luta pela igualdade nos direitos civis, demarca a primeira geração do movimento ou a primeira onda. O movimento sufragista (que se estruturou na Inglaterra, na França, nos Estados Unidos e na Espanha) teve fundamental importância nesta fase de surgimento do feminismo.
O objectivo do movimento feminista, nesta época, era a luta contra a discriminação das mulheres e a garantia de direitos, inclusive do direito ao voto. Inscreve-se nesta primeira fase a denúncia da opressão feminina imposta pelo patriarcado.
Fase que compreende os finais do século XIX e início do século XX, notável no Reino Unido e nos Estados Unidos, cujo principal objectivo era a promoção da igualdade nos direitos contratuais e de propriedade para homens e mulheres, e na oposição de casamentos arranjados e da propriedade de mulheres casadas (e seus filhos) por seus maridos. Porém, no final do século XIX, o ponto fulcro foi principalmente a conquista de poder político, especialmente o direito ao sufrágio por parte das mulheres. Ainda assim, feministas como Voltairine de Cleyre e Margaret Sanger já faziam campanhas pelos direitos sexuais, reprodutivos e económicos das mulheres nesta época.
Segunda fase
O carácter cíclico do movimento feminista e suas características pode ser evidenciado nos movimentos pela igualdade que perde espaço para os movimentos pela diferença, relacionando-se com a dimensão subjectiva e afastando-se da dimensão objectiva voltada à crítica estrutural do sistema capitalista. A segunda fase do feminismo (segunda geração ou segunda onda), ressurge nas décadas de 60 e 70, em especial nos Estados Unidos e na França. As feministas americanas enfatizavam a denúncia da opressão masculina e a busca da igualdade, enquanto as francesas postulavam a necessidade de serem valorizadas as diferenças entre homens e mulheres, dando visibilidade, principalmente, à especificidade da experiência feminina, geralmente negligenciada.
As feministas francesas foram influenciadas pelo pensamento pós-estruturalista que predominava na França, especialmente pelo pensamento de Michel Foucault e Jacques Derrida. Nos anos 80, a crítica pós-modernista da ciência ocidental introduz o paradigma da incerteza no campo do conhecimento. Nesse contexto, o movimento feminista passa a enfatizar a questão da diferença, da subjectividade e da singularidade das experiências, concebendo que as subjectividades são construídas pelos discursos, em um campo que é sempre dialógico e intersubjectivo .
O feminismo contemporâneo, ou seja o feminismo que surge nos anos sessenta do Século XX e chega aos nossos dias, é um dos movimentos que se enquadram na idéia de ‘novos movimentos sociais’. Pesquisadores/as chamam de ‘novos movimentos sociais’ aqueles movimentos que, surgindo nas últimas décadas do século passado, desenvolveram novas formas de fazer política e chamaram a atenção para temas e problemas até então pouco vistos como questão política: juventude, paz, ecologia, racismo, moradia, saúde, sexismo.
O feminismo, entre os novos movimentos sociais, é aquele que tem o foco permanente de atenção no enfrentamento da dominação e exploração das mulheres pelos homens e pelas instituições sociais, consideradas como instituições patriarcais. Isto significa que, no feminismo, cada problemática vivida pelas mulheres é lida e interpretada a partir do que esta
problemática revela das relações patriarcais e, portanto, das situações de opressão em que vivem as mulheres.
Contudo, este não é único foco de atenção no feminismo. Ou seja, o que vive uma mulher não é explicado apenas pelas relações de gênero do tipo patriarcal – relações de dominação dos homens sobre as mulheres – mas por outras relações sociais que também são de opressão e/ou de exploração, como as relações raciais, inter-étnicas e as relações de classe. As relações sociais, em seu conjunto, configuram um sistema de dominação sobre as mulheres, sistema que varia no tempo e por contextos particulares mas mantém seu eixo na dominação dos homens sobre as mulheres.
Mas além de buscar entender e desvelar a situação vivida pelas mulheres o feminismo construiu uma visão própria do que são as mulheres, uma visão que nega inteiramente o pensamento conservador sobre as mulheres. Como afirma CAMURÇA:
“Na tradição da cultura patriarcal nós mulheres somos seres moralmente inferiores, emocionalmente frágeis, intelectualmente incapazes, biologicamente determinadas temos o direito a ter projectos de vida próprios, que podem ou não incluir a maternidade e o casamento. Somos e devemos ser pessoas livres, com direito a ter direitos e com autonomia”.
Do exposto acima, conclui se que, o feminismo nega que, as mulheres não tem um destino, casar e ser mães apenas, ao contrários ela podem desempenhar outras funções como politica, se vendo com a liberdade de desempenhar as mesmas funcoes que os homens despenham.
Terceira fase
O desafio nesta fase do feminismo é pensar, simultaneamente, a igualdade e a diferença. As propostas feministas que enfatizam a igualdade são conhecidas como ‘o feminismo da igualdade’, enquanto as propostas feministas que destacam as diferenças e a alteridade são conhecidas como ‘o feminismo da diferença’. Esta terceira fase do movimento feminista é fruto da intersecção entre o movimento político de luta das mulheres e a academia. Nessa fase do movimento feminista, fica evidente o abandono da referencia de luta de classes, assumindo um carácter policlassista e não mais presente na sua pauta o enfrentamento ao Estado, visando a construção de um outro projecto societário.
As questões introduzidas pela terceira geração do feminismo revisaram algumas categorias de análise consideradas fundamentais, mas instáveis (Harding, 1993; Scott, 1986; Louro, 1995) aos estudos de género. Estas categorias estão articuladas entre si, que são: o conceito de género; a política identitária das mulheres; o conceito de patriarcado e as formas da produção do conhecimento.
Acrescenta-se a essas características da terceira onda do movimento feminista, a sua caracterização enquanto luta social e ao adoptar a essa categoria, para a análise do movimento feminista na contemporaneidade, encontra-se um movimento com mudanças nas canções colectivas e a mudança de concepção.
A terceira fase do feminismo começa no início da década de 1990, como uma resposta às supostas falhas da segunda fase, e também como uma retaliação a iniciativas e movimentos criados na segunda fase. O feminismo da terceira onda visa desafiar ou evitar aquilo que vê como as definições essencialistas da feminilidade feitas pela segunda onda que colocaria ênfase demais nas experiências das mulheres brancas de classe média-alta.
A terceira onda do feminismo também apresenta debates internos. O chamado feminismo da diferença, cujo importante expoente é a psicóloga Carol Gillian, defende que há importantes diferenças entre os sexos, enquanto outras vertentes crêem não haver diferenças inerentes entre homens e mulheres defendendo que os papéis atribuídos a cada género instauram socialmente a diferenças.
Pós-feminismo
O termo pós-feminismo descreve uma série de pontos de vista em reacção ao feminismo. Embora não cheguem a ser anti-feministas, as pós-feministas acreditam que as mulheres atingiram as metas da segunda onda, ao mesmo tempo em que são críticas das metas da terceira onda do feminismo. O termo foi usado pela primeira vez na década de 1980, para descrever uma reacção contra essa segunda onda, e actualmente é usado como rótulo para diversas teorias que analisam de maneira crítica os discursos feministas anteriores, e incluem desafios às ideias da segunda onda. Other post-feminists say that feminism is no longer relevant to today’s society. A historiadora da arte Amélia Jones escreveu que os textos pós-feministas surgidos nas décadas de 80 e 90 retratavam a segunda onda do feminismo como uma entidade monolítica, usando generalizações em suas críticas.
Um dos primeiros usos do termo foi no artigo de 1982 de Susan Bolotin, “Voices of the Post-Feminist Generation” (“Vozes da geração pós-feminista”), publicada na New York Times Magazine. Este artigo foi baseado numa série de entrevistas com mulheres que concordavam em grande parte com as metas do feminismo, porém não se identificavam como feministas. Feministas contemporâneas, como Katha Pollitt ou Nadine Strossen, consideram que o feminismo simplesmente afirma que “mulheres são pessoas”. Pontos de vista que separam os sexos, em vez de uni-los, são considerados por estas autoras como sexistas, e não feministas.
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