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Conceito de religião
A definição mais aceita pelos estudiosos, para efeitos de organização e análise, tem sido a seguinte: religião é um sistema comum de crenças e práticas relativas a seres sobre humanos dentro de universos históricos e culturais específicos.
Contudo, religião fundamenta se naquele desejo colocado no Homem desde a sua existência de ter uma relação íntima com Deus seu criador, por isso a religião não é mera criação do Homem, é antes vontade de Deus que se matem a ele ligado no amor e liberdade.
Conceito da Pluralidade Religiosa
A pluralidade refere-se à variável externa, indica quantitativamente as diferenças que existem em uma sociedade e a origem dessas diferenças como: religião, língua, etnia, casta e outras. O pluralismo é da ordem epistemológica e axiológica do modo de ver a realidade dos factos e de aquilatar a projecção e o alcance dessa percepção dinâmica na própria realidade plural.
a pluralidade distinguem se do pluralismo na medida em que a pluralidade é a variável externa que indica a origem e as várias diferenças que existem em uma sociedade e pluralismo é um coeficiente interno que se refere a uma atitude específica desenvolvida entre os grupos sociais em resposta ao facto da pluralidade.
Podemos encontrar as semelhanças dentre os mesmos conceitos apoiando-nos em Rech (2009) onde o pluralismo e pluralidade ambos apoiam-se sobre os factos; têm sua fonte no plural; podem entrar em identificação de semelhança; admitem a coexistência da pluralidade, superando a unicidade e o absolutismo. O pluralismo religioso de facto diz respeito à própria pluralidade ou diversidade de tradições religiosas existentes e, mesmo, aos movimentos religiosos que estão emergindo no final do século XX e princípio do século XXI.
O pluralismo religioso é expressão viva da riqueza da diversidade da auto-manifestação de Deus ao género humano; é um fenómeno que favorece a transparência multiforme da transcendência e considera válido os vários caminhos que conduzem a Deus. A pluralidade religiosa pode ser a expressão da vontade, mesma de Deus que tem necessidade da diversidade das culturas e das religiões para melhor manifestar as riquezas da plenitude da verdade que coincide com o mistério mesmo de Deus.
A pluralidade religiosa é portanto uma apresentação diversificada do desejo de alcançar a herança eterna do paraíso. Nesta proposição o pluralismo constitui um foco de conturbação social devido ao seu carácter diversificado e que produz em algum momento uma discussão interminável tanto na academia bem como no social.
Liberdade religiosa
A liberdade religiosa está no centro da organização social, da identidade da pessoa humana, dos valores transculturais da sociedade, das liberdades políticas e da construção do Estado moderno. O direito à liberdade religiosa exige que todas as pessoas tenham liberdade jurídica para seguir a voz de sua consciência; faz parte do direito à liberdade religiosa e garante a todo o homem a liberdade de ter ou não ter religião, de exercê-la ou não, de permanecer na mesma religião ou abandoná-la, ou de suprimi-la de sua vida se assim preferir sua consciência
A liberdade religiosa tem, então, por base a liberdade de consciência, visto que em uma ordem constitucional livre e democrática, as questões atinentes à fé referem-se exclusivamente à consciência individual. Deve-se, portanto, proteger a esfera individual de cada cidadão de qualquer interferência ou pressão externa seja por parte do Estado ou de terceiros, no que tange às opções de crença.
Este direito torna a pessoa capaz não apenas de determinar-se numa liberdade de escolha de religião, mas de dispor a própria pessoa como um todo, para além das acções, categorias particulares, e através delas; inclui a liberdade de mudar de religião ou de crença e de manifestá-las pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou colectivamente, em público ou em particular, sem ser molestado; sem discriminação de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião, política ou de qualquer outra natureza.
Por conseguinte a liberdade religiosa é um elo de independência que liberta os indivíduos em matéria de acreditar segundo suas convicções, e não aceitar a influência e obrigação de aderir ou rejeitar determinada religião. Neste caso o estado deve ser mediador deste argumento. O indivíduo é livre de praticar a religião bem como não praticar. Deste modo a consciência de indivíduos livres de apreensão as influências podem descobrir o importante dentro da pluralidade religiosa, porque esta exige neutralidade religiosa para poder perceber e enfrentar como uma realidade contemporânea.
Evolução da Pluralidade Religiosa
O pluralismo religioso é uma consequência incontestável da cultura pós-moderna. E entretanto foi ganhando espaço dentro da teologia crista, onde os teólogos consideram este novo paradigma que vem convocar a teologia para assumir, de forma viva, a sua dimensão hermenêutica no sentido de uma criativa actualização da mensagem cristã em face da pluralidade insuperável dos misteriosos caminhos que levam à realidade última. “Vai ganhando terreno sempre mais decisivo na teologia cristã e no contexto vital dos cristãos. Há teólogos que dizem que o pluralismo será o grande horizonte do novo século”.
A problemática do pluralismo religiosa não é nova e ocupa a nova relevância dentro do novo contexto social e político das nações. Com os apóstolos, nasceu o cristianismo que apresentou a sua mensagem em relação ao Judaísmo e depois em relação às outras religiões em seu caminho.
O pluralismo religioso é um exercício dialogal com outras tradições em profundo respeito por sua dignidade e valor. Exige abertura, decisão de aprender do outro e com o outro. Nesse diálogo, o único e essencial de cada confissão religiosa se desenvolverá, e cada religião, na comunicação com outras tradições religiosas, não se diluirá; ao contrário, reencontrará sua própria identidade de um modo mais intenso e renovado.
O que é novo é a consciência aguda que o nosso mundo adquiriu do pluralismo das culturas e das tradições religiosas, bem como do direito á diferença que é própria de cada uma delas. A teologia do pluralismo religiosa surge então, nesse contexto, como um novo nome adoptado para a teologia das religiões, cujo desenvolvimento começou na década 60 do século XX e sua reflexão se realiza á luz da fé sobre pluralismo religiosa, ou seja, sobre a pluralidade das religiões, sobre o facto d existência de não apenas uma religião.
Pluralismo é a posição teológica segundo a qual todas as religiões participam da salvação de Deus, tentando buscar um sincero diálogo religioso com outras religiões e requerer a renúncia a toda pretensão de unicidade salvífica para pessoas. Para esta posição teológica, somente Deus está no centro. Em todas a s religiões, Deus sai ao encontro do ser humano sem que haja apenas única religião verdadeira. Isto implica uma mudança radical do cristianismo.
Por conseguinte a pluralidade é um fenómeno recente e muito actual datando o século passado cuja expansão tornou-se poluidora de mentalidades religiosas que influenciaram e ainda permeiam as acções da população actual. Provavelmente Deus exista em todas seitas e igrejas. Porém concordamos que a evolução da pluralidade religiosa trouxe ou continuam trazendo subsídios que podem eventualmente contestar a veracidade ou falsidade de certas seitas, ou religiões.
Diversidade Religiosa como parte da Cultura
Os sistemas religiosos ou a religiosidade constitui uma experiencia identificável humana, que se apresenta remodelado ao longo do tempo em diferentes pressupostos de diferentes tradições, inclusive a existência de santuários organizados por milhares de pessoas e ainda mais discutidos nas universidades. Entretanto, muito desse universo permanece inclassificável. Essa constatação, contudo, não deve ser impedimento para pensarmos sobre a religiosidade. Ao contrário, o reconhecimento de que, em termos de religiões, a variedade é, acima de tudo, humana, significa compreender o nosso lugar no panorama religioso, reconhecendo os outros menos como competidores, mas sim, verdadeiramente, como companheiros de aventura existencial.
As religiões, religiosidades, experiências religiosas se expressam em linguagem e formas simbólicas. Saber o que foi experimentado, vivido e como isso pode ser compreendido exigia capacidade de identificar coisas, pessoas, acontecimentos, através da nomeação, descrição e interpretação, envolvendo conceitos apropriados e linguagem. Actualmente, os estudos sobre religião e religiosidade valorizam os fenómenos religiosos de forma diversificada. Há o reconhecimento de que as questões religiosas permeiam a vida quotidiana como religiosidade popular, sob formas de espiritualidade que fornecem elementos para construção de identidades, de memórias colectivas, de experiências místicas e correntes culturais e intelectuais que não se restringem ao domínio das igrejas organizadas e institucionais.
Muitos movimentos religiosos procuram repensar os papéis de género, as opções sexuais, a participação política engajada, os conflitos em nome da fé, as novas práticas espirituais, as liturgias alternativas e as revisões teológicas, de acordo com as necessidades da modernidade, destacando-se aí o papel das mulheres e das minorias dentro da sociedade e suas expressões culturais.
Trata-se, portanto, de privilegiar, como objecto central de pesquisas, correntes de pensamento, movimentos, tendências até então considerados marginais à cultura religiosa “oficial”: movimentos religiosos dos povos indígenas-latino americanos e africanos; religiões orientais; as centenas de igrejas evangélicas; o espiritualismo, as religiões afro-brasileiras como a umbanda e o candomblé. Desta forma, impõe-se a necessidade de ampliar os limites, desmontando preconceitos, revendo cronologias e desenvolvendo análises comparativas, numa área de estudos nova e emergente.
Nenhuma tradição religiosa é total, nem existe um status de favoritismo de religiões. Conhecer o lugar onde estamos e onde os outros estão em relação à fé e às crenças leva nos a desenvolver um sentido de proporção no amplo campo das religiões, religiosidades, experiências religiosas – onde todos devem ser ouvidos e respeitados.
A diversidade se faz riqueza e deve conduzir à compreensão, respeito, admiração e atitudes pacificadoras. Religião sempre foi um assunto de vida e morte, não somente em termos de suas próprias funções (baptismos e funerais), mas também um assunto existencial decisivo para milhões de pessoas.
O espaço crescente na média dos assuntos envolvendo religião não tem sido acompanhado pelo conhecimento histórico e cultural sobre o tema. Assim, com frequência, julgamentos apressados e preconceituosos são feitos, baseados em pouco ou nenhum conhecimento. Por isso, é necessário construir e divulgar informações objectivas e críticas deforma a garantir um conhecimento que conduza à compreensão e respeito.
Portanto podemos concluir que esta diversidade é unânime em um ponto que toca os aspectos de preocupação das religiões, é o caso do sentido da vida, bem como o destino e por fim a morte. São paradigmas que ambas religiões tentam responder a estes conceitos com atitudes apassivantes.
Mentalidade Religiosa na Educação popular
A mentalidade religiosa permeia na sociedade através de diferentes manifestações na educação popular em diferentes lugares, sejam nos hospitais, no mercado, no campo académico. Entretanto a sociedade expressa a manifestação religiosa através de associação do conceito Deus com sentimento de amor, bem como expressa relação de dependência do ser humano a Deus, sob a forma de agradecimento e de preceitos de religiões cristãs, como “amar ao próximo”.
Por outro lado em ambientes zelosos como Hospitais os educadores ou educandos expressam a manifestação religiosa por meio da fala que Deus: «é tudo», «é a base, é a vida, é o Universo, é o Salvador». Deus, a religião e a fé são vistos como capazes de livrar o ser humano dos males e dos perigos. Deus é representado, também, como o criador de todas as coisas e também associado a figuras da natureza como a planta, as estrelas, a lua, não existindo diferença entre o criador e a sua criação. Atribui-se a Deus a criação de todo o universo (idem).
Em ambientes religiosos os símbolos mais utilizados são: a casa, como espaço de oração, o terço, como instrumento de comunicação com Deus via oração, e o pão e o vinho simbolizando a comunhão e o alimento espiritual. Adicionalmente temos os ensinamentos transmitidos pelos padres e pastores e na leitura do Evangelho/Bíblia, destacando, sobretudo, os ensinamentos referentes ao comportamento moral e as atitudes das pessoas em sociedade. Consideram que a palavra de Deus contida nos livros sagrados direcciona como as pessoas devem viver em sociedade. E as causas dos problemas sociais como a violência, a desunião familiar, o desrespeito aos pais, brigas, etc., estão no afastamento das pessoas de Deus e da religião.
Além da Igreja, a figura de Jesus, do anjo e da pomba, como representação do Espírito Santo e expressão de paz, foram desenhados pelos educandos. A religiosidade é manifestada ainda pelos educandos por meio da referência a alguns actos que estão associados às suas religiões, tais como: ir à missa ou culto, ler o evangelho, rezar o terço à noite, fazer corrente de oração, ler o pergaminho budista.
Essas representações evidenciam a existência do pluralismo religioso nas turmas, encontrando-se educandos católicos, evangélicos de diferentes igrejas, budistas e ateus. Identificou-se, também, a participação de educandos católicos em cultos de outras instituições religiosas como: a Igreja Quadrangular, o Centro Espírita, a Igreja Universal do Reino de Deus, a Igreja Triangular, a Assembleia de Deus, o Deus é Amor e a Igreja Batista. A religiosidade na sociedade está presente em torno de complexas questões como vida-morte e saúde–cura.
Diante da morte, várias manifestações de religiosidade são expressas pelos educandos jovens e adultos nos ambientes hospitalares, que mediante a fé procuram força espiritual para enfrentar sua doença e obter a cura. Há nestes educandos-pacientes fé em Deus e esperança de cura. O enfrentamento da doença, principalmente o câncer, faz com que essas pessoas firmem mais a sua fé em Deus e provoque mudanças significativas em suas vidas.
Muitos educandos-pacientes encontram-seresignados perante sua doença, porque a encaram como vontade de Deus. Assumem atitudes passivas, colocando a responsabilidade nas mãos d`Ele, chegando, inclusive alguns, a abandonarem as terapias médicas convencionais permanecendo apenas com os “tratamentos espirituais”.
Por conseguinte a mentalidade religiosa funciona como fonte de inspiração para enfrentar desafios diários que as pessoas enfrentam consecutivamente. Nesta modalidade entendemos que o foco desta mentalidade contribui para que os indivíduos vençam obstáculos independentemente da religião que pratica a fé é primordial.
O contributo da pluralidade religiosa na contemporaneidade
O novo contexto social propicia a convivência entre as diferentes culturais e religiões e a experiencias das pluralidades religiosas estimulando assim o debate em torno desse novo paradigma existência entre os académicos. O pluralismo religioso merece uma maior reflexão e uma análise mais detida, sobretudo em função do relevo que tem sido dado na actualidade, a inúmeras questões que envolvem os aspectos do pluralismo religioso na sociedade moçambicanas, nas confissões religiosas, na teologia.
A pluralidade religiosa é uma realidade que perpassa a reflexão teológica da actualidade, e estes paradigmas inter-religiosos apresentam como uma necessidade do mundo contemporâneo. Esta nova conjuntura sócio religiosa desinstala o cristianismo de seu posicionamento auto-concentrado que durante muitos séculos ocupou o seu papel de destaque no cenário internacional. Daí que vai emergir muitas religiões, só para citar algumas religiões monoteísmo judaico, muçulmano, cristão, budista, entre outras, existindo assim uma diferenças entre as concepções religiosas existentes no mundo e em Moçambique em particular
A mentalidade religiosa na actualidade influencia a sociedade no geral a partir dos seguimentos da vida diária, através dos hábitos apresentados no quotidiano das pessoas. A mentalidade religiosa apresenta-se influente em todas camadas etárias, e é extremamente divulgada através de órgãos de comunicação tecnológica e das redes sociais, onde abarca maior quantidade de jovens cuja comunicação torna-se viável e acessível pois, única mensagem tem possibilidade de atingir a 100 000 000 pessoas por todo o mundo.
A mentalidade religiosa cria uma espécie de vício para outros indivíduos, cuja crença é cega. Diferentes seitas conduzem e influencia negativamente as pessoas a acreditar que as suas seitas ou igrejas são as verdadeiras que lhes levariam até ao reino de Deus, ou paraíso cujo desejo é de todos.
A questão da pluralidade toma um espaço muito significativo e controverso na idealização das pessoas cuja crença cega-os de perceber a grande riqueza religiosa de poder encontrar-se com Deus. Nesta pluralidade encontramos afirmações que enfrentam-se uns afirmando negativamente sobre as tradições africanas, profanando-as como impuras, e anormais. Por outro lado outras afirmações oferecem credito as tradições europeias do cristianismo, ou islamismo ambos emergidos na Ásia. Portanto diante desta conflitualidade religiosa os indivíduos perdem a noção do verdadeiro sentido da religiosidade.
O nosso entender sobre a pluralidade religiosa na contemporaneidade é a interpretação mal julgada sobre quem tem direito de participar ou ganhar como herança a vida eterna. Pois são notáveis as mensagens das redes sociais consumidas pelo mundo inteiro que apresentam histórias de salvação de indivíduos em diferentes circunstâncias através da sua fé em Deus. A mensagem também apresenta um convite no final de partilhar a mensagem caso não o indivíduo é ameaçado de impuro ou não ser da família divina. O que queremos concluir nestas análises é que a mentalidade religiosa perde o seu valor verdadeiro nos dias actuais devido a sua forma errada de interpretar.
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Bibliografia
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