Conteúdos
Conceito
A Malária é uma doença sistémica que provoca alterações na maioria dos órgãos, variando porem sua gravidade dentro de amplos limites, desde das formas benignas até as muitos graves e fatais.
Malária é uma doença infecciosa aguda causada por protozoários do género plasmodium, transmitidos pela picada do mosquito anopheles.
O agente etiológico da malária e o plasmódio. Possui ciclo heteroxeno onde o homem é o hospedeiro intermediário e os mosquitos do gênero Anopheles são os definitivos
Formas de transmissão
A transmissão natural da malária ocorre por meio da picada de fêmeas infectadas do mosquito do género anopheles.
A transmissão congênita, embora muito rara, pode ocorrer. Outro mecanismo possível é através da transmissão de sangue de doadores na fase crônica, sem sintomatologia aparente.
A transmissão é condicionada a determinados factores que permitem não só o surgimento de novas infecções como também a perpetuação do agente causal:
- Presença do parasita
- Presença do vector
- Presença do hospedeiro humano.
Hábitat do parasito
Varia conforme a fase do ciclo evolutivo do parasito. Assim, no homem, temos formas parasitando os hepatócitos durante a fase pré-eritrocítica e formas parasitando hemácias na fase eritrocítica. No mosquito encontramos formas parasitárias principalmente no estômago e glândulas salivares.
Sistemática do Plasmódio
- Reino: Protista
- Filo: Apicomplexa
- Classe: Aconoidasida
- Familia: Plasmodiidae
- Genero: Plasmodium
- Especies: Plasmodium.
Classificação
Atualmente são conhecidas cerca de 150 espécies causadoras de malária em diferentes hospedeiros vertebrados. Destas, apenas quatro espécies parasitam o homem: Plasmodium falciparum, P. vivax, P. malariae e P. ovale. Este último ocorre apenas em regiões restritas do continente africano.
O plasmodium falciparum encontra-se distribuído em todas as regiões tropicais e é a espécie que causa a malária mais grave com um ciclo de 48 horas.
O plasmodium malariae e plasmodium ovale são responsáveis por menos de 10 por cento dos casos. O plasmodium vivax é muito raro em África, contudo, existe na Europa.
Sintomas
- Febres geralmente a intervalos regulares, dependendo da espécie do plasmódio,
- Dores nas articulações,
- Dores de cabeça,
- Náuseas e vómitos,
- Fadiga.
Os sintomas coincidem com a ruptura das hemácias do doente pelos merozóitos e que os intervalos entre eles representam justamente o tempo necessário para que os merozóitos invadam novas hemácias e provoquem lise celular.
Se a infecção for por plasmodium falciparum, pode haver sintomas adicionais mas graves como: ocorrência de anemia, pois o numero de hemácias destruídas é muito grande levando a perda de hemoglobina (pigmento responsável pelo transporte de oxigénio pelo organismo e que está dentro das hemácias) causando sérios problemas para a manutenção da fisiologia normal. Problemas hepáticos são comuns, pois parte das células do fígado também é destruída pelo parasita, levando ao aumento do volume do órgão.
Tratamento
O tratamento da malária é feito através do uso de drogas ou antimaláricos que matam o plasmódio no organismo humano como é o caso de coartem e quinina.
Profilaxia e controle biológico
Do ponto de vista teórico, a profilaxia da malária pode ser feita em níveis individuais e colectivo. Na prática, as circunstâncias que levam as pessoas e populações a viverem sob o risco de adquirir a doença funcionam como limitadores do alcance dessas medidas. As medidas profiláticas consistem basicamente em:
- Diagnóstico precoce e tratamento da doença
- Eliminar os focos ou criadouros de mosquitos
- Proteger portas e janelas com redes
- Dormir debaixo da rede mosquiteira
- Usar repelentes.
Ciclo de vida do plasmódio
O plasmódio é um parasita heteroxeno, pois seu ciclo de vida necessita de dois hospedeiros:
Hospedeiro vertebrado (o Homem), no qual o plasmódio realiza apenas a reprodução assexuada, isto é, hospedeiro intermediário.
O hospedeiro invertebrado (fêmea do mosquito do género anopheles), no qual o plasmódio realiza a reprodução sexuada e é o hospedeiro definitivo.
Ciclo assexuado no Homem
De uma forma geral, o ciclo começa quando os esporozóitos são inoculados na corrente sanguínea humana com a saliva do insecto vector. Em seguida vão para o fígado e invadem as células hepáticas nas quais desenvolvem estágios amebóides. Cada parasita sofre fissão múltipla ou esquizogonia produzindo milhares de merozóitos que são liberados para o sangue e invadem as hemácias.
Nas hemácias reproduzem-se novamente por fissão múltipla e causam roptura ou lise celular, nas quais repetirão o procedimento. Alguns merozóitos, entretanto, podem dentro de certas hemacias sofrer um processo de diferenciação celular e originar células chamadas gametócitos, que são percursores de gâmetas. Os gametócitos são liberados para o sangue circulante e termina aqui o ciclo assexuado no Homem. O ciclo continua dentro do insecto.
Gametócitos de plasmodium faciparum (bolinhas amarelas)
Ciclo sexuado no anopheles
Na sua actividade hematófaga, o mosquito pode ingerir também merozóitos e outras formas sanguíneas do parasito mas somente os gametócitos se desenvolverão no insecto. No tubo digestório do insecto o gametócitos já diferenciados em gâmetas ocorre a fecundação do macro com o microgameta dando origem ao oocineto (ovo ou zigoto da malária) e fixa-se na parede gástrica e passa a se chamar oocisto, que se multiplica por esporogonia dando origem a esporozóitos. Estes podem tanto estar presentes no tubo digestório quanto em suas glândulas salivares. O ciclo se repete quando este insecto pica o Homem e inocula os esporozóitos.
OBS: Os gametócitos são a forma de transmissão para o Anopheles e os esporozóitos são a forma de transmissão para o Homem.
Leia Também Sobre:
- Folha: o que é? Constituição e funções da folha
- Raiz: adaptação e importância
- Flor: conceito, funções e constituição
- Dentes Incisivos: o que são? Funções e diferenças (centrais e laterais)
- Critérios de classificação de doenças nas plantas
- Fitopatologia: conceito, história e sua divisão histórica
- Evolução do Comportamento Animal
- Fases da Evolução do Homem: Austrolopithecus, Homo habilis, erectus, o Neandertal e sapiens-sapiens
- Conflito Sexual e Selecção Natural
Bibliografia
AMABIS, José Mariano, MARTHO, Gilberto Rodrigues, Fundamentos de Biologia Moderna, 4ªed, São Paulo, Editora Moderna, 2006NEVES, David Pereira. Parasitologia humana. 11.Ed.São Paulo, Editora Atheneu, 2005. REY, Luiz, Parasitologia, parasitas e doenças parasitarias do Homem nos trópicos ocindentais; 4ª ed, Rio de Janeiro; Guanabara koogal, 2008