Um maciço rochoso, do ponto de vista do seu aproveitamento em engenharia é um conjunto de blocos de rocha, justapostos e articulados. O material que forma os blocos constitui a matriz do maciço rochoso, também denominada rocha intacta, e as superfícies que os limitam, as descontinuidades.
Os maciços rochosos são essencialmente heterogéneos, anisotrópicos e descontínuos, e a sua complexidade resulta da evolução geológica a que foram submetidos. É a escala da porção do maciço analisado, em relação à obra considerada, que define a validade de se admitir o meio homogéneo ou heterogéneo, isotrópico ou anisotrópico, contínuo ou descontínuo, no âmbito de um estudo qualquer.
Deve-se ter claro que um mesmo maciço rochoso pode reagir de maneira diferenciada, conforme as solicitações que lhe são impostas. Estas, por sua vez, dependem do tipo, das dimensões e particularidades da obra. Assim, para a previsão do comportamento do maciço, deve-se avaliar as suas características em função da obra a ser implantada.
Como a natureza das características do maciço difere de local para local, função da história geológica da região considerada, é necessário evidenciar os atributos do meio rochoso que, isolada ou conjuntamente, condicionam o seu comportamento ante as solicitações impostas pela obra em questão. Tal procedimento denomina-se caracterização geológico-geotécnica ou geológico-geomecânica do maciço rochoso. A caracterização objectiva, portanto, “a emergência das características de uma realidade para sua posterior classificação”.
O acto de hierarquizar aquelas características, organizá-las individualmente em grupos ou classes, às quais se possa associar comportamentos diferenciados do meio rochoso, para as condições de solicitação consideradas, denomina-se classificação geomecânica do maciço.
O planeamento e a execução dos estudos geológico-geotécnicos, destinados ao projecto e à construção de obras civis, integram-se com as fases do empreendimento. As investigações, elemento essencial na aquisição dos dados para os estudos de caracterização, proporcionam dados em níveis de progressivo detalhe. Assim, o tratamento dos dados sofre aprimoramento constante e cuidadoso, conforme a evolução da obra.
De um modo geral, as características mais visadas no estudo do comportamento dos meios rochosos dizem respeito à deformabilidade, à resistência, à permeabilidade (em especial, no caso de, obras hidráulicas e certas obras de escavação), e ao estado de tensões naturais (sobretudo, no caso de obras subterrâneas profundas). Tais características compreendem as feições geológicas e os parâmetros geotécnicos – obtidos através da caracterização geológico-geotécnica do maciço rochoso – e os índices e propriedades físicas – determinados por meio de ensaios in situ e laboratoriais.
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Conteúdo Extraído em:
ABGE (Associação Brasileira de Geologia de Engenharia), 1998 – Geologia de Engenharia. Editores: António Manoel dos Santos Oliveira e Sérgio Nertan Alves de Brito. Pág. 211-212.