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Definição da Ética
A palavra ética vem do grego ETHOS, e significa modo de ser, carácter, morada do homem, costume. A ética é o produto das leis erigidas pelos costumes, e das virtudes e hábitos gerados pelo carácter dos indivíduos. Portanto, o que estamos a dizer é que a prática do bem e da justiça envolve o respeito às leis da pólis (heteronomia) e a intenção individual de cada sujeito em fazer o bem (autonomia). A função do ethos é promover a excelência moral, ou seja, a prática das virtudes (areté).
Ética e moral
Enquanto a moral tem uma base histórica, o estatuto da ética é teórico, corresponde a uma generalidade abstrata e formal. A ética estuda a moral e as moralidades, analisa as escolhas que os agentes fazem em situações concretas, verifica se as opções conformam-se aos padrões sociais.
Histórico da ética
Ética grega: sofistas séc. V (a.C.).
Os sofistas ensinam a arte de convencer, de expor, argumentar ou discutir, colocam em dúvida não só a tradição, mas a existência de verdades e normas universalmente válidas. Não existe nem verdade nem erro, e as normas por serem humanas são transitórias. Para Protágoras (491/481a.C.), tudo é relativo ao sujeito, ao “homem, medida de todas as coisas“ (relativismo ou subjectivismo). Ja para Górgias sustenta que é impossível saber o que existe realmente e o que não existe.
Ética grega: Sócrates (470-399a.C.)
O saber fundamental é o saber a respeito do homem (daí a sua máxima: “conhece-te a ti mesmo”), é um conhecimento universalmente válido, contra o que sustentam os sofistas; é, antes de tudo, conhecimento moral; e é um conhecimento prático (conhecer para agir rectamente). A tese da virtude (areté: capacidade radical e última do homem) como conhecimento, e do vício como ignorância (quem age mal é porque ignora o bem; por conseguinte, ninguém faz o mal voluntariamente)
Ética grega: Platão (427-347a.C.)
Foi discípulo de Sócrates. Para ele, a ética se relaciona intimamente com a filosofia política, e a polis é o terreno da vida moral. Como o indivíduo por si só não pode aproximar-se da perfeição, torna-se necessário o Estado ou Comunidade política; isto é, o homem é bom enquanto bom cidadão. O homem se forma espiritualmente somente no Estado e mediante a subordinação do indivíduo à comunidade.
Ética grega: Aristóteles (384-322a.C.)
O homem se forma espiritualmente somente no Estado e mediante a subordinação do indivíduo à comunidade. O fim último do homem é a felicidade (eudaimonia) e está se realiza mediante a aquisição de certos modos constantes de agir (ou hábitos) que são as virtudes. Estas não são atitudes inatas, mas modos de ser que se adquirem ou conquistam pelo exercício e, já que o homem é ao mesmo tempo racional e irracional.
Ética grega: Estoicos (384-322a.C.)
O bem supremo é viver de acordo com a natureza racional, com consciência do nosso destino e de nossa função no universo, sem se deixar levar por paixões ou afectos interiores ou pelas coisas exteriores. O indivíduo define-se moralmente sem necessidade da comunidade como cenário necessário da vida moral. O estóico vive moralmente como cidadão do cosmos, não dá polis.
Ética grega: Epicuristas (384-322a.C.)
Não há nenhuma intervenção divina nos fenômenos físicos nem na vida do homem. Libertado do temor religioso, o homem pode buscar o bem neste mundo. O epicurista alcança o bem, retirado da vida social, sem cair no temor do sobrenatural, encontrando em si mesmo, ou rodeado por um pequeno círculo de amigos, a tranqüilidade da alma e a auto-suficiência.
Ética religiosa:
O que o homem é e o que deve fazer definem-se essencialmente não em relação com uma comunidade humana (como a polis) ou com o universo inteiro, e sim, em relação a Deus.
Ética: Cristã filosófica
Agostinho defende a elevação ascética até Deus, que culmina no êxtase místico ou felicidade, que não pode ser alcançada neste mundo. Sublinha o valor da experiência pessoal, da interioridade, da vontade e do amor: “eu Te procurava fora de mim, mas Tu estavas dentro de mim”, “Deus é mais íntimo do que o meu íntimo”. Para Tomás, Deus é o bem objectivo ou fim supremo, cuja posse causa gozo ou felicidade, que é um bem subjectivo. A contemplação, o conhecimento (como visão de Deus) é o meio mais adequado para alcançar o fim último.
Ética moderna: ética antropocêntrica
A ética moderna sucede à sociedade feudal da Idade Média e passa por mudanças em todas as ordens: Económica; Científica; Social; Política; Espiritual. Toma como ponto de partida o factum da moralidade. De facto, é um facto indiscutível que o homem se sente responsável pelos seus actos e tem consciência do seu dever. Esta consciência obriga a supor que o homem é livre.
Ética moderna: ética kantiana
O problema da moralidade exige que se proponha a questão do fundamento da bondade dos actos, ou em que consiste o bom.
Ética kantiana: imperativo categórico
O que a boa vontade ordena é universal por sua forma e não tem um conteúdo concreto: refere-se a todos os homens em todo o tempo e em todas as circunstâncias e condições. Daí o imperativo categórico de Kant: “Age de tal modo que possas querer que o motivo que te levou a agir se torne uma lei universal”.
Ética kantiana: formal e autónoma
Ser autónoma (e opor-se assim às morais heterónomas nas quais a lei que rege a consciência vem de fora), aparece como a culminação da tendência antropocêntrica iniciada no Renascimento, em oposição à ética medieval.
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- Conceito e Objeto de estudo da Estética
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Ética contemporânea: classificação
Ética empírica:
Não questiona o que o ser humano “deve fazer”, mas examina o que “o ser humano normalmente faz”. Sendo, assim, cada ser humano age de uma maneira e isso nos leva para o relativismo ético.
Ética de bens:
Ponto de partida: há um bem supremo fundamental. Há posições que diferem qual é o bem supremo que deve orientar o comportamento humano: Hedonismo (o prazer), idealismo (os ideais) e eudemonismo (a felicidade).
Ética formal:
Deve-se cumprir conforme as exigências da consciência racional e não conforme os sabores do ambiente externo. O filósofo por excelência dessa doutrina é Kant. Ele advoga que o certo é fazer o que é lógico ou racional.
Ética valorativa:
O comportamento moral deve ser orientado e pautado por aquilo que é valioso. Isso é convenção dos valores, que se expressa nas leis ou nos códigos morais aprovados pela sociedade através do legislativo municipal, provincial ou nacional (constitucional).
Ética contemporânea: critério ético e posturas morais
A moral essencialista:
A acção é sempre orientada por um conjunto de normas, que devem servir de base para comportamento moral das pessoas em toda e qualquer situação. Tais normas são princípios que funcionam como reguladores, são universalistas, ou seja, se é mentira aqui, onde moro, também é mentira, lá longe, do outro lado do mundo. É típica das sociedades tradicionais.
A moral individualista:
Não há um ser superior, que pré-estabelece ou um plano divino que orienta as acções humanas. Cabe ao ser humano cuidar de si mesmo, pois é detentor de si mesmo. Autonomia e liberdade dos indivíduos. “Cada um cuida de si mesmo”: esta é a máxima individualista.
A ética da responsabilidade:
Os padrões não são vistos como universais, imutáveis ou que favoreçam a um indivíduo em particular, mas são relativos a cada situação, tendo sempre o julgamento da colectividade que analisa o mérito para mudar ou reconduzir os padrões estabelecidos.
Comentário Fundamentado:
Para os sofistas não existe nem verdade nem erro, e as normas por serem humanas são transitórias. Já para Sócrates, Platão e Aristóteles o homem bom (o sábio) deve ser um bom cidadão, a comunidade social e política é o meio necessário da moral.
Os estoicos defendem que bem supremo é viver de acordo com a natureza racional, mais para os epicuristas o bem, é o prazer. Já para ética religiosa tudo e em relação a um ser divino Deus. Ética moderna diz o homem se sente responsável pelos seus actos e tem consciência do seu dever, é boa a vontade que age por puro respeito ao dever, sem razões outras a não ser o cumprimento do dever ou a sujeição à lei moral. E por fim a contemporanea a acção é sempre orientada por um conjunto de normas, que devem servir de base para comportamento moral das pessoas em toda e qualquer situação.
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Referência bibliográfica:
RICARDO, Carlos (2014). Histórico da Ética. Pág. 1-74. PowerPoint;
LAISSONE, Elton (2017). Ética social e ambiental. Pág.2-60. PowerPoint.