Rejeitos, são resíduos de mineração que resultam dos processos de beneficiamento a que se submetem os minérios, visando a redução e regularização da granulometria dos grãos, eliminação dos minerais associados e melhoria da qualidade do produto final. Na sua composição apresentam partículas de rocha, água e as substâncias químicas envolvidas no processo de beneficiamento.
A disposição de rejeito pode ser feita em seguintes locais:
- Em escavações subterrâneas;
- Em ambientes subaquáticos e
- Em superfície;
A disposição em escavações subterrânea envolve o preenchimento de locais onde o minério já foi extraído e caso sejam seguidos os procedimentos de segurança e ambiental necessários, este método pode-se mostrar bastante económico e com menos impacto ambiental.
A disposição subaquática não é muito utilizada devido ao seu elevado potencial poluidor.
A disposição em superfície é mais aplicada, podendo o material ser disposto em seguintes locais:
- Em barragens ou diques;
- Em pilhas de rejeito se o material estiver na forma sólida;
- Ou na própria mina em áreas já lavradas ou minas abandonadas.
Depósitos de rejeito
Na disposição de rejeitos da cobertura ou material estéril de operações em camadas múltiplas, o material pode ser colocado fora dos limites da cava ou, se possível, em áreas já mineradas dentro da cava. O último caso é possível se o ângulo de repouso do material que está sendo minerado for menor que o ângulo de repouso do material estéril, isto é, a disposição do material de rejeito não afetará a recuperação do mineral valioso.
A locação do bota-fora deve ser o mais próximo possível da cava para reduzir-se os custos de transporte, mas também deve estar a uma distância tal que não interfira com nenhuma área que deverá ser minerada.
Tipos de depósitos
A deposição na forma de colinas (”hillside”) ou depósitos finais (“end dumps”) é uma prática comum na disposição de rejeitos de descobertura em pedreiras de rocha ornamental e outras cavas em bancadas de encosta. A deposição do material através de uma bancada tem a vantagem de pequeno crescimento em área comparativamente a outros métodos. A altura pode variar de poucos metros até dezenas de metros. O começo do depósito é feito normalmente contornando-se uma pequena área ao redor de uma rampa de bancada sobre a encosta, descarregando o material e aplainando o depósito assim como ele acumula o material.
Os depósitos tipo preenchimento de vales (“valley in filling”) é uma alternativa para depósitos em colina, seguindo os contornos do vale e, dessa forma, pode não ser tão facilmente visível como os depósitos em colina.
A capacidade desses depósitos depende grandemente do comprimento da face de deposição e da altura, bem como do ângulo de repouso do material depositado. Em geral o material depositado não pode ser recuperado posteriormente, assim os depósitos são permanentes.
Os depósitos tipo rampa (“ramped dumps”) são apropriados para armazenamento de materiais de baixo teor que podem ser posteriormente recuperados para tratamento através de melhoramentos nos processos de beneficiamento.
Os fatores que devem ser levados em consideração quando planeja-se e constrói-se depósitos de rejeito são aqueles relativos à capacidade de acumulação (relacionada com a área envolvida) e estabilidade do depósito.
Material no estado fragmentado ocupa um volume consideravelmente maior do que quando em estado sólido (“in situ”). Isso pode chegar a 50% e recebe o nome de empolamento (”swell”). Em algumas operações mineiras, mesmo após a extração total do material valioso é possível que o volume de rejeito residual seja maior que “in situ”.
Operação de bota-fora
A operação de bota fora e feita pelos caminhões, que são posicionados no final do aterro e descarregados sobre o talude. Para prevenir a queda nos taludes são utilizados diversos artifícios entre os quais destacam-se o uso de um lugar marcado (“spotter”), de um tronco de rejeito ou de um monte de rejeito.
Um trator de lâmina pode ser utilizado para construir uma crista de material para manter o caminhão próximo ou no final do aterro, dependendo do tipo de material depositado. Caminhões fora de estrada com basculamento traseiro são ideais para depositar o material próximo a crista construída ou sobre o talude.
Reenchimento de áreas mineradas (“backfilling”)
É possível em, algumas operações à céu aberto utilizar material de resíduos de beneficiamento como reenchimento de áreas já mineradas. Em muitos casos isso é necessário para o gerenciamento ambiental de controle de superfície (solo).
O reenchimento (“backfilling”) é possível onde estão envolvidos depósitos estratificados ou em camadas, desde que os mesmos sejam totalmente extraídos por métodos de lavra à céu aberto.
A distância de transporte deve ser a menor possível e a mínima elevação do material permitem uma recuperação económica da área minerada.
Minas de minérios metálicos e rochas ornamentais em geral não permitem o reenchimento pois a estabilidade das paredes da cava necessitam que as bancadas sejam cortadas em recuo para manter o acesso aos bancos inferiores.
Existe um grande número de operações que permitem disposição de rejeitos em áreas mineradas. Essas variam desde o uso de métodos tipo “haul back” usando “scrapers” e caminhões, até a mineração de blocos (“block mining”) utilizando tratores de lâmina frontal.
Leia Também Sobre:
- Movimentos de Massa
- Modelos de variogramas e sua classificação
- Importância da Geologia estrutural
- Comportamento das Rochas
- Elasticidade Linear
- Comportamento tensão-Deformação
- A ética do Consumo
- Tripé da Sustentabilidade
Ávila, J.P. “Disposição de rejeitos em Porto de Trombetas”. Pimenta de Avila Consultoria Ltda.
Curi, A. (2004). “Apostila de Planejamneto de Mina e Meio ambiente”. Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto. Ouro Preto.
Prof. Júlio César de Souza. Apostila da Disciplina: “Métodos de Lavra à Céu Aberto ”. Universidade Federal de Pernambuco, Departamento De Engenharia De Minas.