Segundo DAVENPORT (1913), Poliginia aditiva é aquela em que cada gene dos que constituem o genótipo (em relação a uma característica qualquer) provoca um acréscimo no valor fenotípico do indivíduo, independentemente dos outros genes presentes. O acréscimo ou retirada ou substituição de um gene por outro ou por se alelo provoca o mesmo efeito sobre o fenótipo do indivíduo, não importando o número e o tipo dos genes envolvidos na característica. A acção aditiva é, portanto, aquela em que não há dominância entre os alelos e o efeito de cada gene adiciona-se ao efeito dos demais determinando um efeito médio total ou seja, o fenótipo do indivíduo.
A herança quantitativa também é um caso particular de interacção génica. Neste caso, em que as diferenças fenotípicas de uma dada característica não mostram variações expressivas, as variações são lentas e contínuas e mudam gradativamente, saindo de um fenótipo “mínimo” até chegar a um fenótipo “máximo”. É fácil concluir, portanto, que na herança quantitativa (ou poligénica) os genes possuem efeito aditivo e recebem o nome de poligenes.
A herança quantitativa é muito frequente na natureza. Algumas características de importância económica, como a produção de carne em gado de corte, produção de milho etc., são exemplos desse tipo de herança. No homem, a estatura, a cor da pele e, inclusive, inteligência, são casos de herança quantitativa.
Conteúdos
Consequências da acção aditiva dos genes
De acordo com BLACK (2003), podem-se alistar as seguintes consequências ou impactos da adição génica:
- A média fenotípica do F, é igual a média dos pais e do F2. O valor fenotípico do F1é sempre intermediário ao dos pais, quando estes são diferentes;
- A distribuição do F2é simétrica, originando sempre uma curva normal;
- A descendência de qualquer indivíduo tem média igual ao seu valor fenotípico. O acasalamento de indivíduos fenotipicamente superiores produz descendência também superior. Esta propriedade indica que a selecção dos melhores fenótipos é eficiente em termos de melhoramento genético;
- A variação do F2é maior do que a do F, e dos pais.
Herança da cor da pele no homem
Segundo DAVENPORT (1913), a cor da pele na espécie humana é resultante da acção de dois pares de genes (AaBb), sem dominância. Dessa forma, A e B determinam a produção da mesma quantidade do pigmento melanina e possuem efeito aditivo.
Logo, conclui-se que deveria existir cinco tonalidades de cor na pele humana, segundo a quantidade de genes A e B.
Genótipos | Fenótipos |
aabb | pele clara |
Aabb, aaBb | mulato claro |
AAbb, aaBB, AaBb | mulato médio |
AABb, AaBB | mulato escuro |
AABB | pele negra |
Exemplo: Os resultados genotípicos e fenotípicos que seriam obtidos a partir do cruzamento de dois indivíduos mulatos médios, duplo-heterozigotos:
mulato médio X mulato médio
AaBb AaBb
♀ ♂ | AB | Ab | aB | ab |
AB | AABB
Negro |
AABb
mulato escuro |
AaBB
mulato escuro |
AaBb
mulato médio |
Ab | AABb
mulato escuro |
AAbb
mulato médio |
AaBb
mulato médio |
Aabb
mulato claro |
aB | AaBB
mulato escuro |
AaBb
mulato médio |
aaBB
mulato médio |
aaBb
mulato claro |
ab | AaBb
mulato médio |
Aabb
mulato claro |
aaBb
mulato claro |
aabb
Branca |
Fenótipos:
1/16 : 4/16 : 6/16 : 4/16 : 1/16 branco mulato claro mulato médio mulato escuro negro |
Cor dos olhos
A cor dos olhos é uma característica cuja herança é poligénica, um tipo de variação contínua em que os alelos de vários genes influenciam na coloração final dos olhos. Isso ocorre por meio da produção de proteínas que dirigem a proporção de melanina depositada na íris. Outros genes produzem manchas, raios, anéis e padrões de difusão dos pigmentos.
Distribuição dos fenótipos em curva normal ou de Gauss
SNUSTAD & SIMMONS (2008), avançam que, normalmente, os fenótipos extremos são aqueles que se encontram em quantidades menores, enquanto os fenótipos intermediários são observados em frequências maiores. A distribuição quantitativa desses fenótipos estabelece uma curva chamada normal (curva de Gauss).
O número de fenótipos que podem ser encontrados, em um caso de herança poligênica, depende do número de pares de alelos envolvidos, que chamamos n (SNUSTAD & SIMMONS, 2008).
Número de fenótipos = 2n + 1 |
Se uma característica é determinada por três pares de alelos, sete fenótipos distintos podem ser encontrados. Cada grupo de indivíduos que expressam o mesmo fenótipo constitui uma classe fenotípica (SNUSTAD & SIMMONS, 2008).
Sabendo-se o número de pares envolvidos na herança, podemos estimar a frequência esperada de indivíduos que demonstram os fenótipos extremos, em que n é o número de pares de genes (SNUSTAD & SIMMONS, 2008).
Frequência dos fenótipos extremos =1/4n |
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Bibliografia
BLACK, Ernest. War Against the Weak: Eugenics and America’s Campaign to Create a Master Race. New York / London: Four Walls Eight Windows, 2003.DAVENPORT, Charles Benedict. Heredity of skin color in negro-white crosses. Washington, D.C.,Carnegie Institution of Washington,1913.GRIFFITHS, Anthony J. F. Introdução a genética. 8ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.SNUSTAD e SIMMONS. Fundamentos de Genética. 4ª ed. Editora Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 2008.