Conteúdos
Introdução
Não se pode falar da Ética de Consumo e conceitos de ética e moral existentes nas culturas universais, sem falar da moral capitalista e, através desta recessão critica olharemos mais ao fundo da questão por de trás das suas faces, onde encontrar-se o fator ponderam-te que não é, sistemático, idealista, mas sim, ético e Moral, como iremos ver nesta análise crítica da Obra de Dennis Henrique sobre Ética de Consumo.
É justo que nos alegremos com estes progressos e nos entusiasmemos à vista das amplas possibilidades que nos abrem estas novidades incessantes, porque «a ciência e a tecnologia são um produto estupendo da criatividade humana que Deus nos deu». A tecnologia deu remédio a inúmeros males, que afligiam e limitavam o ser humano.
Não podemos deixar de apreciar e agradecer os progressos alcançados especialmente na medicina, engenharia e comunicações. Representa um corte qualitativo, em paralelismo fatal com o colapso do socialismo de Estado 20 anos antes. Tal como então, do novo “fim de uma época” sairá um mundo profundamente modificado e tudo menos estável se não houver uma profunda reformulação do paradigma de exploração de recursos de consumo e de desenvolvimento vigente.
Resumo a ética do consumo
A palavra “ética” é oriunda da palavra grega ethos (com épsilon, “e” longo), que significa “morada”. Todavia, não se tratava e não deve ser compreendida como a morada física, a casa material, mas como a casa existencial. Para os gregos, esta casa consiste na teia de relações entre o meio físico e os membros da comunidade.
Pode-se perceber evidentemente uma inversão de valores. Não é a moral que determina os preços; é a lei da oferta e da procura. Não é a virtude que cria o valor, é o trabalho. Não é o dever que rege a economia, é o mercado. Entretanto, tendo o mercado como regulador, a sociedade deve perder. “Se assim é, por que vamos construir coisas em comum? Deslegitimou-se o bem-estar social. ”
O filósofo e ecólogo Hans Jonas (apud GALLO, 2007) introduz, em seu livro O Princípio da Responsabilidade, uma nova dimensão para a responsabilidade humana, que vai além da responsabilidade para com os semelhantes, já que deve englobar também a responsabilidade para com a natureza. Para ele, a vulnerabilidade da natureza sempre deve ser levada em conta. Não se trata de defender a natureza como autodefesa, para evitar apenas o sofrimento humano. É preciso pensar numa ética própria para a natureza.
Nos últimos séculos, a justificativa dada para o avanço técnico e para a industrialização tem sido a elevação do nível de consumo. São muito oportunas as palavras de Buarque (apud GALLO): “a liberdade desapareceu como meta ontológica e foi apropriada como sendo sinônimo de consumo”. A natureza transforma-se em “recurso natural” que será trabalhado, modificado pelo “recurso humano”, para que os livre-consumidores (compradores) livremente consumam. Aí, então, surge uma questão ética: esta liberdade não é para todos, é para quem pode comprá-la.
O conceito de eco desenvolvimento foi usado pela primeira vez por Maurice Strong, em 1973. Foi Ignacy Sanchs quem acabou formulando os princípios básicos desta nova visãode desenvolvimento. Segundo Brüseke, ela integrou seis aspectos básicos que deveriam orientar o crescimento econômico:
- a satisfação das necessidades básicas;
- a solidariedade com as futuras gerações;
- a participação da população envolvida;
- a preservação do meio ambiente e dos recursos naturais;
- a estruturação de um sistema social que garanta emprego, segurança social e respeito a outras culturas;
- programas de educação (apud GALLO, 2007). “O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades”.
A sociedade de consumo tem como principal propulsor o comercialismo, ou seja, o comércio extravagante e espúrio de bens tangíveis e valores simbólicos. Por sua vez, o comercialismo é resultante da intensificação das práticas de marketing, que induzem o consumo exagerado, provocando o aumento da extração de recursos naturais e a geração de resíduos de todo tipo.
Contribuição com outros autores
Segundo Philip Kotler (2015), em seu livro Capitalismo em confronto, apresenta o que considera as 14 importantes deficiências do sistema capitalista e de distribuição de riquezas (bens comuns), entre as falhas apontadas pelo economista, estão a crescente desigualdade de renda, a falta de um salário digno a bilhões de trabalhadores, a dispensa de cobrança das empresas de custos sociais totais de suas atividades (como no caso da falta de cobrança de impostos aos Mega-Projectos em Moçambique e a falta de cobrança dos seus deveres com as comunidades em seu ambiente) e a ausência da inclusão de valores sociais e da felicidade na equação de mercado.
A crise actual é produto de uma cosmovisão fundada no materialismo e em uma perspectiva exclusivamente antropocêntrica. O ser humano é tratado como mão de obra e mercadoria e a natureza como matéria-prima.
Os dados disponíveis demonstram claramente que a crise planetária decorre da convicção de que a felicidade depende em grande parte do consumo de quantidades crescentes, e no mais das vezes desnecessárias, de bens materiais e serviços. A isso se denomina consumismo, processo de natureza econômica e social baseado na criação e desenvolvimento sistemáticos de um desejo compulsivo de comprar e consumir cada vez mais.
Sibila (2002) afirma que:
“Desde então, a posse de bens tem sido determinante para a construção das relações sociais e da organização social. Por consequência, esta necessidade infinita de consumir, baseada na exploração ilimitada de espaços e recursos finitos, tem afetado cada vez mais o sistema ambiental, bem como os próprios consumidores e suas relações sociais. ”
Actualmente, há 7 bilhões de pessoas no planeta e seu número continua aumentando. Os cientistas vêm há anos alertando que a superpopulação do mundo é apenas uma questão de tempo. Nesse contexto, os dados apresentados pelo relatório de 2014 da Fundação Alemã População Mundial (DSW), em que cerca de 2,2 bilhões de pessoas no mundo todo vivem actualmente em situação de pobreza ou se encontram a ponto de estar entre elas, mais de um terço da população global, segundo o relatório anual do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.
ANÁLISE CRÍTICA/INTERPRETATIVA
Pontos Fortes :
- “o desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades”. Esta concepção se baseou em dois conceitos-chave: 1- o conceito de “necessidades”, sobretudo as necessidades essenciais dos pobres no mundo, que devem receber a máxima prioridade; 2- a noção das limitações que o estágio da tecnologia e da organização social impõe ao meio ambiente, impedindo-o de atender às necessidades presentes e futuras.
- A sociedade de consumo tem como principal propulsor o comercialismo, ou seja, o comércio extravagante e espúrio de bens tangíveis e valores simbólicos. Por sua vez, o comercialismo é resultante da intensificação das práticas de marketing, que induzem o consumo exagerado, provocando o aumento da extração de recursos naturais e a geração de resíduos de todo tipo.
Pontos Fracos:
- O consumidor deve abrir mão da conveniência para se associar à qualidade de vida, que inclui o fator ambiental. Fatos como escassez de água, energia, más condições sanitárias trouxeram os conceitos de sustentabilidade ambiental e ecoeficiência para mais perto de cada cidadão, sem exceção, relativizando também seu conceito de consumo.
- A última é a sustentabilidade cultural, que se baseia, segundo Sanchs, na busca das raízes endógenas dos modelos de modernização e dos sistemas integrados de produção rural, concedendo privilégios aos processos de mudança dentro de uma continuidade cultural. A realização do desenvolvimento sustentável deve se dar a partir de uma pluralidade de soluções particulares, que respeitem as peculiaridades dos ecossistemas, das localidades e das culturas.
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Referências bibliográficas
Dennis Henrique Vicário Olívio et al; A ética do consumo; Scientia FAER, Olímpia – SP, Ano 2, Volume 2, 1º Semestre. 2010;
SIBILIA, Paula. O homem pós-orgânico: corpo, subjetividade e tecnologias digitais. Rio
KOTLER, Philip. Confronting Capitalism. Amacom, 2015.
BOFF, Leonardo. Ética e moral: a busca dos fundamentos. Petrópolis: Vozes, 2003.