Os bantu em contínuo movimento migratório à procura de melhores lugares e condições de sobrevivência se sedentarizaram e criaram uma unidade étnica e cultural baseada nos sistemas de parentescos e grupos de filiação consanguíneo, criaram pequenas aldeias geridas por representantes masculinos de um único grupo na qual se exige uma transmissão, de herança e de preferência que as liguem a uma das genealogias biológicas que toda pessoa recebe ou transmite: paterna e ou materna.
As sociedades humanas adoptam um sistema de descendência, cujo ponto de referência se situa num dos progenitores ou em ambos. Este sistema de descendência ou de parentesco é unilateral e, verificando-se dois sistemas: o patrilinear e o matrilinear. Deste modo, a descendência está ligada a uma só linhagem. Os bantu primitivos viviam em pequenas aldeias geridas por representantes masculinos de um único grupo de parentesco, por isso que, a aldeia era o lar e o centro espiritual de todos os membros da linhagem.
Os verdadeiros protagonistas da existência individual e social bantu são os grupos, as comunidades: família, clã, tribo e o reino, império ou a confederação de reinos.
O bantu não pode viver sem família nem clã, pois são dois grupos (primários, por sinal) fundamentais e vitais que dão sentido e solidez à sua vida. A família e o clã são células iniciais, na vivência e essencialmente comunitárias que definem a cultura do indivíduo bantu. Desta feita, não se pode conceber nem explicar o indivíduo bantu isolado de uma comunidade.
A parentela cria a capa inabdicável, onde se geram as estruturas sociais e o ambiente onde elas podem subsistir. A sua realidade místico-participante constitutiva estabelece um amplo sistema operativo, fundamento da organização social, ao situar todos os indivíduos dentro de um contexto de relações vitais e mútuas e de comportamentos funcionais e decisivos para a subsistência individual e comunitária.
Assim, a sociedade bantu se vai alargando em círculos concêntricos gradualmente, justapostos e cada vez mais amplos, confiando nas famílias, como núcleo e células-base. No entanto, ao conjunto de várias famílias se forma um clã. Quando vários clãs sentem uma origem comum, irmanados pela mesma língua, religião, tradições, costumes e espalhados por regiões próximas, dão origem à tribo. Ao conjunto de várias tribos, com afinidades linguísticas, geográficas ou interesses comuns, podem estruturar um reino. Assim aconteceu com os grandes impérios negros pré-coloniais que se formaram a partir da integração, conquista ou confederação de vários reinos.
Para o bantu, a primeira célula social é a família elementar, conjugal, nuclear ou reduzida que compreende filho, mãe e pai. Mais para o bantu a família é mais que isso.
Por uma razão, as famílias nucleares, unidas e integradas entre si, são o fundamento da solidariedade que dá origem às instituições sócio-políticas as quais não são mais do que o alargamento do núcleo primário. Este, como não se pode bastar a si mesmo, para ser amparado, precisa de se apoiar em grupos mais amplos e organizados.
A família nuclear é o pilar da sociedade bantu, embora não se possa conceber separada dos círculos mais amplos e fecundos: família alargada, clã e tribo. A família isolada, individualizada, fechada sobre si mesma e autónoma nessas comunidades, não existe. O bantu não a concebe, pois os princípios de consanguinidade e de participação vital não a admitem.
Além disso, as condições económicas, climáticas e geográficas impedem o seu isolamento. Por isso que para o bantu o termo família ultrapassa as conjunturas pai, mãe e filio, mas sim a alargada. O bantu precisa viver em conjunto, participar, sentir-se amparado e acolhido num grupo numeroso e defender-se da magia ou do homem. A participação vital como núcleo e guardiã da cultura, impõe-lhe uma vida comunitária e aclimar-se no grupo, participando da mesma corrente vital comunicada pelo sangue.
O bantu goza de uma comunidade muito ampla que lhe proporciona o prazer de viver sempre em família. Assim, os membros se tratam como parentes. Chamam “pai” ao tio e “irmão” ao primo, mãe a tia. Sem se importarem com a proximidade do parentesco, as designações de pai, mãe e irmão vão-se alargando indefinidamente. Os bantu encontram pais e irmãos nos lugares mais afastados.
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