Armando Emílio Guebuza (apelido Tchembene), nasceu a 20 de Janeiro de 1943, em Murrupula, Província de Nampula onde, seu pai, Miguel Guebuza, exercia a função de enfermeiro e sua mãe, Marta Bocotta Guebuza, doméstica.
Em 1948, o seu pai foi transferido para Lourenço Marques (Maputo), onde aos seis anos, iniciou os seus estudos no Centro Associativo dos Negros da Colónia de Moçambique, no Bairro de Xipamanine. Esta associação havia sido fundada em 1932, sob o nome de Instituto Negrófilo, tendo mudado de nome em 1937. O Instituto Negrófilo forma-se como uma entidade reivindicativa contra a discriminação racial instituída pelo colonialismo.
No ensino secundário, junta-se a outros jovens, membros do Núcleo dos Estudantes Secundários Africanos de Moçambique (NESAM), e que era conhecido por “Núcleo”, uma organização cívica fundada por Eduardo Mondlane (primeiro presidente da FRELIMO) em 1949.
Em 1963, Armando Guebuza é eleito Presidente do Núcleo. A sua escolha correspondeu à expectativa, tornando o Núcleo um centro de atracção e de referência para muitos jovens e adolescentes de então. No mesmo ano, junta-se à rede clandestina da FRELIMO, na então Cidade de Lourenço Marques. Sob proposta de Ângelo Azarias Chichava, se pensou na transformação do Núcleo dos Estudantes Secundários de Moçambique (NESAM) em Núcleo dos Estudantes de Moçambique (NEAM).
Em Março de 1964, Armando Guebuza e outros colegas como Ângelo Azarias Chichava, Milagre de Jesus Mazuze, Josina Muthemba, Adelina Paindane, Cristina Tembe e Mariana Saraiva Mpfumo, decidem deixar Moçambique para se juntarem à FRELIMO. Para escapar ao controlo da PIDE, a ensombrada polícia secreta do regime colonial, tiveram que abandonar, em Mapai, cerca das 4 horas da manhã, o comboio em que se faziam transportar para sair de Moçambique. Fizeram depois os mais de 80 quilómetros de Mapai à vila fronteiriça de Chicualacuala a pé, enfrentando o cansaço, a fome e a sede.
Vinte e quatro horas depois de terem deixado o comboio, e encontrando-se do lado rodesiano, continuaram a caminhar ininterruptamente mais de 30 Kms até retomarem o comboio para Salisbúria, hoje Harare. No comboio, integrando já outros dois jovens nacionalistas, Simione Chivite e Amos Mahanjane, são presos pela polícia rodesiana, quando se preparavam para abandonar aquele país, e encarcerados em Victoria Falls.
Armando Guebuza e os seus colegas são deportados e entregues à PIDE e, durante aproximadamente cinco meses, são sistematicamente torturados. Na noite de 24 para 25 de Dezembro de 1964, espalham panfletos, na Região Sul de Moçambique, constituída por Inhambane, Gaza e Maputo que, para além de palavras de ordem mobilizadoras da FRELIMO, continham a fotografia do Presidente Eduardo Mondlane. Esta situação forçou a PIDE a divulgar, um comunicado com a lista dos guerrilheiros detidos, dando detalhes sobre a trajectória política de cada um deles.
Não obstante as intimidações e chantagens da PIDE, Guebuza e os seus companheiros retomam o sonho de se juntarem à FRELIMO. Refugiam-se na Suazilândia, onde permanecem por alguns meses. Mais tarde, conseguem atravessar clandestinamente a África do Sul e, no protectorado britânico da Bechuanalândia, hoje Botswana, são novamente detidos e ameaçados com a deportação pelas autoridades britânicas. Em resultado da intervenção do Dr. Eduardo Mondlane, Presidente da FRELIMO, exigindo a sua incondicional libertação, o grupo é entregue ao Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados e conduzido para a Zâmbia.
Dali, mais tarde, o grupo segue para a Tanzânia, conduzido por Mariano Matsinha, então representante da FRELIMO na Zâmbia. Na Tanzânia, Armando Guebuza é submetido aos treinos militares em Bagamoyo. Faz depois parte do grupo de combatentes que abre o Campo de Preparação Político Militar de Nachingweya. Em 1966, é transferido de Nachingweya para Dar-es-salam, para exercer as funções de Secretário Particular do Presidente Mondlane, em substituição de Joaquim Chissano que se preparava para seguir para formação na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
Cumulativamente, Armando Guebuza lecciona no Instituto Moçambicano. Mais tarde e ainda nesse mesmo ano de 1966 é nomeado Secretário para a Educação e Cultura. Por inerência destas funções passa a membro do Comité Central da FRELIMO, nesse mesmo ano. Em 1968, é nomeado Inspector das escolas da FRELIMO e em 1970 Comissário Político Nacional. No Governo de Transição Guebuza ocupa a pasta da Administração Interna, cargo que acumula com o de Comissário Político Nacional. No primeiro Governo do Moçambique independente é nomeado Ministro do Interior. Em 1974, Armando Emílio Guebuza, dirige na sua qualidade de Comissário Político, o processo de criação e implantação dos Grupos Dinamizadores, comités populares de base, concebidos para promover a participação democrática das massas no novo processo político em curso.
Em 1977, Armando Guebuza é eleito membro do Comité Político Permanente da FRELIMO, sucessivamente denominado por Bureau Político e Comissão Política e é nomeado Vice-Ministro da Defesa Nacional e, em 1978, acumula estes cargos com o de Governador da Província de Cabo Delgado. Em 1981, é designado Governador da Província de Sofala e, em 1983, é novamente nomeado Ministro do Interior. Em 1984, é nomeado Ministro na Presidência, responsável pela coordenação das áreas da Agricultura, Comércio, Indústria Ligeira e Turismo, assim como a cooperação com a China, Coreia do Norte, Paquistão e Vietname.
Em 1986, assume a pasta dos Transportes e Comunicações e da Presidência do Comité de Ministros dos Transportes e Comunicações da Comunidade para o Desenvolvimento da Africa Austral. Em 1990, é nomeado chefe da delegação do Governo às conversações de Roma que resultaram na assinatura do Acordo Geral de Paz em 1992 e é designado Chefe da Delegação do Governo na Comissão de Supervisão e Implementação do Acordo Geral de Paz para Moçambique.
Tenente-General na Reserva, esteve também envolvido no processo de Paz do Burundi sob a égide do falecido Presidente da Tanzânia Julius Nyerere e, mais tarde, do antigo Presidente sul-africano, Nelson Mandela. Guebuza (casado com Maria da Luz Guebuza, e é pai de 4 filhos e tem sete netos) foi responsável da Comissão sobre a Natureza do Conflito Burundês, Problemas do Genocídio e Exclusão e suas Soluções. Em 2000 ele foi escolhido, por consenso, pelas partes em conflito no Burundi para presidir à Comissão sobre as Garantias para a Implementação do Acordo resultante das negociações de Paz.
Guebuza foi Chefe da Bancada da FRELIMO desde o primeiro parlamento multipartidário, saído das Eleições Gerais de 1994, até ao VIII Congresso da FRELIMO. Em 2002, é eleito Secretário-Geral da FRELIMO e candidato deste Partido às eleições Presidenciais de 2004. Em Fevereiro de 2005 foi empossado como terceiro Presidente da República, depois da sua vitória nas Eleições de Dezembro 2004. Em Março do mesmo ano foi eleito Presidente da FRELIMO tendo sido reeleito no IX Congresso realizado em Novembro de 2006 e no X Congresso realizado em Setembro de 2012. Em Janeiro de 2010 foi empossado para o segundo mandato depois da sua vitória nas Eleições de Outubro de 2010, mandato que terminaria em Janeiro de 2015.
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