Em África, foi no Senegal que os franceses primeiro estabeleceram entrepostos para trocas comerciais em 1624, mas não formaram verdadeiras colónias até ao século XIX, limitando-se a traficar escravos para as suas colónias nas Caraíbas. No Oceano Índico, os franceses colonizaram a Île Bourbon (actual Reunião), em 1664, Île de France (actualmente Maurícias), em 1718 e as Seychelles, em 1756. Durante o reinado de Napoleão, o Egipto foi também conquistado por um breve período.
O verdadeiro interesse da França por África manifestou-se em 1830 com a invasão da Argélia e o estabelecimento de um protectorado na Tunísia, em 1881. Entretanto, expandiram-se para o interior e para sul, formando, em, 1883 a colónia do Sudão francês (actual Mali e, nos anos que se seguiram ocupando a grande parte do Norte de África e da África ocidental e central. Em 1912, os franceses obrigaram o sultão de Marrocos a assinar o Tratado de Fez, tornando-se outro protetorado.
Foram os seguintes os actuais países africanos que se tornaram independentes de França no século XX: Marrocos, Tunísia, Guiné, Camarões, Togo, Senegal, Madagáscar, Benim, Níger, Burkina Faso, Costa do Marfim, Chade, Congo, Gabão, Mali, Mauritânia, Argélia, Comores e Djibouti.
Evolução das economias nas colónias francesas em África (1914-1935)
De acordo com BOAHEM, (2010, p.404), no plano económico, este foi um período decisivo, que teve o inicio e o fim assinalados por dois traumatismos profundos:
- Primeira Guerra Mundial que serviu para desencadear, apesar da breve mas violenta crise dos anos 1921-1922;
- Um boom colonial sem precedentes, que reflectia a prosperidade metropolitana dos anos de 1920. Embora espectacular, foi uma expansão relativamente curta, encenada pela longa depressão que seguiu a crise de 1930. Tudo isso produziu conturbações tanto no plano económico e social como no plano ideológico.
Portanto as colónias, até então relativamente independentes de suas metrópoles, foram integradas ao sistema capitalista ocidental, no contexto de um sistema económico coerente de exploração colonial.
O financiamento de bens de capital
Em 1929, os bens de capital (carvão e coque, óleos minerais, pecas metálicas, maquinas, navios e veículos) constituíam quase metade das importações, apenas um terço na África Ocidental Francesa. Mas as colónias continuavam financeiramente pobres, apesar do crescimento das receitas aduaneiras, devido ao surto do comércio exterior, e, sobretudo, ao aumento do imposto de capitação, elas não estavam em condições de assumir sozinhas o financiamento da expansão. SENA, (2012), acrescenta ainda que:
“O desenvolvimento dos bens de capital ia de par com uma política intensiva de empréstimos tomados as metrópoles. Paradoxalmente, o maior esforço foi despendido no momento critico da grande depressão. A partir de 1931, a África Ocidental Francesa empenha-se seriamente no esforço para obter empréstimos, pois o desastre de 1930 convencera o governo da urgência de um programa de bens de capital”.
Disto pode-se concluir que a França desenvolveu uma politica de empréstimos de capitais as suas colónias com o intuito de evolui-las economicamente, para puder tirar delas o maior proveito e se tornar o maior império colonial.
A capitação, porem, continuou aumentando em plena crise, ou então pouco diminuiu na África Ocidental Francesa, cerca de 156 milhões de francos franceses em 1929, 181 milhões em 1931; no ponto mais baixo, 153 milhões em 1935. Contudo se a Franca sentiu esforço de fazer investimento nas colónias africanas, foi a título provisório, sob a forma de empréstimos garantidos pelo estado, reembolsáveis em 50 anos, a juros de 4 a 4,5%.
Isto significava que as colónias francesas essencialmente tinham, de arcar com o pagamento de seus próprios bens de capital. Evidentemente, na África Equatorial Francesa a miséria do território exigiu finalmente que a metrópole assumisse a quase totalidade da divida, mas, na África Ocidental Francesa, deduzindo-se o reembolso da divida, a participação francesa na formação de bens de capital não passou de 16% do total, entre 1931 e 1936.
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Bibliografia
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