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Definição de jogos tradicionais
Os jogos tradicionais são aqueles típicos de uma região, que são feitos sem a ajuda ou intervenção de tecnologia, só é necessário o uso de seu próprio corpo ou recursos que podem ser facilmente obtidos a partir da natureza (pedras, ramos, areia, flores).
O objectivo dos jogos tradicionais pode ser variável e pode ser executado individualmente ou colectivamente, embora vulgarmente baseiam-se na interacção de dois ou mais jogadores.
Origem de jogos tradicionais
Jogos tradicionais são marcas da actividade física de uma sociedade ou um grupo social. São realizados pelos seus praticantes a partir do repertorio dos mais velho, esses criados a tempos atrás e praticados pelos nossos pais, avós, bisavós. Transmitindo de forma predominantemente oral dentro de uma geração, e de geração em geração, e adaptam-se as características do local de pratica.
Tipos de jogos tradicionais
Terra-mar
- Modelo de jogo: todos contra todos;
- Idade: 6-12;
- Sexo: masculino e feminino;
- Participantes: vários;
- Material: nenhum;
- Terreno do jogo: área livre, um traço desenhado no chão;
- Disposição inicial: jogadores em pé, em fila;
Como se joga
Os jogadores estão de pé, em fila, colocados ao longo do traço desenhado, sem o pisar. Define-se previamente que um dos lados do tranco simboliza o Mar e outro a Terra.
A pessoa que dá a voz de comando “Mar” ou “Terra”, devendo os jogadores dar um salto para o lado correspondente. A pessoa que da voz de comando n também executa o salto.
Esta voz de comando pode ser repetida, não sendo obrigatório alternar as vozes. Por outro lado, a pessoa que dá a voz pode também procurar enganar os jogadores, executando o movimento contrario a ordem dada por si. Sempre um jogador se enganar, saltando para o lado contrario ao anunciado pela voz, sai do jogo.
O jogo termina quando estiver apenas um jogador em jogo, que será o vencedor.
Ntchuva
O Ntchuva é um jogo de equipa, para adultos do sexo masculino. Formam-se 2 equipas com um ou mais jogadores.
Material
Pedrinhas
O jogo pode ser realizado no chão, cavando-se 4 filas de pequenas covas. Cada fila pode ter 4, 8, 16 ou 32 covas. Também se pode jogar num tabuleiro construído em madeira ou cimento. As equipas dispõem-se frente a frente, de cócoras. Em cada cova são colocadas duas pedrinhas.
Como se joga
A cada equipa correspondem duas filas de covas. O objectivo do jogo é eliminar as pedras do adversário.
Para fazer uma jogada, o jogador escolhe uma cova de partida. Agarra nas pedras dessa cova e coloca-as uma a uma nas covas seguintes, andando no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio. Sempre que a última pedra que largou fica numa cova que ainda tem pedras, o jogador reinicia o processo, ou seja, retira as pedras dessa cova e coloca-as uma a uma nas covas seguintes até que a última pedra seja largada numa cova vazia.
Se essa cova se situa na 1ª fila (a que fica mais próxima do jogador) a jogada termina e passa a vez ao adversário. Se a cova em questão se situa na 2ª fila (mais perto do adversário) o jogador verifica se a cova da frente (correspondente à 2ª fila do adversário) tem pedras, o que lhe dá o direito de retirar as pedras dessa cova, da cova imediatamente atrás e duma terceira cova (escolhida pelo jogador, segundo um critério de estratégia de jogo, ou seja, irá procurar reduzir as possibilidades do adversário, numa próxima jogada, lhe retirar também pedras).
Em seguida é a vez do adversário, que jogará nos moldes já descritos, prosseguindo o jogo com jogadas alternadas entre as duas equipas. Os jogadores são obrigados (enquanto for possível) a iniciar a jogada por uma cova com mais de uma pedra, terminando sempre quando deixarem apenas uma pedra numa cova.
Apenas quando deixarem de haver covas com mais de uma pedra, poderá o jogador iniciar a partida a partir de uma cova com uma só pedra, andando neste caso apenas uma cova, a não ser que logo a seguir tenha uma pedra e assim ele já poderá continuar. O jogo termina quando uma equipa eliminar as pedras do adversário.
Matacuzana
Matacuzana é um jogo individual, para crianças do sexo feminino, entre os 9 e os 13 anos. Podem participar entre 2 a 4 jogadoras.
Material
Pedrinhas ou castanhas de caju.
O jogo realiza-se ao ar livre, fazendo uma pequena cova no chão, ou desenhando um círculo. As jogadoras sentam-se à volta da cova ou do círculo, cada uma com uma pedra na mão, Mugungo ou Xicungo (Maputo). Na cova colocam-se várias pedrinhas.
Como se joga
O jogo consiste em várias fases de manuseamento das pedras, obedecendo a normas e sequências previamente estipuladas.
1 – Lançar o xicungo ao ar com uma mão, retirar as pedras da cova e voltar a apanhar o xicungo sem deixá-lo cair. Em seguida lançar novamente o xicungo e colocar as pedras na cova deixando apenas uma. Este processo repete-se até que todas as pedras fiquem de fora.
2 – O mesmo procedimento, mas em vez de deixar uma pedra passa a colocar 2 a 2 de cada vez, depois 3, 4 e 5 finalmente todas.
3 – Realizar os mesmos procedimentos mas retirando as pedras da cova com as duas mãos.
4 – Ao lançar o xicungo, para além da colocação idêntica das pedras bate-se com a mão no chão.
5 – Sempre que se lança o xicungo, coloca-se uma pedra na cabeça antes de colocar as restantes.
Cada vez que uma jogadora falha passa a vez a outra.
O jogo termina quando uma jogadora cumprir todas as fases.
Cheia
Cheia é um jogo de equipa, para crianças do sexo feminino, entre os 9 e os 13 anos. Formam-se 2 equipas de 6 jogadoras.
Material
Uma bola pequena e uma garrafa.
O jogo realiza-se ao ar livre, num terreno de areia solta, delimitado por duas linhas de fundo distanciadas 10 metros; no centro coloca-se um monte de areia com a garrafa. A jogadora de uma das equipas, coloca-se no meio, junto ao monte de areia e da garrafa; atrás de cada linha de fundo colocam-se as jogadoras adversárias; as restantes aguardam a sua vez.
Como se joga
A jogadora da equipa «A» procura encher a garrafa com areia, enquanto 2 elementos da equipa adversária passam a bola entre si. A partir do 3º passe, começam a tentar acertar na jogadora adversária, procurando esta esquivar-se ao mesmo tempo que continua a encher a garrafa com areia. Cada vez que esta consegue enchê-la, sem que tenha sido tocada pela bola, vaza-a por completo ao mesmo tempo que conta até 100, o que perfaz um ponto, voltando depois a enchê-la novamente.
Se a jogadora «A» ao ser alvejada, conseguir agarrar a bola sem a deixar cair, lança-a o mais longe possível de modo a ter mais tempo para encher a garrafa. Se pelo contrário ela é alvejada sem conseguir agarrar a bola, sai do jogo sendo substituída por outra da mesma equipa. O jogo prossegue até que todos os elementos da equipa que «enche» tenham sido alvejados, trocando-se então as posições das equipas.
O jogo termina, quando todas as jogadoras tiverem sido alvejadas, vencendo a equipa que somar mais pontos.
Amagamulazetxe
É um jogo de equipa, para crianças de ambos os sexos, entre 6 e os 9 anos. Não há numero limite de participantes.
Para este jogo não e necessário nenhum material, realiza-se ao ar livre escreva um traço no chão. Dois jogadores, colocam-se de pé, frente a frente e de mãos dadas.
Os restantes dispõem-se em fila, fazendo um comboi em que cada um poe as mãos nos ombros nos ombros do jogador da frente.
Como se joga
Os jogadores do comboio andam em corrida saltada e livre ao ritmo de uma cancao que os propios cantam.
O combio terá então de passar pelo meio de dois jogadores, que leventam os bracos para que os outros passem por baixo. No ultimo da fila os dois jogadores baixam os bracos separando-o do comboio e prendendo-o, após o que lhe pedem para escolher entre duas frutas que secretamente já tinham combinado.
Enquanto isto o comboio continua a andar. Este procedimento destina-se a distribuir os jogadores em dois grupos ou seja, conforme a escolha, os jogadores colocam-se atrás de um e do outro jogador, até que todos estejam distribuídos de modo a formarem duas equipas.
Depois disto, passa-se a segunda fase de jogo. É traçado um risco no chão, os jogadores de cada equipa dispõem-se de um e doutro lado do risco. Os elementos de uma mesma equipa agarram-se a cintura uns dos outros. O primeiro jogador de uma das equipas, agarra os pulsos do primeiro jogador adversário.
Cada equipa, procura puxar a outra para o seu lado do risco.
Vence a equipa que conseguir, pelo menos um jogador adversário atravesse o risco.
Importância de jogos tradicionais
Os jogos tradicionais têm um peso importante neste processo de aprendizagem, pois para além de serem uma prática de ocupação saudável dos tempos livres, respeitam as características fundamentais de cada região ou sociedade.
Para além de aspecto higiénico e cultural, o dinamismo lúdico e a carga efectiva dos jogos Tradicionais contribuem para varias finalidades, como:
- A integração em grupo- já que os intervenientes não estão isolados, geralmente participa numa acção comum, onde desempenham papéis quer individuais, na presença de todos ou em grupo.
- A aquisição de uma certa disponibilidade corporal-que promove a coordenação motora, uma vez que ao jogar existe a necessidade de efectuar toda uma série de gestos ajustados a cada situação. Havendo mesmo alguns jogos em que é estimulado o desenvolvimento da independência de uma parte do corpo, o que fortalece a lateralização.
Por isso os jogos tradicionais são considerados como meio educativo, os factores educáveis são de ordem motora tendo de se considerar o desenvolvimento da resistência orgânica e muscular, o desenvolvimento da forca e potencia e o desenvolvimento da velocidade e da mobilidade articular.
Impacto cultural
A cultura inclui um conhecimento dos hábitos e de todas as capacidades adquiridas pelo Homem como membro da sociedade, é neste contexto que nenhum homem pode integrar determinada cultura se não for educado e criado segundo as suas normas e valores.
O jogo desempenha um papel importante na integração do Homem na sociedade o jogo é um dos meios mais importantes de aquisição das diferentes situações vitais e de aprendizagem de tipos de comportamento. Para as crianças o jogo é fundamentalmente uma forma de vida e é uma das formas através da qual elas se socorrem para interiorizar o seu envolvimento físico e social.
Leia Também Sobre:
- Teatro tradicional africano
- Agricultura tradicional
- Danças tradicionais da Zona Sul de Moçambique
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- Bebidas Tradicionais em Moçambique
Referências bibliográficas
SANTOS, S. M. P. dos. (org.). Brinquedoteca: o lúdico em diferentes contextos. 11. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1997.
FADELI, T. T. et al. Arco da velha: resgate e vivência de brinquedos e brincadeiras populares. In: ENCONTRO NACIONAL DE RECREAÇAO E LAZER, 15, 2003, Santo André, SP. Anais. Santo André, SP: SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO, 2003.
PONTES, F; MAGALHÃES, C. A Transmissão da Cultura da Brincadeira: algumas possibilidades de investigação. Psicologia: Reflexão e Crítica, 2003.