Em meados do século XVIII, com os crescentes incentivos portugueses e a contribuição dos Swahilis, Árabes e franceses ao comércio de escravos Angoche tornou-se um dos mais importantes centros económicos da África Oriental. No século XIX, já era um grande ponto comercial de escravos destinados a Zanzibar, Comores, Ilha de Moçambique, Europa e América.
Ao sul de Moçambique, o tráfico de escravos não chegou a alcançar os números de exportação da região norte, no vale do Zambeze. Contudo, os portugueses marcaram sua presença, embarcando nos portos de Lourenço Marques e Inhambane cativos de guerras, em particular, as que originaram o reino Nguni a partir da década de 1820. O tráfico de escravos tinha um papel importantíssimo e por isso, considera-se como um marco inicial da resistência ao domínio português a sua proibição em 1842.
Localização Temporal e Espacial do tráfico de Escravos
O tráfico de escravos começa a ser praticado muito antes do século XVIII, mas é em meados deste século que ganha uma dimensão e proporções particularmente grandes, tornando-se numa actividade sistemática e, mais do que isso, tornando-se no principal atractivo dos mercadores. Os escravos foram especialmente recrutados no vale do Zambeze e na faixa litoral e interland das zonas entre o Rio Ligonha e a Baía de Memba. Também houve, se bem que em menor escala, recrutamento na Baía da Lagoa e no interior de Inhambane.
Principais fases do tráfico dos escravos
Na primeira fase, desde cerca de 1740, os escravos eram adquiridos pelos franceses que os levavam para trabalhar nas suas plantações de açúcar e de café nas Ilhas Mascarenhas no Índico.
Na segunda fase é dada as solicitações em mão-de-obra da América do sul, sobretudo do Brasil a fim de assegurar a produção nas plantações de açúcar, café, cacau e algodão, entre outras, não só, trabalhavam também nas minas de ouro e de diamantes nos mercadores brasileiros, e no Norte e centro americanos prospectivamente começaram a aparecer na costa moçambicana e nos primórdios do século XIX, o tráfico para as Américas predominava sobre o tráfico para as Mascarenhas.
Na terceira fase, sobretudo após a abolição oficial do tráfico em 1836 e em 1842, a saída clandestina de escravos fazia-se essencialmente através dos Xeicados de Quitangonha, Sancul, Sangage, e do Sultanato de Angoche, bem como dos prazos.