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Conceitos básicos
Método científico é um conjunto de etapas e instrumentos pelo qual o pesquisador científico, direcciona seu projecto de trabalho com critérios de carácter científico para alcançar dados que suportam ou não sua teoria inicial
Para Barros (2000), pesquisa é um processo de construção do conhecimento que tem por objectivo gerar novos conhecimentos ou refutá-los, constituindo-se num processo de aprendizagem tanto do indivíduo que a realiza, quanto da sociedade, na qual esta se desenvolve.
Importância de pesquisa científica
A pesquisa, concebida como busca significativa de uma dúvida ou problema, demanda a necessidade de realizar empreendimentos para descobrir ou conhecer algo
A pesquisa científica é uma parte importantíssima no desenvolvimento de um aluno. Através dela você pode:
- Aprender um contexto mais amplo da área, acrescentar pontos que não conseguem ser explicados numa sala de aula convencional, dá mais riqueza e versatilidades aos temas já conhecidos;
- Para o professor, atende a necessidade de maior conhecimento sobre determinado tema ou respostas de situação que envolve o contexto educacional;
- Pois, a investigação científica nasce de um problema percebido: da ignorância ou objectiva maior compreensão, atende a inquietação ou ao desejo de apropriação, revela a necessidade de descoberta ou da revisão do conhecimento já produzido;
- A pesquisa, além de ser uma via para a construção de conhecimento e informações, é base para o progresso humano no mundo científico, tecnológico e cultural.
A pesquisa pode ser um grande instrumento na construção do conhecimento do aluno, por isso se faz necessário, sempre que possível, que o professor mande algum tema para pesquisa relacionado com o conteúdo, a fim de contribuir na construção da aprendizagem. Por meio da pesquisa o aluno tem possibilidade de descobrir um mundo diferente, coisas novas, curiosidades.
Classificação de pesquisa científica
A pesquisa, mais usualmente, pode ser cacicada ou dividida de três maneiras: a primeira com base nos objectivos pretendidos, a segunda com base na obtenção das informações e a terceira se baseia nos procedimentos utilizados pelo pesquisador.
A classificação da pesquisa com base em seus objetivos
Quanto aos objectivos, a pesquisa pode ser exploratória, descritiva e explicativa.
A pesquisa exploratória
É considerada uma pesquisa preliminar, mais superficial, que se caracteriza pela existência de poucos dados disponíveis. “Muitas vezes, por não ter clareza sobre um determinado problema, o pesquisador vale-se inicialmente desse tipo de pesquisa […] Alguns autores a vêem como um estudo inicial para a realização de outro tipo de pesquisa”
O planejamento do tipo de pesquisa exploratória está relacionado à pesquisa bibliográfica sobre um tema estudado. Quando realiza entrevistas com pessoas que possam responder sobre o problema pesquisado, geralmente, assume a forma de estudo de caso.
Explorar é tipicamente a primeira aproximação com o tema e visa criar maior familiaridade em relação a um fato ou fenómeno. Quase sempre busca-se essa familiaridade pela prospecção de materiais que possam informar ao pesquisador a real importância do problema, o estágio em que se encontram as informações já disponíveis à respeito do assunto, e até mesmo, revelar ao pesquisador novas fontes de informações
A pesquisa descritiva
Trata-se da descrição das características de um determinado fenómeno ou estabelecer relações entre variáveis que se manifestam espontaneamente.
Após a primeira aproximação (pesquisa exploratória), o interesse é descrever um fato ou fenómeno. Por isso a pesquisa descritiva é um levantamento das características conhecidas, componentes do fato/fenómeno/problema. É normalmente feita na forma de levantamentos ou observações sistemáticas do fato/fenómeno/problema escolhido
Muitas são as pesquisas com esta denominação e a utilização de técnicas padronizadas de colecta de dados, tais como questionário e a observação sistemática. Nesse caso, o pesquisador regista, analisa e interpreta os dados. É amplamente utilizada nas Ciências Humanas e Sociais, com a utilização do método observacional; solicitada por instituições educacionais, empresas comerciais, partidos políticos e outros.
A pesquisa explicativa
Estuda de modo mais aprofundado a realidade, porque explica o motivo, o porquê das coisas. Consiste numa investigação mais complexa, valendo-se do método experimental. As Ciências Naturais utilizam com maior frequência os procedimentos das pesquisas explicativas.
Criar uma teoria aceitável a respeito de um fato ou fenómeno constitui a pesquisa explicativa. Esta se ocupa dos porquês de fatos/fenómenos que preenchem a realidade, isto é, com a identificação dos factores que contribuem ou determinam a ocorrência, ou a maneira de ocorrer dos fatos e fenómenos. Não é demais afirmar que as informações mais importantes, componentes de várias ciências, são originárias deste tipo de pesquisa, já que visa aprofundar o conhecimento da realidade para além das aparências dos seus fenómenos. E, por natureza, envolve o pesquisador num nível também mais elevado de responsabilidade para com os resultados obtidos.
Pesquisas classificadas com base nos procedimentos técnicos utilizados
Uma terceira maneira de classificar os tipos de pesquisa diz respeito aos procedimentos técnicos utilizados pelo pesquisador. Neste caso, a elaboração das perguntas define o tipo de pesquisa. Com esse raciocínio, as pesquisas podem ser identificadas, dentre outras, como: bibliográfica, documental, do tipo levantamento, estudo de caso, pesquisa acção
Pesquisa bibliográfica
Inicialmente, o aluno pesquisador precisa estar a par de uma bibliografia, instrumentalizando-se na manipulação de referências bibliográficas dos diversos tipos de publicações com que irá lidar no momento da pesquisa bibliográfica.
Para Gil (2002, p. 72-73), os procedimentos da pesquisa bibliográfica se definem mediante os seguintes passos:
- Determinar os objectivos;
- Elaborar um plano de trabalho;
- Identificar as fontes; localizar as fontes e obter o material;
- Ler o material; fazer apontamentos;
- Confeccionar fichas;
- Redigir o trabalho.
A pesquisa terá sempre uma parte de fundamentação teórica sobre o assunto. Nessa parte deve apresentar os conhecimentos adquiridos das leituras realizadas na bibliografia seleccionada para estudo. Importante lembrar que a pesquisa bibliográfica é base para a pesquisa de campo ou de laboratório, pois, a fundamentação teórica é essencial a qualquer tipo de pesquisa. Por vezes, é realizada independentemente, percorrendo todos os passos do trabalho científico.
Assim, como os demais tipos de pesquisa, a pesquisa bibliográfica exige do pesquisador procedimento crítico diante dos textos consultados e incluídos na pesquisa.
As técnicas utilizadas na coletade dados decorrem dos procedimentos de estudo da leitura trabalhada: resumos, fichamentos, resenhas etc. Estão relacionadas a preparar-se para anotar informações, à aplicação do espírito para apreender e obter conhecimentos.
Pesquisa documental
A pesquisa documental embora se assemelhe à pesquisa bibliográfica, diferencia-se, seja quanto: à natureza das fontes de pesquisa; ou quanto aos documentos que podem ser escritos ou não, ou ainda, que não receberam tratamento analítico.
Gil (2000, p.52) define as seguintes fases na pesquisa documental:
- Estabelecimento de objectivos;
- Elaboração do plano de trabalho;
- Selecção e localização das fontes;
- Obtenção do material;
- Tratamento dos dados;
- Confecção das fichas;
- Redacção do trabalho.
A pesquisa documental, geralmente, é realizada em locais que sirvam como fonte de informações para o levantamento de documentos arquivados em órgãos públicos e instituições privadas, associações, sindicatos, igrejas etc. Tem como objecto para colecta de dados: boletins, cartas pessoais, folhetos, diários, fotografias, gravações, memorandos, regulamentos etc.
Por outro lado, a pesquisa documental procura dados em documentos como: relatórios de pesquisa, relatórios de empresas, tabelas estatísticas, anais etc. Como se vê, “[…] é possível até mesmo tratar a pesquisa bibliográfica como um tipo de pesquisa documental, que se vale especialmente de material impresso fundamentalmente para fins de leitura”
Pesquisa levantamento
Trata de um estudo que envolve grande número de componentes de determinado universo a ser pesquisado, através de amostras.
Os levantamentos podem envolver vários segmentos (sócio económicos, psicossociais etc.). A análise dos dados é realizada por meio de tratamento estatístico. Nas conclusões procuram-se respostas às perguntas de pesquisa, incluindo comentários do pesquisador em relação às implicações ou necessidades de aprofundamento.
De modo geral, para Gil (2002, p.86) as fases da pesquisa levantamento podem ser definidas na seguinte sequência:
- Apresentação dos objectivos;
- Dentição dos conceitos e variáveis;
- Realização de um estudo piloto;
- Selecção da amostra;
- Elaboração do instrumento e colecta de dados;
- Análise e apresentação dos resultados.
A pesquisa procura respostas para descrever a situação como ela existe, podendo ser qualitativa ou quantitativa. Geralmente, os resultados são apresentados em forma de narrativas com apresentação de tabelas e gráficos.
Pesquisa estudo de caso
Neste estudo, se realiza uma análise com profundidade de uma ou poucas unidades, com vistas à obtenção de conhecer detalhes sobre o objecto da pesquisa. O processo de aquisição de conhecimento da realidade se pauta pela economia e eficiência. Para isto, Martins (2006, p 17), afirma ser “[…] necessário buscar, armazenar e ter acesso ao máximo de informações e conhecimentos possíveis sobre o tema escolhido, com um nível aceitável de esforço e dispêndio de tempo e recursos”.
Para Gil (2002, p. 121), nos estudos de casos se distinguem quatro fases:
- Delimitação da unidade caso;
- Colecta de dados;
- Análise e interpretação dos dados colectados;
- Redacção do relatório.
O objecto de uma pesquisa de estudo de caso pode surgir de circunstâncias pessoais ou profissionais, da experiência científica própria ou alheia. Pode ser uma pessoa, uma família, uma comunidade, uma escola ou um conjunto de relações ou processos (como conflitos no trabalho, segregação espacial numa comunidade etc.).
A quantidade de informações necessárias sobre o objecto de estudo, depende da percepção do pesquisador em considerá-los suficientes para se chegar à compreensão do objecto. É muito importante, também, que para a análise dos dados sejam utilizadas categorias analíticas. Por exemplo, se numa pesquisa sobre conteúdos básicos da Geografia na Educação Infantil e Anos iniciais for possível, utilizar as categorias “paisagem”, “região”, “lugar”, “território”, “natureza” e “sociedade”, os dados assumem um significado que facilmente pode ser transmitido.
Pesquisa ação
A pesquisa acção diz respeito à intervenção planejada e envolvimento do pesquisador em relação ao grupo envolvido no problema, com o objectivo de examinar os efeitos dessa intervenção.
Moreira e Caleffe (2008, p.92, grifo nosso), afirmam que a pesquisa acção na escola e na sala de aula é um meio:
- De sanar problemas diagnosticados em situações específicas, ou melhorar alguma maneira um conjunto de circunstâncias.
- De treinamento em serviço, portanto, proporcionando ao professor habilidades, métodos para aprimorar sua capacidade analítica e fortalecimento da autoconsciência;
- De introduzir abordagens adicionais e inovadoras no processo ensino-aprendizagem e aprender continuamente em um sistema que normalmente inibe a mudança e a inovação; de proporcionar uma alternativa à solução de problemas na sala de aula.
Quem realmente pode fazer pesquisa-acção? Três possibilidades se apresentam. Primeiro, o professor trabalhando sozinho com sua turma. Ele sentirá necessidade de algum tipo de mudança ou melhora na sua prática pedagógica e na organização e estará em uma posição de traduzir suas ideias em acção na sua própria sala de aula. Nesse caso ele se torna praticante e pesquisador e tentará integrar as orientações teóricas e práticas em seu trabalho.
Segundo, a pesquisa pode ser realizada por um grupo de professores trabalhando cooperativamente em uma escola, ainda que haja a necessidade de o professor trabalhar sozinho. Ele pode ser ou não orientado por um pesquisador de fora da escola. E, terceiro, há uma ocasião – talvez a mais característica em anos recentes em o professor ou os professores trabalham em conjunto com um pesquisador ou pesquisadores em uma relação sustentada, possivelmente com outras partes interessadas como orientadores, departamentos universitários e patrocinadores.
Na educação a pesquisa acção realizada de forma cooperativa se revela como a mais prática de pesquisa na busca de solução de problemas pelos professores, administradores, alunos e pessoas da comunidade, tendo como fundamento a melhoria da qualidade do ensino e da aprendizagem.
Moreira e Caleffe (2008, p. 93) ainda apresentam ocasiões em que a pesquisa acção é apropriada:
- Métodos de ensino – substituir um método tradicional por um método progressista;
- Estratégias de aprendizagem – adoptar uma abordagem integrada de aprendizagem em referências a outro estilo de ensino;
- Procedimentos de avaliação – melhorar os métodos de avaliação;
- Atitudes e valores – possibilidade de incentivar atitudes mais positivas em relação ao trabalho, ou modificar o sistema de valores dos alunos em relação a alguns aspectos da vida;
- O desenvolvimento pessoal dos professores – melhorar as habilidades de ensino, desenvolver novos métodos de aprendizagem, aumentar a sua capacidade de análise.
- Gerenciamento e controle – a introdução gradual de técnicas de modificação de comportamento;
- Gestão – aumentar a eficiência do professor em alguns aspectos administrativos da vida escolar.
Barros, A. J. P. de; Lehfeld, N. A. de S. Fundamentos de metodologia: um guia para a iniciação científica. 2. ed. ampl. São Paulo: Makron Books, 2000.
Gil, A. C. Como elaborar projectos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
Martins, G. A. Estudo de caso: uma estratégia de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2006.
Martins, Jorge Santos. O trabalho com projectos de pesquisa: do ensino fundamental ao ensino médio. 5 ed. Campinas, SP: Papirus, 2007.
Moreira, H. Caleffe. L. G. Metodologia da pesquisa para o professor pesquisador. 2. ed. São Paulo: DP&A, 2008.
Rodrigues, William Costa. Metodologia Científica, 2007. Disponível em: <http://unisc.br/portal/upload/com_arquivo/metodologia_cientifica.pdf>. Acesso em: 18/08/2015.
Santos, I. E. Métodos e técnicas da pesquisa científica. 2. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2000.
Santos, R. A. Metodologia científica: a construção do conhecimento. 7. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2007.