As teorias humanistas centram o seu estudo na particularidade de cada ser humano, na complexidade e singularidade de cada pessoa, nos seus motivos e interesses.
O foco desta abordagem não está no ensino em si mesmo, mas na aprendizagem numa perspectiva de desenvolvimento da pessoa humana.
Tratando-se de uma teoria que critica fortemente a teoria behaviorista, tem alguns pontos que convergem com as teorias construtivistas, desde logo o reconhecimento de que a aprendizagem é um processo individual enquanto processo de representação e de reestruturação cognitiva. Carl Rogers tras consigo alguns conceitos Humanista:
Self – visão que a pessoa tem de si própria, baseada em experiências passadas, estimulações presentes e expectativas futuras.
Self Ideal – conjunto de características que o indivíduo mais gostaria de poder possuir como descritivas de si mesmo.
O “self” é uma entidade organizada num constante processo de mutação em busca de melhoras.
A consciência contém a maior parte do que é necessário para compreender a realidade.
Tendência à auto-atualização: tendência para uma maior congruência e um funcionamento mais realista.
Conteúdos
Educação centrada na pessoa
Na aprendizagem, Rogers elabora uma educação centrada na pessoa:
- O facilitador confia na capacidade das pessoas em pensar e aprender por si mesmas.
- O facilitador partilha com os outros membros a responsabilidade pelo processo de aprendizagem.
- O facilitador encoraja os aprendizes a contribuir com diferentes recursos.
- O estudante desenvolve seu próprio programa de aprendizagem.
- O foco primordial está no favorecer um processo contínuo de aprendizagem.
- A aprendizagem é mais profunda e abrangente.
Psicologia Humanista
A educação é um fenômeno por demais complexo para encontrar soluções vindas apenas de uma área do conhecimento.
Ampliação do conceito de ajuda para incluir todas as situações organizadas e estruturadas, com o objetivo expresso de assistir na busca de recuperação ou aperfeiçoamento da pessoa.
Dois tipos de aprendizagem
- Aprendizagem instrumental: aprendizado do fazer, conhecer.
- Aprendizagem interna ou aprendizado de “ser”.
A teoria humanista enfatiza as relações interpessoais, na construção da personalidade do indivíduo, no ensino centrado no aluno, em suas perspectivas de composição e coordenação pessoal da realidade, bem como em sua habilidade de operar como ser integrado. Existe uma apreensão com a vida psicológica e afetiva da pessoa, com a sua direção interna, com o autoconceito, com o crescimento de uma percepção legítima de si mesmo, dirigida para a realidade individual e grupal. Sendo assim, a abordagem centrada na pessoa (ACP) de Carl Rogers, compreende que o ato de aprender é individual, singular e peculiar de cada sujeito, de forma que a vivência subjectiva deve ser considerada, pois o aluno retém somente o que lhe convém, o que acredita ser muito importante e que se relaciona com seu contexto.
Implicações pedagógicas desta teoria
Nesta perspectiva humanista da aprendizagem, e num ambiente de FCT, o tutor e o formando aparecem como os co-responsáveis pela aprendizagem, havendo por parte do primeiro uma preocupação com o desenvolvimento da pessoa humana, centrado a aprendizagem no formando, nas suas preocupações, vontades e sentimentos, e não nos objectivos ou nos conteúdos programáticos. O tutor deve procurar criar uma atmosfera emocional positiva que proporcione ao formando novas experiências, proporcionando processos de aprendizagem por descoberta, autónomos e experiências significativas. Havendo uma responsabilização do formando pelo seu processo de aprendizagem deve incentivar-se a auto-avaliação.
Principais críticas apontadas
Dando importância ao desenvolvimento emocional do indivíduo, acaba por desvalorizar os conteúdos a aprender bem como os seus resultados.
Atender à espontaneidade, interesses e desejo dos formandos pode conduzir a um impasse na aprendizagem, uma vez que metas e objectivos não são centrais para estes teóricos. Por outro lado, a ênfase da individualidade de cada um torna difícil a aplicação das suas teorias no ensino e na formação, tratando-se estes últimos de processos massificados.
Estas teorias foram construídas com base na actividade clínica de Rogers enquanto psicólogo. Importa dizer que a relação clínica é de natureza diferente da relação pedagógica.