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A Penetração Asiática e os Contactos ao Longo da Costa
De acordo com KI-ZERBO (1999:83), Moçambique foi desde sempre um país rico em diversidade cultural. Há centenas de anos, tal como acontece hoje em dia, o território foi palco de intercâmbio entre povos oriundos de várias partes do Mundo com os povos aqui sediados. Dentre os primeiros povos que estabeleceram contactos com povos de Moçambique contam se os árabes e Persas, ou seja, do Golfo Pérsico.
Na visão de HABRAHAMSON & NILSSON (1994:94), os primeiros relatos da penetração árabe em Moçambiquedatam do século IX.
A penetração Árabe-Persa: século IX-XIV
KI-ZERBO (1999.99), sustenta que os Árabes foram os primeiros povos que chegaram a Moçambique no século IX, provenientes do Golfo Pérsico e fixaram se primeiramente na região costeira, concretamente na Ilha de Moçambique e Quelimane e mais tarde, a partir do século XIII, maior número de asiáticos fixaram se em entrepostos comerciais na costa oriental africana, no vale do Zambeze e no planalto de Zimbabwe.
Geógrafos referem que no século X (943 n.e) desenvolveu-se um comércio activo nas terras de Sofala (Zangas).
Al-Masudi, por exemplo, viajante e geógrafo que descreveu sobre o comércio de Sofala.
Por tanto, a actividade mercantil asiática na costa norte de Moçambique teve início por volta do século IX. O ouro produzido no interior e o marfim inicialmente pelos caçadores macuas, foram os primeiros produtos de troca em Moçambique. Em troca, os chefes Moçambicanos recebiam tecidos de soda, louça de vidro e porcelanas.
Moçambique foi desde sempre um país rico em diversidade cultural. Há centenas de anos, tal como acontece hoje em dia, o território foi palco de intercâmbio entre povos oriundos de várias partes do Mundo com os povos aqui sediados. Dentre os primeiros povos que estabeleceram contactos com povos de Moçambique contam se os árabes da Pérsia, ou seja, do Golfo Pérsico.
De acordo com HABRAHAMSON & NILSSON (1994:89), os árabes-persas usufruíram de vários factores depenetração, de ordem técnica, geográfica e económica.
Contudo, não podemos esquecer a força da ideologia. Umadas suas grandes motivações era proclamar e espalhar a suafé, a fé no Islão. Os contactos com os árabes-persas tiveramrepercussões inevitáveis, a nível social, económico eideológico.
Os contactos permanentes entre as populações moçambicanas da costa norte e os mercadores asiáticoscontribuíram para o desenvolvimento e transformações sociopolíticas, económicas, religiosas e culturais.
Consequências da penetração árabe
RODRIGUES (2007:72), descreve as seguintes consequências:
Económicas: foram introduzidos plantas alimentares como o arroz de regadio, o cajueiro, a bananeira, o inhame,os citrinos.
Politicas: emergiram sociedades costeiras com sistemas políticos árabes, é o caso dos reinos Afro islâmicos da costa (o sultanato de Angoxe e os Xecados de Sanga, Quitangonha e Sencul), que tiveram sua origem naactividade comercial.
Etnolinguisticos
Como resultado do intercambio entre os árabes e persas e as comunidades africanas do território de Moçambique ,tera surgido uma cultura costeira –a cultura swahili bem como novos núcleos linguísticos descando-se os seguintes:
- Mwani na costa ( Cabo Delgado)
- Niharra na (Ilha de Moçambique e na costa de Nampula);
- Koti (em Angoche);
- O uso de brincos no nariz, o modo de vestir, nas construções, nos casamentos, enterramento dos mortos.
Culturais
Os casamentos, os contactos comerciais e surgimento de novos hábitos e línguas resultantes da fusão dehábitos e línguas africanas e árabes, resultaram por exemplo, a cultura Swahili na Tanzânia e Quénia.
sob o ponto de vista cultural a dos mercadores asiaticos teve como reflexos a adopção de diversos elementos tais como:
- No vestuario o uso do cofió, do lenço, da capulana e da tunica;
- No calçado a utilização das sandalias/chinelos;
- Na dança a difusão do tufo (dança praticada por mulheres) e de molide/maulide(dança magico religioso praticada essencialmente por homens);
- Na alimentação destaca-se a utilização de diversas condimentos orientais (canela, açafrão, gengibre,pimenta etc.) com especial realce para os”picantes “(vulgo piri-piri).
Religião
A difusão do islamismo no norte de Moçambique permitiu igualmente o surgimento de unidades politicas tais como deixados e sultanatos, dependentes entre si ou ligadas as outras umidades politicas de Moçambique ou das ilhas Comores. O islão deixou como reminiscências a disseminação de mesquitas bem como a praticas da circuncisão (uma das componentes dos ritos de iniciação masculinos)
Sociais
A nível sócio Demografico a miscigenação entre mercadores asiaticos e a população africana deu origem ao surgimento de bolsas de mestiçagem ao longo do litoral ,este de africa e nas ilhas do oceano indico (ilhas Quirimbas, Cabaceiras pequena e cabaceira grande, ilha de Moçambique, Angoche, Somália, Zanzibar, ilhas Comores, ilhas reunião e Madagascar),
Ideológicas: a introdução do islamismo no actual território de Moçambique que até aos nossos dias tem-severificado a expansão desta religião
Os fatores da penetração: geográficos, técnicos, económicos e ideológicos
De um modo sintético, KI-ZERBO (1999:145), diz que os factores da penetração foramquatro, geográficos, técnicos, económicos e tambémideológicos. No entanto, deve-se referir que a actuação árabe-persa preocupou-se fundamentalmente com aactividade comercial e com a manutenção de boas relaçõescom os Estados moçambicanos.
Fatores geográficos ou naturais
A Península Arábica apresenta-se como um territóriomaioritariamente árido e infértil. A maior parte da paisagemna Península Arábica é desértica, o que levou os seushabitantes a procurarem novos territórios, não só habitáveiscomo, fundamentalmente, propícios para a prática deactividades económicas.
A proximidade geográfica de Moçambique também pode serconsiderada urn factor de expansão persa. Moçambiqueapresentou-se como uma boa resposta para o povo persaporque era relativamente perto e alcançável por mar e por terra.
Fatores económicos
HABRAHAMSON & NILSSON (1994),fez-nos perceber que os Árabes, tanto em outros tempos como na actualidade,foram sempre bons comerciantes. Moçambique, no séculoVIII, apresentou-se como um bom mercado tanto para avenda de produtos árabes como para a compra de produtosafricanos.
Fatores ideológicos
Um dos pressupostos de algumas religiões consiste na suaexpansão a fim de cativar e converter mais fiéis. O islãotambém teve uma fase de forte expansão inicial, logo após aascensão de Maomé. Neste sentido, os Árabes expandiram-separa Moçambique também com a motivação dedifundirem o Islão.(idem)
Os contactos ao longo da costa e suas repercussões
Para RODRIGUES (2007:78), desde o século IX, são reconhecidas marcas de uma lenta eprogressiva fixação dos mercadores árabes ao longo daCosta oriental moçambicana motivada essencialmente pelavontade de fazer comércio. Populações oriundas do GolfoPérsico estabeleceram-se principalmente na ilha deMoçambique e em Quelimane, A presença. Árabe emterritório moçambicano não foi inócua. Houve repercussões que numa primeira fase, tiveram uma expressão comercial.
Houve melhorias na arte de navegar, na criação deentrepostos comerciais, na definição dos produtos aproduzir/comercializar, no aparecimento de outros povosprontos para o comércio. De acordo com informações recolhidas dos testemunhos doséculo XII de Al-Idrisi, pode-se esboçar um mapa da Costamarítima moçambicana. Como se pode verificar, cada povoação temo respectivo nome em árabe.
Para SERRA (2000:34), a reconstrução hipotética do mapa da Costa de Moçambique eda Tanzânia, Segundo informações recolhidas por Al-Idrisi.
Os pontos assinalados terão sido locais de contacto ecomércio entre Árabes e habitantes locais.
Repercussões na arte de comercializar e de navegar e aimportância de Sofala
Numa primeira fase, os mercadores árabes desembarcaramem locais mais a forte, como a ilha de Pemba, na actualTanzânia.
HABRAHAMSON & NILSSON (1994:65),presume que relatos da época falam da existência de uma intensaactividade comercial nas terras de Sofala e em toda a África Oriental. O comércio estabelecido entre os Árabes e oshabitantes de Sofala foi favorecido por várias circunstâncias.
Apesar da longa distância percorrida pelos barcos, haviaurna rede de entrepostos comerciais intermédia. E, graças aoaperfeiçoam então de técnicas de navegação trazidas pelosÁrabes, foi possível aproveitarem os ventos que durante o anosopram com muita frequência. Outra grande razão dodesenvolvimento do comércio na região foi a existência deuma gama complexa de formações sociais, representandosociedades autónomas com diferentes tipos e graus deorganização social e político-administrativa. Isto é, os Árabesestavam realmente interessados em negociar e faziam-nocom qualquer chefe dos primeiros Estados moçambicanos.
Os primeiros contactos mercantis em Moçambique: comércio regional e de longa distância (com interior de áfrica, África Oriental e o Médio oriente: árabe e persas)
Repercussões ao nível dos produtos mais procurados
KI-ZERBO (1999:107),diz que o comércio de ouro em Sofala data desde o século IX. Mas,no século XI, com o declínio de ouro, cresceu a procura domarfim em Manica, Quiteve e Sofala. Uma das repercussõesda penetração árabe-persa tem a ver com a mudança deciclos de produção. Esta procura de novos produtos criounovos ciclos de produção. Se num primeiro momento se viviao ciclo do ouro, passou-se depois para o ciclo do marfim.
E importante referir que para HABRAHAMSON & NILSSON (1994:89), além dos produtos aquimencionados, outros eram muito procurados e,consequentemente, muito produzidos. Os instrumentos deferro, de âmbar, de chifres de rinoceronte e de carapaças detartaruga, mas também os cereais, carnes, frutos e vegetaiseram produtos apetecíveis aos Árabes.
Repercussões comerciais: a chegada de mais povos paracomercializar, para além dos Árabes, em meados de séculoXII há fontes que salientam o desenvolvimento do comérciocom os Indonésios. Os produtos comercializados com osIndonésios eram as peles de leopardo, as carapaças detartaruga e alguns escravos.
Interrupções na penetração árabe persa em espaço moçambicano
No século Xli, Mogadíscio (capital da actual Somália) assume-setambém como centro de absorção dos rendimentos docomércio de ouro vindo de Sofala. Esta hegemonia deMogadíscio termina com o surgimento de novos centroscomerciais no Indico: Quiloa,Komores, Wamizi, Querimba, ilha de Moçambique e Sofala.
Como se sabe, o primeiro período da presença árabe emMoçambique foi interrompido pela chegada dosPortugueses, nos finais do século XV. Mas, dois séculos maistarde, ver-se-ia um renascimento desta presença árabe, maisprecisamente em finais do século XVII e princípios do XVI1I.
Na visão de SERRA (2000:43), neste período foram tomadas cidades portuguesas que seencontravam sob domínio português, como, por exemplo,Mombaça.
Aparecimento da etnia swahili
RODRIGUES (2007:71), presume que entre africanos (dos actuais países do Quénia, Tanzânia eMoçambique) e árabes-persas houve, durante vários séculos,trocas comerciais, casamentos, expansão e conversão aoIslão.
Da fusão, ao longo de vários séculos, de culturas e hábitos deafricanos, árabes e persas que cruzavam entre si, nasceu acivilização sualli, que deu origem a um novo tipo étnico.
Mudanças sociais, económicas e de costumesHoje, em algumas partes do nosso país, há sinais quemostram o que herdámos da cultura dos povos árabes. Issoé visível, entre outros, nos usos e costumes, na gastronomia,nas línguas e na indumentária.
Estes sinais estão presentes em diversos agrupamentosLinguísticos como: o e-Koti; o e-Sangaji; o e-Nahara da ilha deMoçambique e regiões da Costa e fronteiras; o e-Makha,desde Pemba ao Mogincual; e o Qui-mwani, o mais próximodo Qul-shawili original, em toda a costa de Cabo Delgado.
Para os povos Ajaua ou Yao. Os Árabes eram consideradoscomo um povo mais dinâmico do ponto de vistasocioeconómico. Os Yao juntaram-se a eles no sentido deelevarem o seu nível de vida. Na sua vida social, porexemplo, os Yao passaram a adoptar o vestuário árabe,nomes muçulmanos, a saudação quotidiana árabe e aconstrução civil e militar de tendência árabe (por exemplo,mesquitas).
Matviev (2010:26) na sua obra “África do século XII ao XV”, onde aborda o desenvolvimento da civilização swahili na costa oriental da África, ele diz que ,a sociedade swahili era formada exterior do continente tais como: persas e indianos provenientes da costa setentrional do mar da arábia e do oceano indico; aborda também assuntos relacionados com aspectos sócio económicos, politico, cultural, assim como o surgimento e a decadência das cidades estados swahili. A comunidade swahili localizava-se na zona costeira da África, delimitação ao norte pelas costas e a Somália e a sul por Moçambique e Madagáscar. As costas africanas do oceano indico são povoadas por uma civilização extremamente rica e complexa, os swahili, conjuntos de grupos étnicos articulados por uma língua e uma serie de elementos culturais que fundem as tradições africanas, o islão, a cultura indiana, entre outras.
Segundo MASAO & MUTORO (1988:863), o termo swahili vem do árabe sabil (no plural sawabil) que significa “costa”.Primeiramente foi empregue para designar a região que se estendia de Mogadíscio a lamu.o kiswahili (língua da costa), desenvoveu-se mais tarde graças a introdução de alguns empréstimos árabes e persas que acompanhou a islamização progressiva dos povos costeiros por volta dos séculos VI a XII.no século XI, o uso dessa língua espalhou-se rumo a sul de acordo com o os deslocamentos dos comerciantes vindos de Somália e do norte de Quénia.
Acrescenta ainda que os contactos comerciais entre África e outras partes do mundo são muito antigos. Por volta do século IV os gregos e os romanos utilizando como intermediários o o Egipto os primeiros povos a começar o comércio com os povos da costa. Alem destes existiram também os fenícios, Habeiesque eram comerciantes da antiguidade, em seguida os Indonésios, Indianos, Persas, Arabes. Segundo eles o conhecimento da história deste comércio é tão antigo é graças aos autores árabes, como ibn khordadbeh (fim do século IX); Al-Massudi (século XII); IBN Batuta (seculoXIV (idem.).
Matviev (2010:511) acrescenta que as sociedades swahili eram formadas no passado por uma população de língua bantu, com a junção dos elementos do interior do continente e do exterior, tais como árabes, persas e indianos provenientes da costa setentrional do mar de arábia e de oceano indico.
Na perspectiva de Sengulane (2007:229), uma das características notáveis da costa oriental da África e sua relativa facilidade de acesso, tanto através do interior como por mar, este favoreceu duas situações: por um lado as migrações populacionais em direcção a franja costeira que complexificaram étnica e culturalmente a região e opor outro lado contactos e interacções com o mundo exterior através do mar.
O acesso por terra da costa oriental da África uma parte integrante do continente africano e o acesso pelo mar transformou-se no centro de uma longa historia de contactos comerciais de influencias culturais e de movimentos de populações originarias das costas do oceano indico (idem).
O grupo conclui que as formas relevantes da história desta área da África, durante os últimos anos foram intercâmbios e a interpenetração, impulsionada pelo comércio, que resultou no surgimento de um povo swahili.
Em Moçambique, por exemplo, vários organismos deinspiração islâmica, tais como: comunidade maometana,comunidade islâmica e liga muçulmana, etc. O facto de nummesmo país coexistirem pacificamente comunidades queprofessam religiões diferentes é sinónimo de tolerância.
Os Árabes quando chegaram ao território moçambicano nãotentaram impor a sua religião. Num primeiro momento,interessava-lhes apenas fazer comércio. A conversão ao Islãofoi espontânea e os islâmicos convivem, mesmo naactualidade, pacificamente com moçambicanos de outroscredos.
Comercio com o atual Moçambique
MASAO & MUTORO (1988:746), acrescentam que graças ao desenvolvimento do comercio muitas cidades atingiram o seu apogeu, no caso da manda que conheceu o seu apogeu antes do século IX. Alem desses grandes cidades que eram mais importantes centos comerciais havia as pequenas que sofriam a influência se ambas as grandes cidades estados (que tem uma filosofia interna que não depende das outras), no caso de ilhas Máfia dependiam de Kilwa; Mtangata e vumba dependiam de Mombaça. As grandes cidades eram voltadas ao comércio maritmo internacional, ao passo que as pequenas viviam de agricultura e pesca. Dai que período do século XIII ao século XVI constituiu certamente a idade do ouro da costa. As referidas cidades foram kilwa, Mombaça, Gedi, zanzibar, manda, Mogadíscio.
De acordo com MATVIEV (2010:515), as cidades do litoral eram centros comerciais para onde afluíam mercadorias indígenas, aportavam navios estrangeiros e também centros de propagação do islão. O comércio era extremamente lucrativo onde os produtos importados eram objectos de luxos e adquiram mais valor do que realmente tinha.
No século XII, as correntes comerciais da África oriental passavam pelo arquipélago de lamu e por Zimbabwe, onde as cavacoes arqueológicas montaram o principal centro comercial era a cidade de manda que iniciou no século IX a X da era crista e continua activa ate o século XII.
Neste período a maior parte passava por kilwa e a riqueza de manda foi garantida pelas descobertas de cerâmicas islamos sassânidas, celadons dhoe e escgrafitos nas encravações de siraf.
Para MASAO & e MUTORO (1988:716) as actividades comerciais regulares com o mundo exterior desenvolveram se a partir do século VII devido ao surgimento de um poderoso império islâmico no oriente médio estimulando o desenvolvimento destas no oceano indico, inclusive na costa oriental da África. o ritmo das migrações e das trocas intensificaram-se nos séculos IX e X,foi nesta época que foram fundadas as cidades de Mogadíscio, Marka, Brava, Mombaça ,Manda no Unguja. As unidas cidades mais importantes ate aos séculos VII a XI foram Manda no arquipélago de Lamu e Kambalu, as outras atingiram o seu apogeu depois do século XI.
Intercâmbios comerciais
MATVIEV (2010:5220), afirma que os primeiros meios de trocas utilizados nas relações comerciais foram principalmente os cauris encontrados em todas as escavações no litoral e no interior, as contas de vindro, a porcelana da china, a moeda metálica fabricado em Kilwa e Mogadíscio e, no século XII surge em Kilwa Moeda de bronze e prata como advento da dinastia. No século XIV Gedi começou a importar produtos de esgrafitos, onde estes foram aos poucos substituídos por cerâmicas verde e azul provenientes do “IRA”. Tinham como centro comercial mais importante Kilwa, onde a cerâmica importada era bastante elevada em relação a islamita.
Comércio regional
Ainda MATVIEV, revela-nos que os produtos exportados eram: o ouro, marfim e os escravos. A outra mercadoria importada para Mombaça e Kilwa eram tecidos de algodão que eram levados para Sofala. Estes c comercio que ligava a costa da África oriental as ilhas aos países da costa setentrional do oceano indica, favoreceu os contactos entre os habitantes dessas regiões tornando-os ricos. As relações comerciais eram a parte de um processo mundial e constituíam um ramo da grande via comercial que ligava o ocidente ao oriente; a África oriental e Madagáscar, onde existia contacto entre o litoral e os territórios auríferos do interior próximos do lago Niassa e, dali vinha o ouro que chegava a kilwa. o comercio foi a base da riqueza das cidades do litoral e do desenvolvimento social e cultural da sociedade Swahili (idem).
De acordo com MASAO & MUTORO (1988:717), O comércio estava dividido em 3 partes: comercio com estrangeiros, entre os assentamentos costeiros e o comércio e o com o interior.
Comercio com estrangeiros – eram feito com os árabes, persas, índios e indonésios, onde exportavam o marfim as escamas de tartaruga, o âmbar-gris, o incenso, as especiarias, os escravos, ouro, ferro e outras, entre os séculos VII a X .Os produtos importados eram as cerâmicas (islâmica e chinesas), os estofos ,as pérolas e o vidro. A maior parte das importações sobretudo em Gedi eram a fiança azul e verde, assim como a porcelana da china amarela e preta, verde celadon, azul e branca.
Comercio entre os assentamentos costeiros: afirmam ainda que as grandes cidades eram mais voltadas para o comércio marítimo estrangeiro que as pequenas que viviam sobretudo da agricultura e da pesca, por isso podem supor que as interacções entre os assentamentos eram frequentes, verificou-se um afluxo de trovas entre Kilwa e outras cidades importantes como manda.
Comercio com interior nessa época os povos costeiros não se aventuravam para fazer o comercio com o interior, mais sim a transmissão dos bens de uma povo para outro graças a trocas sucessivas sem encaminhar caravanas
Masao & MUTORO (1988:719), acrescentam que pouco a cultura as religiões impregnaram-se dos valores trazidos pelos imigrantes dos países islâmicos. O mais marcante resultado desse processo de trocas e de assimilação recíproca foi a emergência da língua e da cultura swahili, síntese dos árabes africanos e dos aspectos orientais.
O kiswahili tornou se a língua veicular dos povos da costa. Nota se outra importância como os rituais praticados na ocasião dos nascimentos, dos casamentos, dos funerais e da investidura dos chefes, a crença nos espíritos e as danças tradicionais
Os primeiros a abraçar o islão eram os ricos comerciantes seguidos pela antiga nobreza e, finalmente por certas camadas populares ou membros da comunidade. A difusão do islão levou a adopção nesta área da África, de traços de civilização aplicáveis ao contexto local como no caso se Mogadíscio e Kilwa
O estado Zimbabwe
Estudos feitos por HABRAHAMSON & NILSSON (1994:56),indicam que o estado do Zimbabwe resulta de migrações ao planalto entre o rio Zambeze e Limpopo, de povos pastoresKaranga, falantes de língua Chona que no século XI povoaram a região. Esses povos eram grandes construtores demuralhas de pedras de que restam hoje centenas de ruínas espalhados pelos territórios por eles ocupados.
Essas fortificações designadas por Zimbabwe, que significa ʽʽ casa de pedra ʼʼ testemunham a existências decomunidades muito organizadas.
Na visão de KI-ZERBO (1999:172), o estado de Zimbabwe, existiu provavelmente aproximadamente entre 1250 e 1450. O nome deste estado deve-seao facto de que na capital e outros centros do poder, a aristocracia rodeava as suas casas de amuralhadas de pedra conhecidas por ʽʽMadzimbabwe casas de pedra que no singular seria ʽʽ Zimbabwe.
Na capital conhecida por grande Zimbabwe, concertava-segrande parte do poder politico e económico.
Havia também uma grande cidade de caniço. Além do grande Zimbabwe, existiam também outros centros regionais igualmente circundados por muros de pedra, como Manyiquene, no actual distrito de Vilankulo, parte nortenha daprovíncia de Inhambane. Situado a 50 km de Vilankulo e a 450 km do Grande Zimbabwe, Manyiquene insere-sepela sua arquitectura, materiais arqueológicas e datações absolutas no período aqui considerado.
Segundo SERRA (2000:28), diz que entre o século XVI e XVII, Manyiquene(primeiro museu arqueológico de Moçambique) fazia parte do territóriode Sadanda o qual segundo a tradição oral fora uma parte do Estado dos Mwenemutapas. Manyiqueneconstituiu-se provavelmente a sede do Estado. Do Zimbabwe e um importante entreposto comercial entre o GrandeZimbabwe e os árabes.
Atividades económicas
Na visão de SERRA (2000:28), o ouro era utilizado para adorno, mais com a chegada dos primeiros comerciantes árabes à costa africana deSofala trazendo consigo tecidos, pérolas e outros produtos prestigiosos, o ouro passou a ter um valor imensuráveldevido a sua entesa procura no século X.
KI-ZERBO (1999), desperta-nos que a base de economia era a agricultura de cereais (mapira, mexoeira);Pastorícia, onde criavam bois, carneiros cabritos;Extraiam o ferro, cobre, estanho e ouro.
Os contactos com os comerciantes Islâmicos nos meados dos séculos XI e XII, trouxe novas técnicas como a produção e fiação do algodão e confissão do vestuário. As vias utilizadas entre o século XI e XV, eram provavelmente o rio Save e a via terrestre que ligava o Porto de Quelimane e Sena e a margem do Zambeze.
Queda ou decadência
A queda do Estado do Grande Zimbabwe deu se no ano 1450 e Manyiquene no ano 1500 quando os árabes passaram a utilizar o Porto de Sofala, como consequência do fragmento do Zimbabwe e da implementação da autoridade política e militar portuguesa em Sofala em 1505 e dois anos depois na Ilha de Moçambique.
A seca do rio Save, o aumento demográfico, a procura de terras vertes e sal;
A luta entre o clã de Rozwi de Mutota e clã Torwa pelo controlo do comércio à longa distância.
Bibliografia
HABRAHAMSON, Hans; NILSSON, Anders, Moçambique em transição, um estudo da História de Desenvolvimento durante o Período 1974-1992, Maputo, Edição, 1994;
KI-ZERBO, Joseph. História da África Negra – I. 3ª Ed. Publicações Europa – América, 1999;
Manual de Historia de Moçambique.Manual de historia de Moçambique.V.I.Maputo,1978.
MASAO.T.Fidel & MUTORO.W.Henry.Historia geral de Africa III.Africa do seculoVII a XI S/d.Brasilia.UNESCO,1988.
MATVIEV.V.Victor .História da África IV:Africa do seculo XII a XV.2 ediçao .Brasilio UNESCO,2010
RODRIGUES, Justino. Manual de história de Moçambique. Maputo, CPEAES, 2007;
SERRA, Carlos. História de Moçambique: Parte I- Primeiras sociedades sedentárias e impacto dos mercadores 200/300-1886-1930.ParteII –agressao imperialista,1886-1930. 2ª Ed., Maputo,V.II, 2000.
SENGULANE ,Hipólito. Das primeiras econômicaas ao nascimento da econômico mundo.Maputo,Universidade Pedagogica,2007.